Tião Miranda é favorito, mas…

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As articulações começam a se intensificar para a definição dos candidatos a prefeito em Marabá. Além de Tião Miranda (PSD), que postulará a reeleição, apresentam-se por enquanto as candidaturas do médico Manoel Veloso (PSL), deputado Toni Cunha (PTB), vereadores Ilker Moraes (MDB), Irismar Melo (PL) e o professor Rigler Aragão (Psol).

O atual prefeito desponta como favorito absoluto. Está com a gestão financeira da prefeitura sob controle, toca um razoável pacote de obras, tem um número significativo de partidos políticos ao seu lado e vê uma oposição dividida para enfrentá-lo. “As favas estão contadas”, na visão de Sebastião Miranda.

No entanto, como dizem os antigos, política é como nuvem. Em poucos segundos pode mudar de lugar. E esse é o único temor dos defensores da reeleição do atual gestor. Em pelo menos duas oportunidades, esse suposto favoritismo não se confirmou e TM foi derrotado nas urnas.

Tião Miranda, o “homem das obras”, contrata serviços de ...
Tião Miranda (PSD) – Crédito: Reprodução

Na primeira vez, Tião apresentou como candidato a sua sucessão o então deputado João Salame, tendo Pedro Correa como vice. Sua administração era bem avaliada. Perdeu a eleição para o então vereador Maurino Magalhães. O eleitor havia se cansado do “jeito Tião Miranda de governar”.

Na segunda derrota ele próprio enfrentou as urnas como favorito. Tinha mais de 70% das intenções de voto nas pesquisas, porém perdeu para o então deputado João Salame porque subestimou o grupo de oposição.

O que mudou de lá para cá? Nas duas eleições que foi derrotado Tião Miranda viu a oposição se unir contra ele. Agora a oposição está dividida. E diante dos erros cometidos nas gestões de Maurino e Salame ele ‘alerta o eleitor’ para o perigo de novas experiências, mas talvez essa estratégia não convença o votante novamente, como ocorreu em 2016.

Pré-Candidato a Prefeito de Marabá Dr Manoel Veloso está com Covid ...
Manoel Veloso (PSL) – Crédito: Reprodução

Ocorre que a gestão de Tião também tem seus erros, que podem servir de base para o discurso de seus adversários: suas obras não atendem a contento a periferia e a zona rural; sua política em relação ao funcionalismo público é de falta de diálogo e arrocho salarial; o debate com entidades e representantes das comunidades é ruim e muitos empresários reclamam de pouca oportunidade na sua gestão.

Esse conjunto de fatores revela erros distintos dos cometidos por Maurino e Salame, mas ainda assim faz emergir um exército de insatisfeitos dispostos a enfrentá-lo no dia 15 de novembro de 2020.

A vantagem maior de Tião, por enquanto, está na divisão existente nas fileiras oposicionistas. É verdade que Toni Cunha saiu do seu bloco político, mas não conseguiu crescer como imaginava como oposicionista. Tem adotado um discurso aguerrido nas redes sociais, é jovem, deputado, e deve ter papel importante no pleito de novembro, como candidato ou não. Por hora, ele mantém sua candidatura, mas já dá sinais de que pode rever seu posicionamento diante da possibilidade de construção de uma ampla frente de oposição.

Toni Cunha - ZÉ DUDU
Toni Cunha (PTB) – Crédito: Reprdoução

A vereadora Irismar Melo se reelegeu com dificuldades, mas cresceu politicamente, exercendo um mandato de fiscalização e oposição responsável ao atual prefeito, única candidata mulher, ela tem qualificações intelectuais para sustentar um bom debate apontando erros da atual gestão. Mas desde o início tem se mostrado aberta ao diálogo com outros setores da oposição.

O médico Manoel Veloso já disse aos demais concorrentes que não abre mão de sua candidatura. Credenciado pelos mais de 41% dos votos que teve para prefeito no último pleito e pela extraordinária votação obtida para deputado federal, o filho do falecido Dr. Geraldo Veloso parece está disposto a corrigir os erros políticos que cometeu nas eleições de 2016, quando se recusou a dialogar com outras forças políticas para criar uma ampla frente capaz de derrotar Tião Miranda.

Nos últimos dias, Veloso já emitiu sinais positivos para Helder Barbalho (MDB), falou por telefone com o ex-prefeito João Salame, lançou pontes em direção ao deputado Toni Cunha e tem bom diálogo com a vereadora Irismar. Em 2020, para Veloso, parece que o único diálogo impossível é com Rigler Aragão, do Psol, por questões ideológicas.

Marabá: Vereador Ilker Moraes testa positivo para a Covid-19 ...
Ilker Moraes (MDB) – Crédito: Reprodução

No entanto, existem algumas pedras no caminho do médico. O MDB lançou a candidatura do vereador Ilker Moraes numa estratégia que o mundo político ainda não entendeu. Além de aumentar o fracionamento da oposição, a candidatura irrita ainda mais os adeptos de Manoel Veloso e Toni Cunha.

