“Errou grotescamente”: indicação ao STF irrita evangélicos e bolsonaristas

Samuel Figueira /Flickr/TRF1

Horas depois de anunciar em uma live que indicaria o desembargador Kassio Nunes Marques para a vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF), o nome do desembargador já foi enviado para apreciação do Senado Federal. Agora, caberá à casa legislativa definir como se dará o processo de sabatina do candidato a sucessor do ministro Celso de Mello, cuja aposentadoria foi confirmada, também no Diário Oficial, a partir do dia 13 de outubro.

No círculo de apoiadores e ex-apoiadores bolsonaristas, o nome foi visto com ressalvas e mesmo críticas. A expectativa de que o nome indicado atendesse a critérios como “conservadorismo”e “valores cristãos” não parece ter sido satisfeita com o nome de Kassio, na visão de deputados e influenciadores da direita.

O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, foi às redes sociais na noite desta quinta-feira para se manifestar ao nome indicado por Bolsonaro à vaga. “Simples assim, se o PR @jairbolsonaro não indicar alguém ao STF comprometido com o combate à corrupção ou com a execução da condenação criminal em segunda instância, todos já saberão a sua verdadeira natureza (muitos já sabem)”, escreveu o ministro, sem no entanto indicar sua opinião sobre Kassio Marques.

Moro, que era cotado como um dos favoritos à vaga até sua saída ruidosa do governo em abril, acabou apagando a mensagem horas depois.

Em um vídeo publicado na tarde de ontem, o pastor Silas Malafaia reagiu com veemência ao nome de Kassio Nunes Marques ao STF. “O presidente não teria necessidade de colocar um ‘terrivelmente evangélico'”, reconheceu o pastor da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, “mas um ‘terrivelmente de direita’, sim”.

O líder evangélico disse que a indicação atende “o Centrão, o PT, a Esquerda, corruptos, quem é contra a Lava Jato”– e o senador Ciro Nogueira (PP-PI), citado nominalmente por Malafaia.

Por fim, Malafaia definiu-se como “indignado pelo grave erro” cometido pelo presidente na nomeação do juiz, que chegou ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) por indicação da então presidente Dilma Rousseff. O pastor fluminense ressaltou a importância de Bolsonaro promover uma escolha como a norte-americana – onde, na última sexta-feira (25), Donald Trump escolheu a juíza ultraconservadora Amy Coney Barrett para a vaga da ministra Ruth Bader Ginsburg, morta há duas semanas.

A indignação de Malafaia ficou clara no Twitter: após subir o vídeo com as críticas, Malafaia repetiu a mensagem 11 vezes em nove horas.

O deputado Paulo Eduardo Martins (PSC-PR), que já havia criticado a escolha quando esta ainda não passava de rumor, voltou à carga novamente. Segundo o parlamentar, Bolsonaro “errou grotescamente” na direção do navio.

“Confirmada essa indicação para o STF, significa que a oportunidade histórica passou”, escreveu o parlamentar paranaense, em outra mensagem. “Resta apenas o “choque de gestão’.”

Outros nomes conhecidos na base de apoio Bolsonarista também apontaram desgosto com a indicação de Kassio Nunes Marques. O empresário Winston Ling, conhecido por ser um dos mais antigos apoiadores bolsonaristas, disse esperar que o presidente reveja sua indicação. “O presidente é famoso por mudar de ideia… não perco as esperanças. Precisamos fazer pressão”, escreveu em seu Twitter.

Movimento Vem pra Rua acusou Bolsonaro de ser “petista”, uma vez que haveria nomes ligados ao partido no Ministério da Justiça, na Procuradoria-Geral da República e agora no STF. A entidade organizou parte das manifestações que culminaram no impeachment de Dilma Rousseff em 2016, e manteve uma agenda pró-bolsonarismo até a saída de Sergio Moro do governo.

Fonte: Congresso em Foco

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