JOÃO SALAME (DF) — O jornalista João Salame, por meio do site Opinião em Pauta, traz aos leitores uma análise aprofundada das mais recentes movimentações políticas no estado do Pará.
João Salame proporciona uma visão abrangente e esclarecedora sobre o cenário político paraense, mantendo os leitores informados sobre as notícias relevantes no estado.
Confira, a seguir, os destaques da política nesta quarta-feira (13/9):
INCÊNDIOS
Nos últimos meses dois incêndios em prédios públicos perturbaram o dia-a-dia do povo santareno. Há cerca de 3 meses o fogo consumiu cerca de 15 mil carteiras escolares num depósito da secretaria de educação. Na última terça-feira foi a vez do Hospital Municipal Alberto Tolentino que, inclusive, foi interditado pela Justiça, e recebeu a visita nesta quarta-feira do governador Helder Barbalho, para avaliar o estrago.
MALDADE
Na ante-sala de um ano eleitoral, a oposição não perdoa. O vereador JK do Povão (PSDB) está preparando uma Ação Popular para ingressar contra o prefeito exigindo o pagamento dos danos. Ele se escuda no fato da própria Justiça ter, antes do incêndio, alertado para a situação precária da rede elétrica do Hospital. Maldade suprema, a oposição está chamando o prefeito Nélio de Nero Aguiar. O prefeito tem a coluna à sua disposição para qualquer manifestação.
ENCONTRO
Senador Jader Barbalho (MDB) recebeu nesta última terça-feira, em Belém, os ex-prefeitos de Itupiranga José Milesi e Joana Milesi. O marido foi prefeito de 1983 a 1988 e de 2017 a 2020. Ela foi a gestora do município de 1993 a 1996. Historicamente filiados ao MDB, receberam do senador o pedido para que continuem na legenda e a fortaleçam visando as eleições do ano que vem. Não é descartado, inclusive o lançamento da candidatura de Joana para disputar a sucessão municipal enfrentando as candidaturas do prefeito Benjamin Tasca e de Heider Gomes.
SALÁRIOS
Vereador Negão da Leolar (União Brasil), que faz oposição ao prefeito Benjamin Tasca, denunciou que a gestão está atrasando salários dos servidores do Departamento Municipal de Trânsito. A prefeitura contesta. O secretário de Obras Paulo Barros garante que os salários estão em dia e que apenas um pequeno problema ocorreu com os agentes de trânsito, por conta de um pagamento do auxílio farda, o que gerou um atraso de 5 dias. Segundo ele, o caso já foi resolvido.
EQUILÍBRIO
Paulo Barros afirma que, apesar da crise financeira que atinge as prefeituras de todo o País, a de Itupiranga está com suas contas equilibradas. Além dos salários em dia, os fornecedores vêm mantendo permanente diálogo com a gestão, parcelando recebimentos e mantendo o crédito para as compras do município. É também uma das poucas prefeituras que não está inadimplente no Cadastro Único de Convênios, o que significaria estar impossibilitada de celebrar convênios com a União. Em janeiro, segundo a Confederação Nacional dos Municípios, 90% das prefeituras brasileiras estavam no Cauc.
BELÉM
A coluna Coisas da Política dá crédito a todas as pesquisas de institutos que militam nessa área. Ultimamente, apenas o Instituto Doxa tem publicado levantamentos sobre Belém. No entanto, existem pesquisas internas dos partidos que nem sempre são publicadas. A coluna teve acesso a uma delas, realizada em agosto, com um cenário um pouco diferente. Nela, o prefeito Edmilson Rodrigues (PSol) continua em primeiro lugar, com a secretária Úrsula Vidal em seu calcanhar. Éder Mauro, Priante, Eguchi e Zeca Pirão, pela ordem, estão no pelotão a seguir.
HERANÇA
Desde que assumiu o mandato, em janeiro de 2021, o governo do prefeito Edmilson Rodrigues (PSol) já iniciou a reforma e revitalização de 89 unidades de ensino que estavam praticamente abandonadas, das quais 55 já foram entregues em condições de conforto, segurança e espaço adequado. A meta é concluir os serviços em todas essas unidades até o final da atual gestão, dentro da concepção que sempre foi defendida por Ed, ao longo de sua vida, que educação deve sempre merecer uma atenção especial.
RETOMADA
Aliás, a secretaria municipal de saúde de Belém informa que o atendimento nas Unidades de Pronto Atendimento (Upas) da Marambaia, Jurunas e Terra Firme foram retomados desde a última terça-feira. A Semas garante que os repasses financeiros para as Organizações Sociais (OS), responsáveis pelo gerenciamento das Upas, já foi efetuado e frisa a importância da retomada à rotina de atendimento para a população.
