Vereador invade UPA e constrange pacientes e funcionários

Direção de UPA registrou formalmente reclamação de funcionários contra vereador de Araguaína. Caso foi enviado ao MP

Um vereador de Araguaína (TO) é acusado por servidores de intimidar funcionários e constranger pacientes da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do município.

Segundo relatos obtidos pela reportagem, Flávio Cabanhas (PTB) esteve na UPA em 28 de junho, abriu portas de consultórios durante atendimento médico e falou alto com funcionários sob justificativa de que é vereador e “entra em qualquer órgão, na hora que quiser”.

Uma das médicas que estava de plantão relatou que Cabanhas invadiu o consultório “com falta de educação e grosseria” e a intimidou enquanto ela atendia um paciente. “Ele exigiu que eu trabalhasse com mais rapidez, ignorando o fato de que trabalhamos com vidas e não com mercadorias”, disse.

Segundo a profissional, “todos os atendimentos daquela manhã estavam sendo prestados em tempo menor que o preconizado para cada classificação e o plantão ocorria muito bem”, até Cabanhas chegar na unidade, “falando alto pelos corredores, atrapalhando os atendimentos, criando discórdia entre os pacientes e denegrindo (sic) a imagem dos profissionais que ali trabalhavam”.

“Uma situação lamentável e inadmissível, praticada por alguém que diz representar o povo”, afirmou a médica.

Uma outra profissional da UPA disse que o vereador entrou na unidade e pediu informações sobre um paciente. Segundo a profissional, ela deu os dados solicitados ao parlamentar, mas, mesmo assim, ele disse que entraria na UPA para “tomar conhecimento dos andamentos dos procedimentos médicos”.

“O vereador, durante a visita, abriu as portas dos consultórios sem permissão e em outros setores, depois voltou aos corredores falando grosseiramente em voz alta, sem respeito às pessoas doentes”, relatou a assistente.

Outro servidor da UPA relatou que viu o vereador “falando alto” com outra profissional e pediu, com educação, para que ele falasse mais baixo em respeito ao ambiente hospitalar. “Chegando no corredor, ele abriu os consultórios procurando os médicos, sendo que havia pacientes em consulta no momento”, afirmou.

Em relatório circunstanciado, a Diretoria da UPA informou que havia seis pacientes na fila para consulta e dois médicos de plantão naquele momento em que o vereador entrou na unidade.

Segundo a gestão da unidade, “durante toda visita, o sr. Cabanhas dispensou as orientações recomendadas, se portando aos colaboradores em voz alta, em tom de ordem, se valendo do argumento de que seria ‘portador da voz do povo’, sugerindo que qualquer um que dificultasse ou impedisse a ‘fiscalização’ estaria passivo de responder legalmente e seria acionada a polícia”.

Providências

Em nota, a Secretaria da Saúde de Araguaína disse que tomou conhecimento sobre o caso e “está tomando as providências legais”.

“O município recebeu os relatórios da diretoria da UPA, que é administrada pelo ISAC (Instituto de Saúde e Cidadania), e encaminhou o caso para à Procuradoria Municipal, que por sua vez já enviou o processo ao Ministério Público para que as providências e medidas jurídicas cabíveis sejam aplicadas”.

A coluna entrou em contato com o Ministério Público de Tocantins, mas não recebeu retorno até a publicação desta matéria.

O outro lado

Em entrevista ao site, Flávio Cabanhas disse que não fez “nada mais que o papel de parlamentar”. “Vou retornar lá novamente quando alguém me ligar pedindo ajuda. Um colega vereador já esteve lá, anteriormente, abriu todos os consultórios e não tinha nenhum médico atendendo. É um descaso”, afirmou.

O vereador informou que foi até a UPA há duas semanas porque um paciente com o pé quebrado ficou mais de 20 horas sem ter o raio-x avaliado por um médico. Ele retornou, na última quarta-feira, para conferir a assistência médica à população, segundo Cabanhas.

“Tinha umas 20 pessoas aguardando do lado de dentro e mais umas 20 do lado de fora”, afirmou o parlamentar. O vereador confessou ter ficado nervoso porque não queriam deixá-lo entrar em razão da visita anterior, mas disse que não fez “barraco” nem foi “ignorante”.

“Falei desse jeito: ‘Tenho prerrogativa que o povo de Araguaína me deu de estar aqui. Não estava lá para me promover. Araguaína me conhece. Nenhum paciente reclamou. Recebi três elogios de três pacientes diferentes”, afirmou. (Portal Debate, com Metrópoles)

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