MARABÁ (MA) – Nesta segunda-feira (1º), a vinda do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e Michelle Bolsonaro (PL) à cidade de Marabá começou a movimentar o chamado “xadrez” político na Terra de Francisco Coelho. Às 16h, uma enorme “motociata” realizada pelas ruas da cidade e um ato político robusto visto, por volta de 18h, na Praça Duque de Caxias, no Bairro Velha Marabá, começaram a dar o tom da disputa eleitoral, mexendo com o chamado “eleitor ideológico”, entre os votantes de direita.
Os conservadores foram instigados pela presença de Jair Bolsonaro e Michelle Bolsonaro com o objetivo de “turbinar” a campanha do Delegado Toni Cunha (PL) com vistas à sucessão de Tião Miranda (PSD). Como já era esperado, à medida que se aproxima a “hora da onça beber água”, a distância entre os candidatos tende a encurtar, a não ser que surja um fenômeno eleitoral imbatível nas urnas. O que não me parece ser o caso desta disputa eleitoral, em Marabá, em 2024. O plano de governo de Toni Cunha busca, em sua essência, modernizar Marabá e atrair novas indústrias para geração de emprego e renda, entre outras políticas públicas importantes para o povo.
Na outra ponta desta disputa pelo “voto ideológico” em Marabá, o Deputado Dirceu Ten Caten (PT) vem, à maneira de um bom mineiro, “comendo caladinho e pelas beiradas”. Há meses, o parlamentar progressista vem realizando diversas reuniões e plenárias gigantescas com setores da sociedade marabaense ávidos por mudanças na aplicação de um orçamento que irá ultrapassar a bagatela de dois bilhões de reais em 2025. Esta estratégia costuma render uma boa musculatura política na reta final de campanha por meio do chamado “voto de base social”.
O pré-candidato de viés ideológico de centro esquerda busca também otimizar a aplicação da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM) em outras áreas da cidade de Marabá como na saúde, com a construção de Unidades de Pronto Atendimento (UPA), nos núcleos Cidade Nova e São Félix/Morada Nova, e na construção e reforma de novas escolas públicas e creches. O plano de governo de Dirceu Ten Caten também busca inserir os mais vulneráveis no orçamento de Marabá e instituir o passe livre no transporte público da cidade. Como ele pretende conseguir essa proeza, eu não sei, mas seria um alívio para o bolso dos trabalhadores de baixa renda.
O pré-candidato petista conta ainda com a confirmação da vinda a Marabá do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em meados da campanha que se inicia no dia 16 de agosto de 2024. Lula deverá ser recebido por milhares de simpatizantes de movimentos sociais, estudantes universitários, correligionários e eleitores oriundos de Marabá e de diversas cidades do Pará. Para quem acha que a eleição para prefeito de Marabá já está definida, ledo engano, pois ainda existe “muita água para passar embaixo desta ponte”. O exemplo do pleito de 2012 indica que o humor do eleitorado poderá ser alterado da noite para o dia e quem dormiu eleito acordou com o amargo sabor da derrota.
Votos de centro
O pré-candidato “Chamonzinho” (MDB), líder nas pesquisas, apoiado pelo governador Helder Barbalho (MDB), “joga parado” à espera de uma definição mais significativa por parte de seus adversários. Ele ainda não lançou sua pré-candidatura, mas deverá fazê-la nos próximos dias com a participação de Helder. A estratégia de “Chamonzinho” precisa ser bem fundamentada em pesquisas para não correr o risco de entrar tarde demais na campanha, pois ele ainda não afirmou publicamente que será candidato. Além disso, ele sabe que será “vidraça” e terá sua vida pregressa e negócios esmiuçados pelos seus adversários.
Já o engenheiro Fábio Moreira (PSD) “corre por fora” na disputa pela Prefeitura de Marabá, porque entrou tarde demais na disputa pela sucessão de Tião Miranda. O atual gestor de Marabá apoia seu ex-secretário de Obras (Sevop) Fábio, mas terá dificuldade na chamada “transferência de votos”, mesmo que goze de uma aceitação popular na casa de 80% da população. Nos bastidores, corre que caso a turbulenta campanha de Fábio Moreira não cresça, nas próximas semanas, existe a possibilidade de uma composição entre os grupos de Tião Miranda/Toni Cunha ou Tião Miranda/”Chamonzinho” vista por muitos como a chamada “bala de prata”.
Neste cenário, se a campanha de Fábio Moreira crescer, nos próximos meses, ao ponto de incomodar seus adversários, a aceitação de “Chamonzinho” tenderá a diminuir porque os dois não possuem, em sua essência, o chamado “Voto ideológico”, mas sim o eleitor de centro, logo o crescimento de Fábio atingirá em cheio a campanha de “Chamonzinho”, embora eu tenho consciência de que o “emedebista” sempre liderou as pesquisas de intenção de votos, mas acho pouco provável que ele convença os eleitores bolsonaristas e lulistas “raiz” a mudarem de lado na hora de votar.
Ao contrário, Toni Cunha e Dirceu Ten Caten contam com uma militância movida por uma questão ideológica e que se odeiam em nível nacional. Nesta disputa, Lula, Bolsonaro, Helder e Tião Miranda terão uma boa oportunidade para testarem o potencial de voto de cada um em Marabá. Ao eleitor, cabe escolher o prefeito que irá gerir com eficiência, humanidade e transparência a vida da população de uma das cidades mais ricas do Pará, pois como diz o ditado popular, “O tempo é o senhor da razão”. (Pedro Souza)