CARACAS (VEN) – O diplomata Edmundo González Urrutia, principal candidato de oposição ao presidente Nicolás Maduro, lamentou hoje o episódio em que observadores interacionais foram barrados pelo governo da Venezuela. Urrutia convocou a população para as eleições neste domingo (28/7/24).
O que aconteceu
Urrutia fez pronunciamento em vídeo publicado nas redes sociais. “Temos chegado até aqui superando muitas dificuldades, e todas temos superado. Ontem mesmo proibiram a entrada de personalidades importantes de diversos países, que iriam acompanhar as eleições na Venezuela.”
O candidato refere-se a incidentes ocorridos às vésperas do pleito. O governo de Maduro proibiu a entrada de avião com ex-presidentes e uma comissão formada por dez deputados e senadores da Europa. Hoje (27), um ex-deputado espanhol —que participaria como observador das eleições a convite da oposição— também foi expulso.
No vídeo, Urrutia fez um apelo aos eleitores. “Este domingo será o dia mais importante para a expressão democrática da Venezuela nos últimos anos. É por isso que quero reforçar o convite para exercer o direito, que cada um de você tem, para transformar o seu futuro. Vocês têm uma responsabilidade muito grande sobre os seus ombros.”
Edmundo González Urrutia tem 74 anos e é considerado o principal candidato da aliança de oposição. Isso acontece porque a ex-deputada María Corina Machado, favorita nas pesquisas, foi impedida pela Justiça de ocupar cargos públicos.
Oposição em vantagem
Pesquisas de intenção de voto independentes dão vantagem à oposição. A campanha terminou na quinta-feira (25) com comícios em Caracas dos dois candidatos, Maduro e Urrutia. O clima de final de campanha era festivo nas ruas de Caracas. Nada sugeria que as pesquisas colocam Maduro atrás de Urrutia, com cerca de 30% das intenções de voto.
A mobilização é uma das chaves para a votação de domingo na Venezuela. Uma participação elevada poderia beneficiar a oposição que realizou uma campanha atípica. Maria Corina Machado, uma das principais líderes da direita, bastante radical em suas posições contra o governo de Maduro, venceu as primárias, mas foi declarada inelegível.
Ela foi substituída em abril passado por Urrutia, um ex-diplomata, quase desconhecido, de fala mansa que nunca atacou frontalmente seu oponente. “O apelo à reconciliação entre os venezuelanos esteve no centro da minha campanha”, declarou recentemente, dizendo estar confiante na vitória.
‘Guerra civil’
Há poucos dias, o líder chavista, no poder há 11 anos, sugeriu que não pretendia largar as rédeas do país. “Se não querem que a Venezuela caia num banho de sangue, numa guerra civil, certifiquem-se de que teremos a maior vitória possível”, disse ele a seus apoiadores. A declaração foi duramente criticada pelo presidente Lula (PT), apesar de o petista ser um aliado tradicional de Maduro.
Denúncia contra Maduro
Veículos foram sabotados. Na semana passada, María Corina Machado denunciou que os carros que usa para se deslocar durante a campanha eleitoral foram alvo de sabotagem —segundo ela, um deles teve os freios cortados.
A ex-deputada mostrou em um vídeo duas caminhonetes manchadas com tinta prateada estacionadas em um condomínio fechado em Barquisimeto, no estado de Lara. Ela afirmou que a tampa do cárter do motor de uma delas foi retirada, para que perdesse todo o óleo, e que “cortaram as mangueiras dos freios” da outra.
Segundo a ONG Foro Penal Venezolano, dedicada à defesa de presos políticos, mais de cem prisões já foram feitas relacionadas com a campanha da oposição. (Portal Debate, com UOL)