Há um ano, no dia 9 de agosto de 2019, no final da tarde de uma sexta-feira, Raimundo Santos Cabral, conhecido como “Kim Braum”, atirou na cabeça de seu colega de trabalho, Ricardo Farias Silva, o “Quaresma”, de 24 anos, e, em seguida, o assassino disparou na cabeça de Rafael Torelli Reis, seu patrão. O modus operandi utilizado no caso deixou a população de Marabá de ‘boca aberta’.
Depois de executar os dois, “Kim Braum” andou alguns metros e disparou a arma na própria cabeça, no meio da rua, cometendo suicídio. A chacina ocorreu na Rua Araguaia, esquina com a Avenida Dois Mil, no bairro Novo Horizonte, causando, na época, uma enorme repercussão, em Marabá, no sudeste do Pará.
Pessoas próximas ao atirador afirmaram que ele teria matado os dois por achar que “Quaresma” teria delatado um desfalque no caixa da casa de aposta para Rafael Torelli, fato que teria causado a demissão de “Kim Braum”, porém essa suposta ‘dedurada’ nunca foi comprovada. Na gravação, percebe-se que o suicida estava ‘morrendo de ódio’ de mais gente envolvida no negócio.
Crime premeditado
Depois de se sentir menosprezado pela empresa, Raimundo Cabral teria pedido ajuda ao pai de Rafael, tentando ser readmitido, mas não obteve êxito, então decidiu se vingar de todo mundo. Dias antes do crime, ele adquiriu a arma de fogo, utilizada na matança, e gravou um longo vídeo, explicando os motivos, sob o ponto de vista dele, tentando justificar o ato tresloucado.
Na gravação, “Kim” alega que havia se equivocado ao compartilhar um comprovante de pagamento no valor de 300 reais. Na visão dele, as pessoas envolvidas no negócio manipularam Rafael ao ponto do amigo ter que pagar com a própria vida. Já Quaresma teria ajudado a ‘queimar o filme’ de “Kim” para ocupar o lugar do matador, por isso teria que ser morto.
Sócio ou empregado?
No vídeo deixado pelo suicida, “Kim Braum” afirma que, na inauguração da H10 Poker Club, ficou acertado que ele receberia 25% do lucro, depois Rafael Torelli teria proposto um salário de 3 mil semanal, mesmo após a abertura de mais 7 novas casas de jogos e a chegada de um ‘caminhão’ de dinheiro todos dias. Ele acusou também outros membros da família de expurgá-lo do rentável negócio do ex-patrão.
Se o matador era sócio ou empregado, no início do negócio, apenas os dois eram conhecedores da verdade. Para as famílias de Rafael Reis, “Quaresma” e “Kim Braum” restou apenas a dor, o sofrimento e a perplexidade diante da morte dos envolvidos no lucrativo negócio do H10 Poker Club em Marabá. De acordo com informações da época, o agressor teria deixado um pendrive, orientando a família sobre seus negócios e herança.
Inquérito policial
Passado um ano do trágico episódio, a Redação do Portal Debate Carajás conversou com o delegado Vinícius Cardoso, titular da 21° Seccional Urbana de Polícia Civil, sobre a conclusão do inquérito policial. Ele afirmou que o procedimento investigativo, na ocasião, foi aberto e encerrado, pois o autor do assassinato de Ricardo Silva e Rafael Reis tirou a própria vida.
“Não ficou provada a participação de outras pessoas na elaboração do plano para matar Rafael Torelli e Ricardo Silva. As investigações indicaram que Raimundo Cabral arquitetou e executou o plano macabro sem a ajuda de terceiros”, finalizou Vinícius Cardoso. No imóvel onde funcionava a H10 Poker Club, existe outro tipo de comércio, pois a casa de aposta foi fechada definitivamente pela família do advogado Rafael Torelli Reis.
Texto: Pedro Souza
