PARAUAPEBAS (PA) – No dia 16 de maio de 2023, o prefeito Darci Lermen (MDB) foi notificado pela Justiça para cumprir a decisão judicial decorrente de uma Ação Civil Pública, onde o juiz Lauro Fontes Júnior determinou a imediata demissão de todos os funcionários contratados ao “arrepio da lei”, na cidade de Parauapebas, no sudeste do Pará.
Como já é de conhecimento público, no final do ano de 2022, o Prefeito foi afastado por causa dessas contratações irregulares. No entanto, sabe-se lá como, o político conseguiu uma liminar no Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJPA), em Belém, e voltou ao cargo com pouco mais de 30 dias de afastamento de suas funções como gestor de Parauapebas.
Para o espanto da oposição, Darci Lermen continuou descumprindo a ordem judicial, mantendo a folha de pagamento da Prefeitura Municipal de Parauapebas (PMP), “inchada” com funcionários que, às vezes, nem tinham espaço físico para trabalhar durante o horário de expediente.
Rola nos corredores do Palácio dos Ventos, que todos na Capital do Minério sabem que essas contratações foram feitas na campanha de reeleição de Darci, em 2020 e, na eleição para deputado, em 2022, a folha que já era um considerada um “elefante”, virou uma “baleia cachalote”.
“A conta chegou”
A ordem de demissão em massa não pegou a gestão de surpresa, apesar do Prefeito fingir muito bem que estava estupefato, a tristeza mesmo ficou para os servidores que acreditaram ter ganhado uma sobrevida até ao mês de dezembro de 2023, tanto que muitos foram trabalhar “voluntariamente” no “maior churrasco do mundo” ofertado por Darci a seus asseclas e simpatizantes, mas a bomba explodiu e atingiu em cheio justamente o lado mais fraco da política conhecida como “pão e circo” em Parauapebas.
Para o prefeito Darci Lermen, essa sentença judicial foi bastante conveniente. Um assessor do gestor da Capital do Minério me confidenciou que ele comemorou, pois a prefeitura não conseguiria honrar com a folha de pagamento a partir de julho de 2023. Portanto, essa decisão judicial veio a calhar, e o Prefeito Darci soube manobrar muito bem os corredores do poder, fez-se de vítima e colocou a culpa no Poder Judiciário. De de certa forma, ele conseguiu se livrar do peso das demissões.
Numa “jogada de mestre”, Darci Lermen ainda conseguiu retardar algumas demissões para acalmar um pouco os vereadores da chamada base do governo. Como? A “raposa velha” causou uma crise na já combalida Secretaria de Saúde (Semsa) com a demissão de pessoas em setores estratégicos da pasta. O caos no atendimento ao público gerou uma grande descontentamento na população carente.
Como resultado, o quadro caótico fez com que o Poder Judiciário chamasse uma audiência e autorizasse o cancelamento das demissões na Secretaria de Saúde e Secretaria de Educação (Semed). Essa decisão deu mais espaço de manobra ao prefeito “perdido”, pois ele conseguiu segurar os apaniguados de seu interesse. Em outra manobra na Secretaria de Educação, Darci nomeou como assessor os “peixes” demitidos. Existem denúncias de que a Semed ainda contratou “gente nova” nas barbas da Justiça.
Administração acéfala
Essa “carrada” de demissões não é nada perto da gravidade dos problemas enfrentados pela gestão Darci Lermen. A cidade de Parauapebas está imersa em um caos generalizado na administração pública. Se a reeleição do Darci deixou uma enorme dívida para a população pagá-la, a conta triplicou na eleição dos dois deputados Keniston Braga (MDB) e Ivanaldo Braz (PDT).
Existem indícios, nos corredores do poder na Capital do Minério, da existência de um rombo milionário nas contas públicas. Pelo que se comenta nos bastidores, só a Secretaria de Educação estaria devendo a bagatela de mais de 40 milhões de reais. “Pero que si pero que no”, alguns fornecedores estão reclamando de mais de 6 meses sem receber pelos serviços prestados. O problema tem se refletido principalmente no fornecimento da merenda escolar e no transporte escolar em uma das cidades mais rica do Brasil.
“Troca dos bois para não perder o pasto”
Ao mesmo tempo que Darci é inapto para a gestão de Parauapebas, ele é “macaco velho” ou como diria vovó, é “cobra criada” no quesito de fazer manobra política. O Prefeito “perdido” aproveitou a crise na Secretaria de Saúde para desviar a atenção da Justiça e dos opositores e demitiu o secretário Gilberto Laranjeiras. De imediato, para gerenciar a Semsa, ele inventou uma tal “comissão de intervenção” com velhos nomes carimbados no mundo da maracutaia com dinheiro público.
