Garimpo é culpado por água turva em Alter do Chão, dizem cientistas

A conclusão está em um comunicado do projeto MapBiomas, que rastreou o caminho dos sedimentos usando imagens de satélite. As imagens mostram os danos causados pelos sedimentos de mineração no Rio Tapajós, na região de Santarém, oeste do Pará
Sedimentos de mineração deixam a água turva perto da foz do Rio Tapajós, em Santarém | Foto: Reprodução/Observatório do Clima

A lama que deixou turvas as águas do Rio Tapajós na região de Alter do Chão, no oeste do Pará, famosa por águas cristalinas, é originária, sobretudo, de garimpos, dizem cientistas que estudaram a situação. A conclusão está em um comunicado do projeto MapBiomas, que rastreou o caminho dos sedimentos usando imagens de satélite. As informações são do jornal O Globo.

Em uma nota técnica divulgada nesta segunda-feira (24), os cientistas mostram que, o barro esbranquiçado visível em fotos de turistas desde o início do mês tem origem, sobretudo, em operações de mineração ilegal em afluentes do Tapajós, dentre os quais os rios Jamanxim, o Crepori e o Cabitutu.

Parte dos sedimentos é natural e se deve à cheia do Rio Amazonas, onde o Tapajós deságua. Esse barro natural, porém, não penetra muito no Tapajós, porque precisa ir contra a corrente, e a única explicação para o grau de turbidez da água em Alter é a intensificação das operações de garimpo, dizem os cientistas.

“O garimpo ilegal na Amazônia, tanto terrestre quanto em rios (com balsas), tem crescido nos últimos anos, e uma das regiões onde este crescimento foi mais expressivo é justamente na área do Tapajós, onde triplicou nos últimos 10 anos, alcançando uma área do tamanho da cidade de Porto Alegre”, diz a nota técnica dos cientistas, em uma versão preliminar divulgada hoje.

O trabalho foi liderado por César Diniz, coordenador técnico do mapeamento da mineração e da zona costeira do MapBiomas. “Para que possa iniciar a busca por ouro, a atividade garimpeira desmata e escava o solo amazônico ou draga o fundo dos rios. Os sedimentos desta atividade são descartados diretamente das plantas de extração (ou lixiviados pelas chuvas, já que perderam a proteção florestal) para dentro dos rios. O aporte extra de sedimentos altera as características físico-químicas da água e, por consequência, a cor de rios e lagos”, explicam os pesquisadores.

Os rios onde o garimpo parece estar despejando mais sedimento ficam a até 300 km da foz do Tapajós, onde fica Alter, afirmam os cientistas. No caso de Alter do Chão, além do risco de contaminação por mercúrio e outros insumos usados no processo, o garimpo prejudica o turismo, já que a região é um dos destinos de visitação mais importantes da Amazônia.

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