COMPENSAÇÃO
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, anunciou na última terça-feira, que o governo vai antecipar 10 bilhões de reais para compensar estados e municípios com perdas do ICMS. A antecipação ainda precisa ser aprovada em um projeto de lei no Congresso. Essa quantia seria transferida em 2024, mas devido à crise o governo quer fazer o pagamento já em 2023. Como o ICMS é um imposto estadual, 7,5 bilhões de reais serão para os estados e 2,5 bilhões de reais para os municípios. Ao todo serão transferidos 27 bilhões de reais até 2026.
CAUSA
A queda na arrecadação do ICMS é motivada pela decisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, que, no ano passado, sancionou uma lei que classificou como essenciais itens como diesel, gasolina, energia elétrica, comunicações e transporte coletivo. Com isso foi fixado um teto para cobrança de ICMS sobre esses produtos e serviços. O objetivo foi reduzir os preços, especialmente dos combustíveis, em ano eleitoral. Como foram obrigados a reduzir as alíquotas, os estados registraram perdas de receitas. Daí a queda na arrecadação. Que atinge também os municípios, que recebem uma importante fatia do ICMS arrecadado.
MINERAÇÃO
Empresas chinesas, gigantes na área de mineração, estão prospectando investimentos no Estado do Pará. Algumas poderosas, estão topando fazer parcerias para explorar minas nas quais seus proprietários tenham dificuldade de viabilizar a extração. O advogado paraense Alberto Moraes representa os interesses de uma delas e está estabelecendo contatos para viabilizar negócios, sobretudo na região sul do Pará.
CHORO
Prefeito Tião Miranda (PSD) acusando o golpe da queda de arrecadação dos municípios. A interlocutores tem dito que a diminuição de receita afeta a capacidade de investimento da Prefeitura de Marabá. O seu projeto de construir uma nova ponte sobre o rio Tocantins, de alto custo, tensionou ainda mais os cofres públicos diante desse quadro. Os royaltes, ICMS e FPM tem acusado baixas significativas, ao passo que o funcionalismo não dá trégua na reivindicação por melhorias salariais. Uma equação que tem tirado o seu sono.
CONSEQUÊNCIA
Como em eleições anteriores, Tião Miranda pode repetir o roteiro de um filme já conhecido. Se o cenário não mudar, na reta final do seu governo vai procurar fechar as contas e brecar quaisquer pressões por gastos excessivos em período eleitoral. Nada de colocar a máquina em campanha. No máximo vai usar seu prestígio para pedir votos para seu candidato à sucessão, provavelmente o seu vice, Luciano Dias, que já enfrenta as dificuldades naturais de ser um técnico que vai enfrentar as urnas pela primeira vez. Um baita desafio.
OPOSIÇÃO
Grandes municípios não conseguem tocar grandes obras sem financiamento. É o caso de Belém, Ananindeua, além do próprio Governo do Estado. Marabá não é diferente. O município teve crescimento desordenado nas últimas décadas, sobretudo após a explosão humana verificada com a construção da rodovia Transamazônica e a implantação do garimpo de Serra Pelada. Ocupações urbanas explodiram na cidade, gerando demandas por saneamento, pavimentação, mobilidade urbana, escolas e unidades de saúde. Mas a oposição se aproveita do momento de crise para criticar esses empréstimos.
EMPRÉSTIMOS
A oposição critica um empréstimo de 70 milhões de reais feito por Tião Miranda para construir uma ponte sobre o rio Itacaiúnas, fundamental para melhorar o trânsito da cidade, e outro de 40 milhões de reais que está no forno para investimento em infraestrutura. Até mesmo uma operação com juros favoráveis e prazo de pagamento em 360 meses, de 52 milhões de reais, feito na administração João Salame, para pavimentação de ruas, que melhorou em muito os bairros da cidade, está sendo criticada. Empréstimos que só são liberados, evidentemente, porque o município tem capacidade de pagamento. A política é para quem tem estômago!
VALE
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada pela Câmara Municipal de Marabá para apurar a atuação da Companhia Vale no município terá seus trabalhos finalizados no próximo dia 18. Mas já se sabe que uma das conclusões é que a Vale teria sonegado cerca de 400 milhões de reais em impostos, num período de dez anos, em virtude da exploração do ouro que sai agregado ao cobre no projeto da Mina do Salobo. Os vereadores farão uma reunião com o prefeito Tião Miranda e executivos da empresa para debater uma solução para esse tema. A CPI é presidida pelo vereador Ilker Moraes (Podemos) e tem como relator o vereador Marcelo Alves (PT).
ENROLAÇÃO
Mercado Livre se tornou um gigante em vendas no Brasil. Com preços mais acessíveis, cresceu, adquiriu aeronaves para transportar seus produtos e conquistou boa parte dos consumidores que compram pela internet. No entanto, quando algum problema ocorre, o consumidor sofre para tentar falar com algum representante da instituição. O único call center disponível demora e não atende. Ao final, o consumidor não consegue sequer deixar recado para relatar seu caso. Um alerta para todos.
FRASE
Ho Chi Minh (revolucionário vietnamita): “Lembre-se que a tempestade é uma boa oportunidade para o pinheiro e o cipreste mostrar sua força e sua estabilidade”.
