Sespa anuncia planos de introduzir serviço de transplante de coração no Pará

O assunto do transplante de coração veio à tona com o recém procedimento feito pelo apresentador de TV Fausto Silva, o Faustão
fonteGoverno do Estado tem como meta implantar o transplante cardíaco (Foto: Bruno Cecim / Arquivo Ag. Pará)

Uma meta do Governo do Estado, na área da saúde, é implantar o serviço de transplante cardíaco no Pará, para atendimento da população. Para isso, é fundamental aumentar a quantidade de doadores de órgãos em geral, e, nesse sentido, nos últimos três anos, houve um bom sinal, com avanços nas doações e transplantes de fígado e medula no Estado – o primeiro transplante de fígado se deu em fevereiro e o primeiro de medula em julho último.

O assunto do transplante de coração veio à tona com o recém procedimento feito pelo apresentador de TV Fausto Silva, o Faustão. No Estado, esse procedimento também  não se dá na rede particular de saúde. Este ano, somente um paciente cardíaco foi encaminhado para outro estado para essa ação médica.

Em 2022, foram feitos 238 transplantes de tecidos oculares (córnea e esclera) e 39 de rins; em 2023, de janeiro a julho, foram 301 de córnea/esclera, 43 de rim, 4 de fígado e 11 de medula (10 na rede particular). Em 2022, foram registrados 11 doadores de órgãos e 90 de córnea; em 2023, de janeiro a  julho, 170 de córnea e 21 doadores de órgãos.

Fluxo

A coordenadora da Central de Transplantes do Pará, da Secretaria de Estado de Saúde Pública, Ierecê Miranda, explica que o Estado do Pará não faz o transplante cardíaco na rede pública e na rede particular. “Para que seja ampliado o Programa de Transplantes no Estado é muito importante que as doações aumentem primeiro, senão nós vamos abrir mais centros transplantadores e não existe transplante se não tiver a doação. Mas, nesses últimos três anos, o Pará avançou muito na modalidade de transplante; ficou mais de 20 anos com o transplante apenas de rim e córnea, e, neste ano, já houve o início do transplante de fígado e de medula. Para avançarmos mais ainda, trazendo o transplante cardíaco, temos todos de trabalhar para que as pessoas se sensibilizem com a causa, e o paraense possa fazer mais doações; aumentando as doações, podemos, então, podemos ampliar essa modalidade de transplante no Estado”, salienta.

No caso de uma pessoa precisar de um transplante de coração no Pará, é colocado em prática um fluxo já estabelecido para qualquer modalidade de transplante que não tenha no Estado, inclusive, o cardíaco, pelo qual o paciente vai precisar fazer esse procedimento em um outro estado. “Esse paciente, quando foi indicado para um transplante, ele o foi por um especialista, e esse especialista está dentro de um hospital; então, o hospital entra em contato com a Central de Transplantes do Estado, e a Central tem um fluxo com a Central Nacional de Transplantes- CNT (no Ministério da Saúde), que vai verificar em quais hospitais dos estados que fazem aquela modalidade de transplante, no caso, o cardíaco, e identifica onde o paciente pode ser atendido”, como repassa Ierecê Miranda.

A Central estadual, informa, então, ao médico do paciente. O hospital onde se encontra o paciente, juntamente com o Tratamento Fora de Domicílio (TFD) do Município ou do Estado, vai providenciar a ida da pessoa para a unidade onde pode ser feito o transplante.

Importante no processo de doação de órgãos é que nenhum órgão pode ser direcionado para alguém, a não ser que seja um órgão de um doador vivo e que não vá fazer falta ao doador, como, por exemplo, uma parte do fígado, do pulmão e do rim. Mas, no caso do coração, com um doador falecido, serão obedecidos os critérios de fila e espera e também não se pode deixar o órgão direcionado para ninguém.

No Pará, é captado o coração somente para o aproveitamento das válvulas cardíacas. O órgão ainda não é captado para transplante, porque o coração tem um tempo de isquemia (tempo em que é retirado do doador para implantar no receptor) é muito pequeno. São apenas quatro  horas, período inviável, por exemplo, para o transporte até o vizinho mais próximo de transplante é Fortaleza (CE), que faz transplante cardíaco, considerando a extensão territorial do estado.

No caso de um paciente que se desloca do Pará até um outro estado para o transplante, via Sistema Único de Saúde (SUS), no caso de Gestão Plena, dependendo do órgão em questão, o município vai levar essa pessoa, providenciando passagens dela e do acompanhante e  garantindo uma casa de apoio para hospedagem. No caso de urgência, de uma UTI aérea, o Estado responde por esses gastos. O Estado ou o Município podem assumir o TFD.

Doações

Depois de identificado o potencial doador, ou seja, que alguém entra em óbito, se o hospital tiver uma equipe capacitada para acolher a família e repassar as informações para a doação de órgãos, assim é procedido. Quando não, a Central de Transplantes vai até o hospital. A família consentindo, a Central passa a coordenar a captação dos órgãos. Após a retirada, a Central gera a seleção de receptores para rim, fígado e córnea.

O rim e o coração exigem a compatibilidade de sangue (compatibilidade ABO). Quanto ao fígado, existe a questão do tamanho, do peso, da altura, “Nesta seleção, os pacientes na fila estão numerados, essa ordem é colocada pelo sistema, de acordo com as características de cada doador, e é gerada numa ordem de compatibilidade, de todos os critérios. Entra o tempo de fila,  a compatibilidade ABO. O sistema é inteligente para tirar uma seleção para cada doador”, destaca Ierecê Miranda.

Faustão

Como observa a especialista, depois dos critérios eletivos, entra o critério de urgência. “Foi o caso do Fausto Silva”, pontua. Depois da retirada dos órgãos, vem o tempo de isquemia. No caso do rim, pode ser implantado em um receptor em 36 horas; o fígado em até 12 horas; o coração até 4 horas. A córnea pode ficar até 14 dias.

Ierecê Miranda ressalta que desde o momento em que o apresentador Fausto Silva entrou na fila do transplante do SUS, em São Paulo, houve sete transplantes de coração no Brasil, mas ele não foi selecionado. “Ele foi selecionado no momento em que entrou em choque cardiogênico e o uso de vários inotrópicos. Ele é do Grupo B, então, tinha de que ter um potencial doador compatível em ABO com ele. Entrou a compatibilidade do sangue, de tamanho e de idade, ele tem 73 anos, tudo isso entrou e mais a urgência”, assinala.

Confira as filas para transplantes no Pará:

Rim:  573 pessoas receptores

Fígado: 4 receptores

Córnea: 995 receptores

Esclera: não tem fila (em geral captada no globo ocular junto com a córnea)

Fonte: Ierecê Miranda / Sespa

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