Retrospectiva sobre eleição de Lula, protestos e prisões de bolsonaristas em Marabá

Na cidade, aconteceram diversos protestos e prisões relacionadas à invasão da sede dos Três Poderes em Brasília. O apoio “cego” a Jair Bolsonaro (PL) levou centenas de seguidores do ex-presidente a defenderem uma intervenção militar no Brasil.
Foto: Reprodução

MARABÁ (PA) – No final da eleição mais tensa, polarizada e violenta da história recente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito novo presidente da República. O petista venceu o ex-presidente, Jair Messias Bolsonaro (PL), que pleiteava a reeleição no segundo turno das Eleições Gerais, ocorrida no dia 30 de outubro de 2022.

Na cidade de Marabá (PA), Jair Bolsonaro foi o candidato mais votado para a Presidência da República. O político de extrema direita recebeu 74.985 votos, o equivalente a 53,99% do total da cidade. Já Lula (PT) foi a escolha de 46,01% dos eleitores e recebeu 63.908 votos em uma corrida eleitoral bastante acirrada.

No entanto, bastou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), às 19h56 do domingo (30/10/22), com 98,91% das urnas apuradas, declarar Lula eleito após receber 59.563.912 votos (50,83% dos votos válidos), contra 57.675.427 votos (49,17% dos votos válidos) de Bolsonaro para os bolsonaristas partirem para a radicalização em todo o país em protesto contra o resultado da eleição. Em Marabá, no sudeste do Pará, não foi diferente.

Protesto no KM 6

No final da tarde do dia 31 de outubro de 2022 (segunda-feira), um grupo de manifestantes, inconformado com a derrota de Jair Bolsonaro, ateou fogo em pneus e estacionou caminhões na pista de rolamento para bloquear a BR-155 na entrada da cidade de Marabá, provocando uma lentidão nas proximidade da rotatória da BR-230 e BR-155, local conhecido como Km 6.

O ato teve início, por volta das 17h, no dia seguinte à divulgação do resultado do segundo turno das eleições, que terminou com a derrota de Jair Bolsonaro (PL) e vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os ânimos se exaltaram e a “chapa esquentou”, porque os bolsonaristas botaram na cabeça que poderiam impedir a posse de Lula.

No entanto, na tarde da terça-feira (1°/11/2022), a 1° Companhia Independente de Missões Especiais (CIME), por ordem do governador Helder Barbalho (MDB), desobstruiu a BR-155, com a retirada de dezenas de caminhões do meio da pista. Houve resistência e os homens da CIME tiveram que jogar spray de pimenta e utilizar balas de borracha para dispersar os golpistas.

Protesto na BR-230 em frente ao 52º BIS – Foto: Reprodução

Acampamento em frente ao 52º BIS

Na manhã da quarta-feira 2 de novembro de 2022, o grupo de manifestantes se deslocou para a frente do 52° Batalhão de Infantaria de Selva (52°), localizado no km 8 da Rodovia Transamazônica (BR-230), sentido a São São Domingos do Araguaia, onde o poderio financeiro dos bolsonaristas ficou exposto.

O ambiente estava calmo e o trânsito se movimentava com poucas intercorrências, embora a fila estivesse enorme nos dois lados do protesto na Rodovia Transamazônica, no perímetro urbano de Marabá. No Km 6, existia lentidão nas proximidade da rotatória da confluência entre as BR-230 e BR-155.

No local do protesto, foram vistas diversas caminhonetes (várias marcas) carregadas com água mineral, gados abatidos para churrasco e outros “aperitivos” incentivadores da manifestação. Na época, a reportagem do Portal Debate tentou falar com a coordenação do movimento, mas a resposta era “padrão”: “o movimento é espontâneo e não existe nenhum líder”.

Manifestantes golpistas invadem o Congresso Nacional
Foto: Reprodução

Invasão à sede dos Três Poderes em Brasília

O acampamento em frente ao 52° Batalhão de Infantaria de Selva foi desfeito dias antes dos atos terroristas, ocorridos em Brasília (DF). Na noite de 12 de dezembro de 2023, um grupo de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou invadir a sede da Polícia Federal, na região central de Brasília. Carros, contêineres e ônibus foram incendiados e houve “quebra-quebra”.

