Vereador denuncia nepotismo e fraudes no governo Darci

Vereador “Fiscal do Povo” se diz soldado do presidente Jair Bolsonaro no município e defende combate à corrupção na tribuna | Foto: Felipe Borges

Um vereador tem incendiado o debate político e mostrado a que veio desde que tomou posse e subiu pela primeira vez à tribuna da Câmara Municipal de Parauapebas, no sudeste do Pará. O nome dele é Aurélio Goiano, o conhecido “Fiscal do Povo”, eleito pelo Partido Social Democrático (PSD) com 1.508 votos na última eleição, o que corresponde a 1,22% dos votos válidos.

Enfático na mensagem que deseja transmitir ao eleitorado, Goiano é locutor em uma rádio e vem protagonizando, nos últimos dias, uma série de fiscalizações em órgãos públicos da cidade. A última foi ao Hospital Geral de Parauapebas (HGP), ocasião em que teria sido impedido por funcionários de ingressar na unidade de saúde. Foi necessário acionar a Polícia Militar.

Na sessão ordinária de quarta-feira (17), o vereador utilizou o tempo de fala na Casa Legislativa para lamentar a ausência do público às sessões – ele mesmo já propôs a mudança do horário das sessões para as 18h – e denunciar os desmandos que tem identificado nas andanças também pelas secretarias municipais.

Em um desses momentos de denúncia, Goiano, o Fiscal do Povo, apontou nepotismo no secretariado do prefeito Darci Lermen (MDB), com o emprego de Roberto Seixas Simões Junior no cargo de diretor administrativo da Secretaria Municipal de Educação (Semed). Ele seria cunhado do secretário de Governo, Keniston de Jesus Rego Braga, considerado o ‘Todo-Poderoso’. Aurélio vem utilizando o Facebook para postar seus vídeos, porque, segundo ele, não possui espaço na mídia de Parauapebas.

Goiano também acusou o secretário municipal de Obras, Wanterlor Bandeira Nunes, de compactuar com fraudes em licitações, beneficiando servidores da pasta em contratos que variam entre R$ 500 mil e até R$ 1 milhão. “Quero perguntar ao secretário de Obras se ele conhece os senhores André Luiz Villar Moreira e Andrei Borges Fidelis, proprietário da empresa NG Paisagismo EIRELI, e quais as suas relações. O senhor conhece um senhor chamado Oscarino de Oliveira Rodrigues, vulgo ‘Poço sem Fundo’? Se o senhor não conhece nenhum dos dois, eu refresco a sua memória”.

O vereador continua, enfático e coerente nas declarações públicas: “André Villar é casado com Mayra Santis Avila Villar, sócia administrativa da empresa Max Entulho [pessoa jurídica de Max Locações e Remoção de Entulho LTDA]. Já Andrei Borges Fideles é pai de Yasmin Martins Fideles, sócia da empresa Max Entulho, que teve contrato firmado com a pasta. O esposo da funcionária pública Silvia Heleno, senhor Andreive Borges Fideles, também teve contrato com a Secretaria de Obras, no valor de R$ 546.800, vigência de 19 de fevereiro de 2018 a 31 de dezembro de 2018”.

Aurélio Goiano teve o momento na tribuna misteriosamente interrompido na transmissão ao vivo na página da Câmara Municipal de Parauapebas no Facebook, ao que ele chamou de ‘censura’ e pediu esclarecimentos à Mesa Diretora quando já estava de volta ao plenário. A transmissão foi cortada justamente quando o vereador denunciava Oscarino de Oliveira Rodrigues, o conhecido ‘Poço sem Fundo’.

O vereador, que é um dos braços de apoio do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), no município, se coloca na posição de defensor da probidade administrativa e da harmonia entre os poderes. Ele teceu duras críticas ao prefeito Darci Lermen pelas aglomerações promovidas com dinheiro público durante a campanha eleitoral.

A situação do prefeito reeleito de Parauapebas, aliás, continua muito crítica junto à Justiça Eleitoral. A juíza Priscila Mamede Mousinho manteve reprovadas as contas de campanha dele e do vice, João José Trindade, o João do Verdurão (PDT). O pente fino nas contas de campanha mostrou, aos olhos do Judiciário, uma série de irregularidades.

“Com relação ao juízo de retratação, mantenho a decisão por seus próprios e jurídicos fundamentos, até porque este juízo eleitoral não desaprovou as contas pela ausência de capacidade financeira dos doadores, e sim, pelas demais diligências que não foram cumpridas e que maculam as contas apresentadas”, avaliou a magistrada, em relação aos argumentos do pedido de revisão da sentença.

A Promotoria de Justiça Eleitoral de Parauapebas também ajuizou representação contra a dupla, requerendo a quebra dos sigilos fiscais e bancários dos últimos dois anos de ambos, assim como de 38 doadores e 17 fornecedores da campanha realizada em 2020. Para o Ministério Público, há indícios da prática de Caixa Dois durante a campanha.

“Semana que vem, pessoal, tem um recadinho lá pro poderoso dos tratores. Me aguardem”, finalizou Aurélio Goiano no discurso, se referindo a João Vicente do Vale, o Branco da White Tratores. Em conversa com o Portal Debate Carajás, o parlamentar garantiu que fará quatro anos de uma oposição responsável ao governo Darci Lermen. (Vinícius Soares/Debate Carajás)

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