Saúde: 37% dos adultos têm excesso de peso e 25% são obesos no Pará

Especialista alerta para o alto consumo de alimentos moderados e falta de atividade física como fatores de risco à doença.
Foto: Reprodução

O Dia Mundial do Combate à Obesidade marca a próxima segunda-feira (4) com o intuito de alertar e conscientizar a população para os problemas decorrentes da doença, caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal. No Pará, 37,5% dos adultos têm excesso de peso e 25,9% são obesos, segundo a Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa). A secretaria informa, ainda, que 7,2% desses casos são referentes a crianças de 5 a 10 anos. O consumo de alimentos processados e a falta de atividades físicas são os principais fatores por trás da patologia.

No Brasil, conforme o Ministério da Saúde, o excesso de peso atinge 96 milhões de pessoas. Enquanto isso, no Pará, de acordo com a Sespa, em 2023, o sobrepeso atingiu 37.17%, enquanto os índices de obesidade I, II e II foram de 18.74%, 5.94%, e 2.23%, respectivamente. Entre crianças de 0 a 5 anos, foram registradas 5.65% com peso elevado, de 5 a 10 anos, 7.17%, e adolescentes com sobrepeso foram 17.93%, com 7.34% de obesidade e 1.34% de obesidade grave.

A médica endocrinologista, Dra. Flávia Santos, explica a diferença entre sobrepeso e obesidade. “A obesidade tem sua classificação baseada no índice de massa corporal (IMC), um cálculo feito com a altura e peso do paciente, sendo assim IMC de 25 até 29,9 Kg/m² são considerados sobrepeso, e nem sempre necessita de tratamento medicamentoso, apenas quando associado à outras doenças, como por exemplo diabetes. A obesidade é considerada a partir de IMC maior que 30 kg/m² e tem indicação de tratamento medicamentoso”, diz.

“Os níveis de obesidade também dependem do IMC. “IMC entre 30-34,9 é considerado obesidade grau I, IMC entre 35-39,9 obesidade grau III, a partir de 40 tem-se a obesidade grau III. Isso serve para ajudar a definir o tratamento. A partir do grau de obesidade, o tratamento medicamentoso pode ser prescrito. A cirurgia bariátrica tem indicação a partir de obesidade grau III ou grau II, em caso de outras patologias associadas”, completa.

Em relação aos dados de obesidade em crianças de 5 a 10 anos, da Sespa, a médica atribui os índices ao modo de alimentação e à diminuição da atividade física. “As crianças estão tendo mais acesso a alimentos processados, ricos em açúcares e gordura. Além de redução das atividades físicas e tempo de aumentado de telas (celular, vídeo games)”, afirma.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), associadas à obesidade, há uma lista de comorbidades. Entre as principais, estão hipertensão, diabetes, artrite degenerativa, doenças cardiovasculares e desajustes psico-sociais. Diante disso, muitos usam da cirurgia bariátricacomo tratamento para obesidade e outras doenças associadas, como diabetes.

“A perda de peso ocorre por redução da absorção de alimentos pela diminuição do volume do estômago. Entre os principais tipos estão: Sleeve (retirada de aproximadamente 70% do estômago, com preservação do intestino); Bypass (redução importante do estômago e mexe com a alça intestinal); Banda gástrica e Derivação biliopancreatica, sendo as últimas duas menos utilizadas atualmente”, informa.

A especialista também detalha os principais riscos e benefícios da cirurgia: “As principais preocupações são desnutrição e dificuldades de absorção de nutrientes, por isso é importante o acompanhamento contínuo e periódico com seu médico cirurgião, endocrinologista e nutricionista. As cirurgias mais atuais são menos restritivas, reduzindo assim os riscos de não absorção de nutrientes. Há, ainda, alterações psicológicas após a cirurgia, por isso também esse acompanhamento é importante. De benefícios, tem-se a redução importante do risco de evolução para doenças metabólicas (como diabetes) e diminuição do risco de doenças cardiovasculares”, declara.

Ainda, ela destaca sobre a importância da mudança do estilo de vida, junto ao procedimento cirúrgico, que necessita da liberação de um psicólogo para ser realizada. “É essencial manter esse acompanhamento com os vários profissionais de saúde, sem abandonar seu tratamento, visto que a obesidade é uma doença crônica. Além da mudança de estilo de vida. Essa é a base de todo tratamento para obesidade e prepara o paciente para o tipo de vida que a cirurgia lhe proporcionará, diminuindo algum dano psicológico”, destaca.

Renata Faria, psicóloga de 44 anos, fez a cirurgia bariátrica após o diagnóstico de diabetes, que desencadeou várias infecções graves, uma hemorragia ocular e uma deficiência visual não visível. “Eu estava só 15 a 18 quilos acima do peso, também por muito inchaço. A cirurgia bariátrica não é estética, ela é para a saúde mesmo. Quando você engorda, acarreta muitos problemas para si. Eu engordei muito durante a minha gravidez, nas duas gravidez eu fiquei grande e tive diabetes gravídica. E isso depois me desencadeou uma diabetes, mas que é genética”, explica.

A psicóloga conta, também, sobre os desafios do pós-operatório. “Não é tão fácil assim, mas eu não tive muitos problemas. Na verdade você renasce, você vira um bebê e começa a tomar aquele copinho, aquela quantidade pequena de líquido, depois você vai passando para o pastoso e depois você vai passando para o sólido”, diz.

Segundo a psicóloga, a cirurgia foi um renascimento. “Impactou na minha vida porque, primeiro, eu renasci. Se não fosse a bariátrica, eu estava cega e talvez tivesse até morrido. Eu estava com complicações muito sérias, com infecções, eu tive a consequência da deficiência visual, eu perdi um pouco da visão do olho esquerdo por conta da diabete e eu me sentia muito mal, fadigada, não dormia direito. Ela mudou a minha vida completamente, a minha rotina, a minha alimentação, a minha alegria, eu tive uma depressão crônica por conta disso, porque eu vivia doente e não tenho mais nada disso, na verdade eu fiquei curada da diabetes”, relata.

Conforme a Sespa, o Hospital Jean Bitar (HJB), em Belém, referência na realização de cirurgias em pacientes com obesidade no Pará, alcançou em janeiro deste ano, a marca de 1.672 cirurgias realizadas pelo Programa “Obesidade Zero”. A Organização Mundial da Saúde destaca, também, o incentivo à ciência para a liberação de novos medicamentos, como as canetas injetáveis, uma alternativa para combater e tratar a doença. (Portal Debate, com O Liberal)

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