Campanha ‘Abril Amarelo’ alerta sobre câncer ósseo no Pará

Os principais cânceres ósseos que acometem crianças são os osteossarcoma e o sarcoma de Ewing
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Apesar de raro, com uma incidência de 1 a 4% entre os tumores malignos, o câncer ósseo tem evolução rápida e é agressivo. Em Belém, o Hospital Oncológico Infantil Octávio Lobo (Hoiol) é referência no tratamento oncológico de crianças e adolescentes de 0 a 19 anos incompletos. De 2019 a 2022, a unidade tratou 58 casos, e, neste mês de abril, em razão da campanha “Abril Amarelo”, o especialista em oncologia ortopédica, Fernando Brasil, do hospital, alerta para a importância do diagnóstico precoce para a qualidade de vida dos pacientes.

Os principais cânceres ósseos que acometem crianças são os osteossarcoma e o sarcoma de Ewing. “Qualquer sinal de crescimento de tumorações, edema e dor em membros devem ser investigados até ser descartada a possibilidade de ser um tumor primário. É comum as crianças contarem que o tumor apareceu após um baque ou uma queda. Essas situações na realidade só fizeram com que os sintomas viessem à tona, a doença já estava ali”, alertou o especialista Fernando Brasil.

Um trauma durante um jogo de futebol entre crianças levou Daniel Ferreira, de 12 anos, à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em Ananindeua, no ano passado. À época, o médico indicou uma contusão no joelho do garoto e solicitou a imobilização daquela articulação. Com alguns dias, a imobilização foi retirada, mas o local continuava inchado. A mãe Rita de Cássia Ferreira, 32 anos, buscou atendimento novamente para o filho, mas recebeu um encaminhamento para a realização de cirurgia.

“No dia agendado para o procedimento, o cirurgião notou algo errado e por meio do exame de tomografia detectou um tumor na perna de Daniel. Fomos encaminhados ao Hospital Oncológico Infantil, onde foi atendido pela equipe da Oncoortopedia que realizou a biópsia, confirmando um tumor maligno, o osteossarcoma, em outubro de 2022. O tratamento começou com um protocolo de três meses de quimioterapia antes da cirurgia, a operação foi um sucesso e meu filho está se recuperando bem, graças a Deus”, contou Rita.

O médico Fernando Brasil destaca a providencial atenção da mãe de Daniel à saúde do filho. “Graças à atenção da mãe, Daniel foi diagnosticado em tempo hábil. Conseguimos evitar a perda do membro, o que ocasionaria uma limitação de mobilidade definitiva para o menino. Fizemos a inserção de uma endoprótese para substituir o osso, preservando o membro, o movimento da criança, e garantimos menor dano físico e emocional possível”, enfatizou.
Mais sobre o câncer ósseo

Especialista em oncologia ortopédica, Fernando Brasil explica que a doença se origina de células anormais produzidas no sistema musculoesquelético e pode acometer pessoas de várias faixas etárias. “Nas primeiras décadas de vida, os tumores primários (originados no próprio osso) são os mais comuns. Enquanto os secundários, também chamados de metástases ósseas, são mais frequentes nos adultos e ocorrem quando células principalmente de tumores da mama, de próstata, do pulmão, do rim e da tireóide percorrem a corrente sanguínea e se instalam nos ossos”, esclareceu.

A doença é multifatorial, as principais causas são modificações genéticas cromossômicas que podem fazer com que alguma alteração na divisão celular passe a ser anormal, levando ao crescimento desordenado dessas células dentro do osso. “O câncer ósseo não pode ser prevenido, por isso o diagnóstico precoce é crucial para o tratamento. Quando descoberto em fase inicial, existe uma maior chance de cura e da realização de cirurgias preservadoras dos membros”, afirmou o doutor.

A campanha do alerta ao câncer ósseo tem como principal objetivo conscientizar e fazer o profissional da área médica lembrar-se de fazer o diagnóstico dessa enfermidade. Não existe um exame de rotina para a detecção, contudo com uma simples radiografia, mediante a uma queixa inicial, consegue-se o diagnóstico. “A única forma de ofertar um tratamento adequado e, consequentemente, uma eventual cura é a detecção precoce. Quanto mais cedo fizer o diagnóstico, melhor será o prognóstico e a chance de cura”, ressaltou o oncologista ortopédico.

Fernando Brasil também enfatiza que o estudo dessas patologias não é bem desenvolvido nas faculdades de medicina, mas somente para quem escolhe uma subespecialidade.  “Os sintomas são inespecíficos, começa com uma simples dor que não cessa.  Diante de um quadro de dor, em qualquer região que haja um osso, é preciso suspeitar da possibilidade de ser um câncer ósseo. A dor que surge, mesmo em repouso, e que persiste por mais de uma semana, precisa ser investigada. Caso o médico suspeite, deve encaminhar o paciente para o setor de oncologia ortopédica do Hospital oncológico Infantil”, conclui. (Com informações da Agência Pará)

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