Um dos nomes que pleiteia ser “ungido” como o novo gestor da pasta é o ex-secretário de Saúde na segunda gestão de Darci Lermen, o conhecido Alex Pamplona Ohana. Segundo consta nos anais da imprensa local e nas avaliações da população, na época em que ele foi secretário, a gestão Alex Pamplona foi vista como um dos períodos mais nefasto da saúde de Parauapebas, chegando a se assemelhar com a bagunça e inoperância que se vê agora na Capital do Minério.
Educação
A próxima vítima que está na “lista da morte” de Darci para ser “guilhotinado” é o secretário de Educação Prof. José Leal Nunes. O político “entrou mudo e vai sair calado” do governo, pois sua única função na pasta foi a de obedecer cegamente a vereadora Eliene Soares (MDB) e tem se demonstrado com inaptidão para gerenciar a maior secretaria de governo de Parauapebas. O secretário pode se considerar um rapaz de sorte, pois, a julgar pelas lambanças da Secretaria de Educação, é um milagre ele ainda não ter caído na “malha da Justiça, mas, para muitos, isso não vai demorar.
Segundo fontes da própria Semed, a vereadora Eliene Soares, no início do ano de 2023, teria tentado emplacar sua ajudante de ordens e assessora de Gabinete da própria Semed, Lisane Gomes, mas o prefeito não aceitou por achar a moça sem competência técnica e política para ocupar o cargo. Agora, no momento de fragilidade de Darci, parece que a vereadora vai vencer a “queda de braço, contra o combalido gestor do idealizador “maior churrasco do mundo”.
A mudança na Semed já começou no mês de abril de 2023, pois, inesperadamente, o Prefeito exonerou o diretor Administrativo Roberto Simões (cunhado do deputado federal Keniston Braga). Uns falam que, com essa exoneração, o Darci quis apenas “cortar as asas” do deputado Keniston. Já outros comentam que ele apenas cedeu à pressão da vereadora Eliene Soares que impôs seu pupilo Enes Ayres. O fato é que no início, gerou um mal estar e ruído no grupo político de Keniston, mas logo, todos se calaram misteriosamente como em um passe de mágica.
“Mudanças para tudo continuar igual”
Qualquer mudança que o Prefeito Darci fizer, nesse momento, não surtirá nenhum efeito prático. Será como “trocar 6 por meia dúzia” e servirá apenas para fazer cena e o prefeito demonstrar que está à frente de uma gestão que ele já perdeu o comando há muito tempo.
Na verdade, Darci Lermen perdeu as rédeas da gestão desde o seu terceiro mandato quando entregou todas as secretarias de governo nas mãos dos vereadores. Para se perpetuar no poder, Darci aceitou implantar um modelo de gestão pernicioso e de grande prejuízo para a população de Parauapebas.
É comum no meio político, o prefeito, visando a governar com a maioria na Câmara Municipal, abrir espaços políticos para alguns vereadores, mas o que Darci fez foi imoral, pernicioso e temeroso. Ele entregou de “porteira fechada” as secretarias aos vereadores que se tornaram donos absolutos das pastas.
Os parlamentares, por sua vez, foram ficando “mais espertos”. Eles perceberam que o prefeito é fraco e impuseram nomes para gerir as secretarias, cujo único critério é ser obediente e ter coragem para fazer as manobras espúrias, mesmo correndo o risco de parar na Cadeia Pública da Capital do Minério. Com isso, temos como titulares na maioria das secretarias de governo verdadeiros fantoches que não tem a mínima ideia do que é gestão, salvo dois ou três casos, como se diz na linguagem popular “e olhe lá”.
Dia após dia, Parauapebas vai se afundando em um buraco sem fim e o povo assiste impávido os recursos bilionários escorrendo para o ralo e enriquecendo meia dúzia de picaretas. Para piorar a situação de Darci Lermen, a sua sucessão abriu espaço para uma briga ferrenha pelo poder no grupo político entre os pré-candidatos “Branco da White”, Keniston Braga (MDB), Rafael Ribeiro (MDB) e Braz (PDT), ou seja, doravante a “dor de cabeça” e gasto do dinheiro só tendem a aumentar nas barbas do Ministério Público e Poder Judiciário. Rica e pobre população de Parauapebas. (Portal Debate)
