O período chuvoso trouxe consigo um visitante indesejado para o interior das residências, no Bairro Novo Horizonte, em Marabá. As casas foram invadidas pelo pernilongo, popularmente conhecido como “carapanã” ou “muriçoca”, trazendo desconforto, coceiras e alergias, na região central de uma das áreas mais nobres da cidade.
De acordo com os moradores, ocorreu algum descontrole ambiental ou o Culex quinquefasciatus resolveu aparecer na área, porque a presença desse tipo de pernilongo ocorria, mas em uma intensidade e duração muito pequenas.
As picadas, que causam coceiras, o zumbido do inseto nos ouvidos, à noite, estão entre as principais reclamações sobre a “muriçoca”. A bióloga, Sirlei Antunes Morais, especialista em Entomologia, Mestre e Doutora em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP), disse que não existem pesquisas concretas para determinar se os animais têm algum tipo de preferência – com base em sexo, idade ou tipo sanguíneo – na hora de picar humanos.
“O carapanã é um tipo de pernilongo oportunista. Ele faz uma espécie de investida antes de picar a pessoa. O que favorece é a pessoa estar em repouso para que ele tenha sucesso na sua alimentação”, afirma a Sirlei Morais.
O aumento desordenado da população de pernilongos está relacionado ao desequilíbrio ambiental. A população de mosquitos cresce de modo exclusivista, pois não há predadores. E as condições para a sua procriação são favorecidas pela abundância da fonte de sangue para as fêmeas em comunidades onde há aglomeração de pessoas e condições ambientais precárias. Assim, a situação pode ser atenuada com ações na fonte deste problema.
Repelentes funcionam?
Os repelentes tópicos possuem substâncias voláteis cuja ação é repelir os mosquitos. Os insetos em geral têm sensores para diversos compostos, tanto para os sintéticos como o DEET, piretrinas e IR3535 usados em repelentes comerciais, como para os terpenos e benzenos produzidos pelas plantas para a sua própria defesa.
Desta forma, as alternativas naturais funcionam, porque encontram receptividade natural nos sensores dos mosquitos. No Brasil, não há muitos estudos com substâncias naturais para uso comercial, pois envolve uma série de pesquisas e áreas científicas diversas sobre como isso vai funcionar em contato com a pele.
Horas do ataque
O carapanã é um mosquito doméstico tropical. O Culex é crepuscular e noturno. O pernilongo tem a visão adaptada para a refletividade desses horários, mas, no Bairro Novo Horizonte, a muriçoca anda atacando as pessoas 24 horas por dia. O mosquito tem olhos do tipo composto. São centenas deles em um só de cada lado da cabeça. Assim, quanto menos refletividade melhor para o seu direcionamento até o alvo.

Seis maneiras infalíveis de acabar com o carapanã
1. Invista nas plantas e flores
Além de deixarem sua casa mais cheirosa, algumas plantas afugentam os insetos por conta de seu aroma. Invista em hortelã-verde, alecrim, gerânio e malmequeres. Inclusive, a última contém piretro, um composto natural usado na maioria dos repelentes de insetos.
2. Vinagre
Um pote de vidro com vinagre de maçã e gotas de detergente atraem os mosquitos e ao entrar, eles se afogam na mistura. Borrifar vinagre nas frutas não prejudica o sabor, mas a acidez e o cheiro forte afugenta-os.

3. Velas de citronela
As velas liberam um aroma que incomoda os mosquitos e os afasta, mas atente-se, a medida é um complemento ao ambiente, ou seja, não fique preso somente a vela para afastá-los, já que elas funcionam melhor em ambientes fechados por atingir um raio pequeno de distância. Há diversas versões, procure a que mais se encaixa com a sua decoração.
4. Limão com cravo da índia
Cortar um limão e espetar os cravos da índia nas duas metades ajuda a espantar os mosquitos e pernilongos. Coloque ao lado da cama e na cozinha.
5. Ventilador de chão
Posicione um ventilador bonito e silencioso em uma das extremidades da sua mesa de jantar para soprar os insetos para longe, na hora de comer principalmente. Mas, atente-se: em dias de muito calor não desligue de manhã e a noite, principalmente.
6. Mantenha a casa limpa
Além dessas técnicas e receitinhas, o importante é sempre manter a casa limpa, especialmente a cozinha e o banheiro. Para complementar essa limpeza, certifique-se de manter os ralos desentupidos e, se não estiverem em uso, fechados. Água parada e galões e caixas da água abertos devem ter sua atenção também.

Alguns moradores do Bairro Novo Horizonte fizeram contato com o Portal Debate Carajás, reclamando do preço do repelente aerosol. “Custa os olhos da cara”, disseram as vítimas do carapanã. Eles sugeriram que a Prefeitura de Marabá (PMM) fizesse um trabalho para acabar com a praga através do uso constante do “carro fumacê”. Com a palavra, a Secretaria de Saúde de Marabá. (Pedro Souza, Casa e Jardim e CNN Brasil)