Seap promove a certificação de custodiados no nordeste do Pará

Os custodiados concluíram o Curso de Fabricação de Vassouras com garrafas PET e a conclusão da primeira etapa do Ensino de Jovens e Adultos (EJA)
Créditos: Reprodução

A Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) realizou, nesta terça-feira (09), a certificação de internos do Centro de Recuperação Regional de Cametá (CRRCAM). Os custodiados concluíram o Curso de Fabricação de Vassouras com garrafas PET e a conclusão da primeira etapa do Ensino de Jovens e Adultos (EJA), em parceria com o Instituto Brasileiro de Educação e Meio Ambiente (Ibraema).

Patrícia Salles, Coordenadora de Educação da Diretoria de Reinserção Social (DRS) da Seap, explica que a certificação envolve cinco Pessoas Privadas de Liberdade (PPLs) que concluíram o curso de Fabricação de Vassouras, que utilizam garrafas PET como matéria-prima. Além destes cinco, outros 10 custodiados concluíram a turma do Ibraema da primeira etapa do EJA – Educação de Jovens. Pelo sistema do Instituto, são internos com alguma formação que ensinam e educam os demais.

“A unidade prisional de Cametá possui PPLs que concluíram o Ibraema aqui e conseguiram passar no Encceja – Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos. Então a gente vê a importância do projeto de alfabetização no cárcere, que faz com que a pessoa consiga realmente sonhar em evoluir através da educação”, avalia Patrícia Salles.

A solenidade foi realizada no auditório do Campus da Universidade Federal do Pará (UFPA), de Cametá, na ocasião, esteve presente a professora doutora Lucileuda Gonzaga, coordenadora do Campus da UFPA, técnicos e servidores públicos da Seap, além de autoridades municipais e lideranças locais. Na ocasião, os familiares dos custodiados puderam participar do evento, onde tiveram a oportunidade de prestigiar o momento de certificação.

Para a coordenadora do Campus da UFPA, Lucileuda Gonzaga, é um momrnto histórico da sociedade cametaense. “É um momento que reúne à todos que podem ser responsáveis por uma sociedade que capacita as pessoas privadas de liberdade e dá oportunidade por meio de cursos, formações e educação, e vai fazer com que eles tenham facilidade de reinserção a partir do momento que cumprirem suas penas”, disse.

Lucileuda Gonzaga, coordenadora do campus da UFPA

Lucileuda Gonzaga, coordenadora do campus da UFPAFoto: Divulgação

Na unidade de Cametá, a população carcerária de 135 internos está envolvida em sua totalidade com pelo menos uma das diversas atividades, seja laboral ou educacional. Uma das parceiras da Seap é a empresa Focos Treinamentos, empresa privada com convênio com a Secretaria para a realização do curso profissionalizante de fabricação de vassouras de garrafas PET.

O CRRCAM também possui oficinas de trabalho de confecção de objetos e móveis. Toda a produção é comercializada na “Feira de Oportunidades”, evento realizado em praça pública, onde os internos participam e comercializam os produtos diretamente com os moradores do município. A participação popular é bem vista pela coordenadora de educação.

Foto: Divulgação

O diretor do CRRCAM, Júnior Xavier, asseverou que na unidade está com 100% dos PPLS desenvolvendo algum tipo de atividade, seja na área da Educação ou com Trabalho. As parcerias com outros órgãos estaduais e municipais mantêm um fluxo de trabalho para os internos e contribui significativamente para a ressocialização dos mesmos.

“Não tem ninguém parado hoje. São 135 custodiados na unidade prisional de Cametá e nós temos a primeira, segunda, terceira e quarta etapa da EJA carcerário, convênio com a Prefeitura. Nós temos o ‘Conquistando a Liberdade’ nós temos o Projetar o Futuro, Marcenaria, Tapeçaria, Fábrica de Sandálias, de Vassouras e estamos voltando com ‘Respirando a Liberdade’, que trabalha a Yoga através do projeto Arte de Viver, e temos a Arca da Leitura, que é a remissão de pena pela leitura”, explicou Xavier.

Marivaldo Marques, 32 anos, é interno do CRRCAM e estava muito feliz por concluir a 1ª etapa do EJA, pois conta que ao entrar na unidade não sabia sequer assinar o próprio nome. “Eu era analfabeto, não sabia ler nem escrever, hoje em dia, graças a Deus, graças à educação que veio para cá, eu aprendi a ler e aprendi a escrever”, relata.

Inspiração – Marivaldo conta que iniciou os estudos em 2021 e teve todo apoio dos professores e da direção da unidade. Ele diz ainda que se inspirou na trajetória do professor de Letras, Agnaldo Pompeu Moreira Junior, um ex-detento, que mudou a própria vida através da educação, onde ensinou os companheiros de cela a lerem e escrever, descobrindo a vocação para a docência. Agnaldo saiu da unidade, se formou em Letras e hoje desenvolve trabalho voluntário com internos do próprio CRRCAM.

“Ele já passou por lá, foi um aluno como nós ali no cárcere e agora ele é um professor. E ele não só professor como é Educação. Temos que agradecer primeiramente a Deus e depois ao desempenho e a força de vontade de levarem a educação pra dentro do cárcere. Pretendo seguir em frente, não parar e continuar, fazer algum curso superior para um dia ser alguém na vida”, afirmou Marivaldo.

De acordo com Lindomar Espínola Carvalho, servidora da Seap e promotora estadual do Instituto Brasileiro de Educação e Meio Ambiente (Ibraema) que trabalha a alfabetização no cárcere. Essa é a 4ª turma de cametá e este momento sempre é de muito felicidade.

“Nós estamos entregando os certificados da alfabetização e é extremamente importante chegar essa política pública na vida dessas pessoas encarceradas pessoas não alfabetizadas. É um compromisso que a Seap tem, com essa reeducação e a reinserção dessas pessoas no mundo das letras, no mundo letrado. Que essas pessoas saibam ler e escrever e traga para ela a dignidade que elas perderam, não por conta do cárcere, mas por conta de políticas que não alcançaram na vida livre”, comentou.

Essa ação do Ibraema está em várias outras unidades do estado do Pará e integra em um programa bem maior e mais amplo que é a erradicação do analfabetismo nas prisões. De forma mais abrangente, sendo um compromisso da Seap com a reinserção na vida das pessoas privadas de liberdade. (Com informações da Agência Pará)

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