Transplante de rim entre irmãs é realizado no Pará

Em plena recuperação, paciente e doador enfatizam a importância da doação de órgãos para reduzir a fila de espera.
Créditos: Reprodução

O amor entre duas irmãs paraenses rompeu o laço sentimental e se tornou físico, graças a mais um transplante de rim realizado pelo Hospital Ophir Loyola, em Belém. O procedimento foi realizado há cerca de 15 dias, e foi possível graças à compatibilidade de órgãos e o atendimento especializado da unidade de saúde, ligada ao Governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (Sespa).

Com dores na coluna e dificuldades de urinar, a funcionária pública Sabrina Cordeiro, de 40 anos, recebeu o diagnóstico de que os dois rins estavam parando. De imediato, iniciou uma bateria de exames e chegou a perder 30 quilos em três meses.

Foto: David Alves / Ag Pará

“O médico me informou que os meus dois rins estavam parando de funcionar, e que precisava fazer com urgência a hemodiálise até conseguir um transplante. Foi um baque na minha família. A minha preocupação era com as minhas filhas. Cuidava para não transmitir o que estava acontecendo comigo para elas. Foi um período muito difícil, de muitas incertezas”, contou Sabrina.

Enquanto o tratamento paliativo era iniciado, a equipe também fazia testes para possíveis doadores. O amor entre as irmãs fez a servidora pública Patrícia Cordeiro, de 53 anos, se candidatar a ser doadora. A notícia positiva veio breve, após testes realizados pela equipe médica do Hospital Ophir Loyola.

“Quando a Sabrina relatou que tinha apenas 13% das funções renais, ou seja, que os órgãos dela estavam falindo, nós ficamos muito apavorados. Eu fiquei muito feliz por ser compatível. O nosso índice de compatibilidade era altíssimo, embora a gente só seja irmã por parte de mãe”, relata a doadora. Apesar de terem sido confirmadas compatíveis há quase quatro anos, só em outubro passado os médicos liberaram a cirurgia, já que é preciso um momento oportuno do tratamento para que o procedimento seja realizado.

Transplante – A doença renal crônica é quando os rins param de filtrar e a função está abaixo de 10 ml/minuto. Quando isso acontece, o paciente precisa passar por tratamentos como diálise, hemodiálise ou diálise peritoneal, mas somente o transplante renal é capaz de proporcionar qualidade próxima ao ideal.

Foto: David Alves / Ag ParáCompatibilidade –

Tudo começa com a tipagem ABO, tipagem de sangue e sistema HLA (Sistema de Antígenos Leucocitários Humano), para colocar o paciente em uma lista de espera (no caso de doador falecido). Se for doador vivo, também são feitos os exames de tipagem e 40 exames, tanto no doador como no receptor. Nas famílias, encontramos a compatibilidade, às vezes, de até 100%. Para cada família há critérios clínicos a serem verificados.

Doador vivo – O doador vivo passa por avaliação prévia, por meio de 40 exames, e após a cirurgia também é feito o acompanhamento da função renal. É verificada a possibilidade do aumento de pressão arterial e da perda de proteína (caso mais raro).

De acordo com a nefrologista Sílvia Cruz, coordenadora do Serviço de Nefrologia do HOL, “As pessoas que doam têm uma qualidade de vida normal. Foi um ato de amor. A Patrícia doou pra Sabrina, que estava há quatro anos mais ou menos em diálise. A Sabrina já está bem, não vai mais precisar de diálise. Vai precisar seguir com a medicação e continuar com acompanhamento clínico. A Patrícia já está em casa e diz estar muito feliz em ajudar a irmã”, confirma a nefrologista.

Cuidados com o rim – A doença renal é silenciosa, mas há cuidados que podem fazer a diferença para que não se manifeste de maneira mais grave. Hipertensão e diabetes são as principais causas de doenças renais, enquanto a obesidade é um fator de risco. “Beber bastante água, controlar a pressão, a glicemia, e ir ao médico uma vez ao ano são atitudes necessárias nesse controle”, orienta Sílvia Cruz.

Foto: David Alves / Ag Pará

A especialista diz, ainda, que “é importante que as famílias conversem sobre doação de órgãos, pois os pacientes que não tem um doador vivo precisam estar na lista para doador falecido, e isso só ocorre com a liberação da família e se houver o desejo da doação manifestado em vida no momento da perda do ente querido é mais fácil se decidir sobre a doação dos órgãos”, ressaltou.

Recomeço – O gesto de doar fez toda a diferença nesta história. A doadora Patrícia Cordeiro apela para que as pessoas se conscientizem cada vez mais.

Foto: David Alves / Ag Pará

“Simples, não foi. Para mim foi uma catarse, na verdade. Foi um turbilhão de muitos sentimentos, de muitas emoções, em todos os aspectos. A equipe é muito competente, mas é um risco, mesmo que calculado. Mas tive muito apoio da família, dos amigos. É um gesto de amor incondicional. Dar um pouco da sua vida para alguém é transformador. A minha maior mensagem é: doe em vida, se puder e tiver coragem. Ou avise sua família sobre sua intenção de doar em caso de falecimento, porque a vida é um sopro, e você pode ajudar uma ou várias vidas”, finalizou. (Com informações da Agência Pará)

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