VALE: Tramoia com ouro deixa órgãos de fiscalização de “saia justa” em Canaã e Marabá

Multinacional foi acusada de sonegar a bagatela de R$ 446,7 milhões, em Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM). O Ministério Público do Tribunal de Contas da União (TCU) solicitou que a Corte apure “indícios de irregularidades” relacionados à atuação da empresa Vale no Estado do Pará.
Foto: Reprodução

MARABÁ (PA) – Nas últimas semanas, as notícias divulgadas pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) realizada pela Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa) e pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Municipal de Marabá (CMM) indicando que a Mineradora Vale deixou de pagar R$ 446,7 milhões, em Compensação Financeira pela Exploração Mineral (CFEM), para as cidades de Canaã dos Carajás e Marabá, deixou os órgãos de fiscalização de “saia justa”.

O grupo de pequenos mineradores de Canaã dos Carajás, “alvo” preferido da Vale, acusa a multinacional de forjar denúncias de supostos crimes ambientais. Segundo eles, a empresa paga as despesas e volumosas diárias para agentes públicos das fiscalizações realizadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Guarda Patrimonial da Vale e a Polícia Federal (PF) durante as “fiscalizações”, na Vila Nova Jerusalém, “Vila 13” e Vila Serra Dourada, locais onde se encontra uma grande quantidade de ouro misturado ao cobre.

De acordo com denúncias enviadas ao Portal Debate, a pressão exercida Vale sobre os pequenos mineradores têm como “pano de fundo” a proteção sobre uma grande quantidade de ouro existente no subsolo da zona rural de Canaã dos Carajás. Como a gigante multinacional extraiu 7,7 milhões de toneladas de cobre das minas Sossego e Salobo, no período de 2012 a 2022, resultando em uma arrecadação de R$ 65,4 bilhões, dos quais pagou apenas R$ 1,2 bilhão em CFEM, não “pegaria bem” para o Poder Judiciário, PF, IBAMA e ICMBio estarem próximos a uma empresa que, segundo as CPIs, sonegou cerca de R$ 446,7 milhões, em 10 anos.

Segundo a Cooperativa de Garimpeiros Mineradores do Estado do Pará (Coogmep), a Vale acusa a mineração artesanal de uma suposta poluição de rios e igarapés para obter uma ordem judicial e incendiar os barracos e maquinários durante as fiscalizações, mas, na verdade, com essas ações, a empresa visa a impedir que os moradores tenham acesso à grande quantidade de ouro existente no entorno da Vila Nova Jerusalém. Para os pequenos mineradores de cobre, diante do desvio de toneladas de ouro, a Vale vai passar a enfrentar problemas para organizar novas ações dos órgãos fiscalizadores.

Quando a suposta sonegação de R$ 446,7 milhões praticada pela Vale caiu nas redes sociais, centenas de ex-funcionários se manifestaram a respeito da existência do desvio de ouro pela multinacional. “Eu trabalharei na Vale, há décadas atrás, e já sabia deste modus operandi da empresa. Os ‘bochichos’ sobre o desvio de ouro já existiam há muito tempo lá”, relatou o internauta que teve o nome preservado. A gigante da mineração é acusada de deixar a hospedagem sempre paga em três grandes hotéis de Parauapebas para abrigar os agentes públicos durante as operações de fiscalização.

Como o Ministério Público do Tribunal de Contas da União (TCU) solicitou que a Corte apure “indícios de irregularidades” relacionados à atuação da empresa Vale no Estado do Pará, deveremos ter, nos próximos meses, novidades sobre a investigação da suposta sonegação. Já a Vale negou o desvio de R$ 446,7 milhões e afirmou que sempre pagou a CFEM do ouro como mineral derivado do cobre. Para os pequenos mineradores, essa é mais uma “tramoia” deslavada da Vale contra a população de Canaã dos Carajás e Marabá. (Pedro Souza/Portal Debate)

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