Em uma dura conversa, na manhã desta quinta-feira (23), com o presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro, disse que deixará o governo se o diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, for substituído. Procurados por VEJA, Moro e Valeixo não quiseram comentar o assunto.
Moro reúne-se toda quinta com Bolsonaro, mas no encontro de hoje, o presidente comunicou a intenção de alterar a principal peça no xadrez do Ministério da Justiça. Depois de ouvir protestos de Moro e a informação de que ele também deixaria o governo, Bolsonaro não recuou.
Interlocutores do ministro dizem que generais que atuam no entorno presidencial já começaram a atuar para colocar panos quentes e conter o risco iminente de demissão.
A popularidade do ex-juiz da Operação Lava-Jato sempre incomodou o presidente e seus filhos. O cargo de Moro esteve por um fio em duas ocasiões. A primeira delas foi em setembro de 2019, quando o presidente foi informado que a Polícia Federal estava tramando contra o seu amigo Hélio Bolsonaro (PSL-RJ). A segunda foi em janeiro deste ano.
O ministro descumpriu uma recomendação do seu chefe e deu entrevista ao programa Roda Viva. Naquela ocasião, a ala militar do Palácio do Planalto também agiu para impedir a demissão do integrante mais popular do governo.
Maurício Valeixo é um nome de confiança de Moro na Polícia Federal. O delegado foi superintendente da Polícia Federal no Paraná e coordenou a operação de prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Foi também em sua gestão que foi fechada a delação de Antonio Palocci com a PF em Curitiba.