CANAÃ DOS CARAJÁS (PA) – No dia 5 de junho de 2017, a Vale criou o “Parque Nacional dos Campos Ferruginosos” na cidade de Canaã de Carajás, no sudeste do Pará, com uma área de 79.029 hectares, repleto de cachoeiras, rios, lagoas, cavernas, florestas e savanas.
A área é conhecida como “campos rupestres ferruginosos”, tipo raro de ecossistema associado aos afloramentos rochosos ricos em ferro. Em contato com a Redação do Portal Debate, os pequenos mineradores acusaram a Vale de utilizar a tramoia ambiental para tentar justificar os constantes ataques aos pequenos mineradores de Canaã dos Carajás.
O suposto parque fica colado à Floresta Nacional (Flona) de Carajás, Unidade de Conservação já estabelecida, desde 1998, que reúne cachoeiras, trilhas, cavernas, área de camping, lagoas e canoagem nos rios. O Parque Nacional dos Campos Ferruginosos, conforme a Vale, já nasceu com potencial de 200 mil visitantes que costumam frequentar a área de uso público da Flona. Para os mineradores, essa é uma desculpa deslavada da multinacional.
“Se os pequenos mineradores não podem retirar o cobre da área, por ela pertencer a um suposto Parque Nacional, a Vale também não pode cavar um buraco lá”, relatou um minerador que pediu reserva do nome. Como a área em questão não pertence a nenhuma reserva indígena nem a um parque florestal, segundo os garimpeiros, o suposto “Parque Nacional dos Campos Ferruginosos” seria uma espécie de mutreta ambiental utilizada pela Vale para atacar os moradores da região.
De acordo com os denunciantes, a Vale deixa sempre três hotéis disponíveis, em Parauapebas, para hospedar os integrantes de órgãos de fiscalização que recebem volumosas diárias da empresa para arrebentar com a vida dos pequenos mineradores em nome da preservação de um suposto patrimônio natural que não pertence a Vale. A área de lavra dos garimpeiros fica localizada em uma região de assentamento a cerca de 2,5 km do suposto “Parque Nacional dos Campos Ferruginosos”.
Mesmo assim, eles são vítimas de constantes fiscalizações truculentas realizadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Guarda Patrimonial da Vale e a Polícia Federal (PF). Pelo “andar da carruagem”, o tão propagado caráter social da mineração anda longe de chegar aos pequenos mineradores em Canaã de Carajás. (Portal Debate)