Talentoso, bom orador e argumentador, Ilker está animado com a tarefa. Com pequena rejeição, o vereador emedebista aposta na possibilidade de ser a candidatura que reúne mais predicados para unir a oposição, do PT ao PSL, passando pelo PR, PTB e PP. Para isso precisa contar com o forte apoio de Hélder que possui instrumentos capazes de ‘seduzir’ os protagonistas no pleito em Marabá.

Mas sopram ventos da capital que dificultarão a caminhada corajosa de Ilker Moraes. Certamente a prefeitura de Belém é a ‘menina dos olhos’ do governador. Na falta de candidatos sólidos na sua base de apoio, Hélder deve lançar o deputado José Priante, pelo MDB, para a disputa na capital do Pará.

Marabá: vereadora Irismar Melo lança suspeita sobre os processos ...
Irismar Melo (PR) – Crédito: Reprodução

Priante quer fazer uma ampla frente partidária e inclui nisso o PSL, presidido por um experiente político na capital, o ex-deputado Evaldo Bichara, escolhido a dedo por Manoel Veloso. O médico marabaense não vai ‘entregar barato’ o apoio do PSL na capital, tendo o maior tempo de televisão entre os partidos. Vai querer alguma contrapartida em Marabá, sua prioridade.

Num primeiro momento, aliados de Tião Miranda comemoraram a candidatura de Ilker Moraes, por aprofundar a divisão entre seus adversários. Mas conversas ainda tímidas procuram costurar uma aproximação entre MDB e Veloso. O limão pode virar
uma limonada.

No PP, que conseguiu montar uma chapa competitiva de vereador, em apenas dois dias, e possui um dos maiores tempos de TV no horário eleitoral gratuito, os irmãos Salame observam atentamente a cena política, sem ainda se posicionar, pois em uma eleição disputada, podem ser o ‘fiel da balança’.

Beto Salame, que teve 9 mil votos em Marabá, ainda carrega consigo as feridas de ter perdido a cadeira de deputado federal com a divisão que se produziu no eleitorado local justamente com a candidatura de Manoel Veloso. Não será tarefa fácil superar esse atrito, mas como diria Gerson Peres, que durante décadas comandou o próprio PP: “em política a gente só não vê boi avoar”.

Rigler Aragão - Home | Facebook
Rigler Aragão (Psol) – Crédito: Reprodução

Caso consiga se entender com o MDB, que certamente exigirá a vaga de vice, o que Manoel Veloso fará com Irismar, PP e Toni Cunha? Ou em função das negociações na capital o MDB pode até mesmo abrir mão da vice para conformar uma frente oposicionista mais unida em Marabá? As conversas de bastidores que prometem se intensificar nos próximos dias dirão se o médico conseguirá unir a oposição e se tornar um forte candidato a desafiar o favoritismo de Tião Miranda ou não.

Os efeitos da pandemia do coronavírus e a consequente crise de empregos são outros fatores que podem interferir no humor do eleitorado. Como médico, Veloso vê nesse quadro elementos favoráveis à sua candidatura. Tranquilo por enquanto, Tião Miranda, bem ao seu estilo, não emite nenhum sinal de que pretende celebrar qualquer tipo de aliança.

No seu próprio grupo, há quem torça para que a oposição se fortaleça para que sejam mais valorizados, numa demonstração que há forte insatisfação entre seus aliados na forma como ele se relaciona com as lideranças do grupo.

Um exemplo claro disso é a situação a que ficou relegado o próprio presidente da Câmara Municipal e seu aliado de ‘primeira hora’, o vereador Pedro Correa. Não teve nenhuma ajuda sequer para formar uma chapa competitiva para disputar a reeleição e seu partido corre risco de não fazer o coeficiente eleitoral e ele não se reeleger como parlamentar.

Na provável escolha do ex-secretário Luciano Dias para ser o vice em sua chapa e na improvável opção por Pedro Correa, o prefeito terá mais uma fonte de desgaste, além de não ampliar seu círculo eleitoral em nenhuma das duas hipóteses. A escolha de Luciano é mais uma demonstração de que Miranda aposta apenas no seu potencial, pois o ex-secretário não tem nenhum cacife eleitoral em Marabá.

Um agravante nessa aposta temerária é que diversas pesquisas internas, as chamadas “pesquisas de consumo”, realizadas por vários partidos, mas não registradas no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), no pós pandemia, apontam que a distância do atual prefeito para o candidato mais bem colocado da oposição não é tão grande como nas eleições anteriores. Sebastião Miranda, que já chegou a ter mais de 70% das intenções de voto em outros pleitos, agora estaria estacionado na faixa dos 40% dde preferência dos eleitores.

Tião Miranda pode estar certo em acreditar que dessa vez seu favoritismo irá se confirmar, enfrentando a tudo e a todos, dentro de seu grupo e contra os adversários ou, mais uma vez, vai colocar em risco uma reeleição “pra lá de provável” por repetir posturas que o levaram a duas derrotas improváveis. Em tempos de Covid-19, quem viver verá! No dia 16 de novembro de 2020, o eleitor vai saber qual candidato escolheu a estratégia correta.

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Governador Helder Barbalho (MDB)

Fonte: Portal Debate Carajás

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