O Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Pará (Sintepp), Subsede Marabá, publicou uma matéria, durante a tarde de ontem (15), intitulada “As peripécias da Semed e do Departamento de Ensino perdidos no meio da pandemia”, tecendo duras críticas à Secretaria Municipal de Educação (Semed) e ao Conselho Municipal de Educação (CME), acusando os dois órgãos de viverem em um ‘mundo fantástico’ com políticas educacionais ‘utópicas’, ‘sonhadoras’ e ‘impraticáveis’.
A postagem caracterizou como ‘um monstro’ as atividades remotas que estão sendo trabalhadas pelos professores em home office durante a pandemia provocada pela Covid-19. De acordo com o Sintepp, a preparação das aulas remotas, proposta pela Semed, é cansativa e estafante para o docente e que elas não serão aplicadas, após o retorno das aulas por falta de tempo, espaço e pessoal.
A coordenação da entidade sindical rotulou o CME de “mosca morta”, porque não consegue propor nada para resolver o problema das aulas não presenciais. “A Secretaria Estadual de Educação (Seduc) e todos os outros municípios do Pará não estão realizando essa aula remota. Apenas Marabá criou essa tarefa que ninguém entende. Durante a alimentação do sistema, com as atividades pedagógicas, ele trava e não funciona”, afirmou Joyce Rebelo, coordenadora do Sintepp.
Os membros do Sintepp acusam a Semed de delegar para os professores a tarefa, segundo eles, que seria da Secretaria de Educação. Além da Secretaria ter que reproduzir milhões de cópias para distribuir para os alunos, o Sindicato afirmou que as atividades planejadas pelos professores tornaram-se uma perca de tempo total porque estão fora da realidade das escolas públicas de Marabá.
Joyce Rebelo comentou que a Recomendação Ministerial Nº 034/2020-MP/6ªPJMAb, emanada pelo Ministério Público Estadual (MPE), não disse que a Semed deveria criar essa aula remota tão complexa. “Faltou a gestão da Secretaria dialogar com o MP e entender qual o trabalho que o órgão fiscalizador recomenda. Está tudo muito obscuro e complicado”, protestou Joyce.
‘Ficha da discórdia’
A Coordenação do Sintepp reclama do preenchimento de uma ficha que sobrecarrega ainda mais o trabalho do professor. A entidade sindical acusa o CME de omissão diante do excesso de trabalho ‘jogado nas costas’ do professor, pois o preenchimento da ‘ficha da discórdia’ seria atribuição da Semed, não do docente e o Conselho não consegue dialogar com a Secretaria de Educação e definir tarefas possíveis de serem executadas.
O que dizem os professores
O Portal Debate Carajás conversou com vários educadores a respeito da preparação das aulas não presenciais, pois conforme planejamento da Semed, elas terão que ser aplicadas no chamado ‘contra turno’ e corrigida no ‘turno de trabalho’ do docente, porém eles entendem que é humanamente impossível o educador ministrar aulas para 35 ou 45 alunos, por sala, em média, e ainda corrigir as tarefas não presenciais feitas em casa pelos estudantes.
Por volta de 80% dos professores afirmaram que estão trabalhando muito além da carga horária, em casa, e por esse motivo não terão nenhuma obrigação de acumular as funções durante seu turno de aula presencial. Além disso, devido ao acúmulo de trabalho, o aluno seria bastante prejudicado em relação à qualidade da aprendizagem e sobrecarga de tarefas.
Estudantes
A Medida Provisória (MP) 934/2020, publicada no Diário Oficial da União (DOU), no dia 1/4/2020 e o Parecer do Conselho Nacional de Educação (CNE), aprovado no dia 28/4/2020, apenas recomendam e legalizam o uso de aulas ‘não presenciais’ como carga horária, não existe imposição.
Com todas as Data Venia possíveis, terminar o ano letivo, em Marabá, no mês de dezembro, é prejudicar sobremaneira o aluno e ‘matar de trabalhar’ os coitados dos professores e coordenadores. Essa pandemia mudou tudo. Não tem como retornar as aulas de onde se paralisou.
O mais inteligente e pedagógico seria completar o calendário letivo, com 200 horas, a partir do retorno das aulas presenciais, entremeadas com atividades não presenciais, planejadas, exequíveis e de comum acordo entre servidores, pais, alunos e a Secretaria de Educação, pois a comunidade escolar ainda não foi chamada para fazer parte desse planejamento de retorno das aulas em Marabá.
O final do calendário letivo, ficaria para o meio de 2021. Segundo o ditado popular, a execução dessa quantidade de tarefas não presenciais “Precisa ser combinada com os russos, ou seja, pais e alunos”. Esse tema é bastante complexo e barulhento porque alguns ‘aproveitadores’ e ‘sem noção’ estão passando a rotular os professores de preguiçosos nas redes sociais, uma mentira oportunista que está longe da realidade de uma sala de aula.
Ano letivo cancelado
A cidade de Nova York, todas as escolas do Paraguai, todas as unidades de ensino do estado da Califórnia (USA), entre outros, cancelaram o ano letivo. A China não cancelou, porém, através do Ministério da Educação, lançou uma plataforma nacional, em nuvem, para transmitir aulas para alunos do ensino médio e fundamental. Os estudantes têm acesso a mais de 160 lições em 12 disciplinas diferentes, facilitando a vida de alunos e professores.
Coordenadores, Semed e CME
De acordo com Joyce Rebelo, os coordenadores estão sobrecarregados, cansados e sem estrutura para trabalhar devido a quantidade de atividades. O Diretor de Ensino da Semed, Prof. Fábio Rogério, não atendeu as ligações nem visualizou as mensagens. A Profª Lúcia, presidente do Conselho Municipal de Educação, não atendeu as ligações, visualizou as mensagens, entretanto não respondeu as indagações enviadas pela Redação, mas assim que resolverem se pronunciar, o espaço estará aberto.
Pedro Souza