Os atos de vandalismo começaram após o protesto contra a prisão do cacique indígena, José Acácio Serere Xavante, investigado por crimes de ameaça, perseguição e abolição violenta do Estado Democrático de Direito, apoiador de Bolsonaro. O cacique era personagem frequente em atos antidemocráticos realizados no Congresso Nacional e no Aeroporto Internacional de Brasília.

Tentativa de golpe

No dia 8 de fevereiro de 2023, houve a invasão da Praça dos Três Poderes por milhares de extremistas bolsonaristas, entre eles, estavam algumas golpistas de Marabá, inconformados com a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).  A intentona fracassou e, em decorrência dela, cerca de 1,4 mil pessoas foram presas e algumas já foram julgadas e condenadas.

Os golpistas respondem por participação em atos antidemocráticos (associação criminosa), incitação à animosidade das Forças Armadas contra os poderes constitucionais, em alguns casos, depredação do patrimônio público, tentativa de abolição do estado democrático de direito, entre outros crimes.

Francisca Elisete – Foto: Redes Sociais

Professora de Marabá presa

No dia 9 de janeiro de 2023, a Polícia Federal (PF) prendeu em flagrante 2.151 pessoas que tinham participado dos atos e estavam acampadas diante de uma quartel do Exército Brasileiro em Brasília. A professora Francisca Elisete Cavalcante Farias, lotada na Secretaria Municipal de Educação de Marabá, foi detida e encaminhada para a Penitenciária Feminina do Distrito Federal, conhecida como “Colmeia”.

A educadora só foi solta e chegou a Marabá no dia 10 de março de 2023. “Elisete Farias”, como é mais conhecida nas redes sociais, foi recebida na cidade por um grupo de amigos, que incluía religiosos, influenciadores digitais e assessores de políticos da região simpatizantes de Jair Bolsonaro. Ela responde aos crimes em liberdade e deverá ser julgada nos próximos meses.

Manifestantes bolsonaristas depredam região central de Brasília em protesto contra ordem de prisão decretada por Alexandre de Moraes
Foto: Reprodução

Lista da discórdia

A caça aos golpistas Brasil afora, com a disponibilização dos e-mail: [email protected] e [email protected] para as pessoas indicarem os supostos patrocinadores da ida dos terroristas ao Distrito Federal, pelo o ministro da Justiça, Flávio Dino, provocou uma “enxurrada de deduradas” de supostos golpistas em Marabá.

Um publicação em dois grupos de aplicativos de mensagens, chamados “Zap News” e “Amiguxus”, no dia 10 de janeiro de 2023, expôs o nome de empresários, pecuaristas,  revendedores de veículos, donos de lojas e políticos de Marabá como supostos patrocinadores da ida de terroristas a Brasília (DF).

O caso deu o que falar nas redes sociais e foi parar na 21ª Seccional Urbana de Marabá. Com as prisões ocorridas na Capital Federal, todo mundo “queria tirar o seu da reta”.

Professora Claudebir Beatriz – Foto: Redes Sociais

Outra professora presa em Marabá

No dia 18 de abril de 2023, a professora Claudebir Beatriz Da Silva Campos, de 46 anos, foi presa na 10ª fase da “Operação Lesa Pátria”. A educadora é suspeita e investigada por participar dos atos golpistas de 8 de janeiro em Brasília, segundo a Polícia Federal (PF).

A professora Claudebir Campos foi candidata a deputada estadual pelo Pará na eleição de 2022 pelo Partido Liberal (PL) e recebeu 1.460 votos, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (STF). Ela só foi solta no dia 18 de dezembro de 2023 e chegou ao Terminal Rodoviário de Marabá 5 dias antes do Natal.

Ricardo Guimarães – Foto: Redes Sociais

Presidente do Sindicato Rural de Marabá

A Polícia Federal (PF) deflagrou a “Operação Embarque Negado”, na manhã de 6 de julho de 2023,  com o objetivo de investigar possíveis financiadores dos atos de invasão ao Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília, ocorridos em dezembro de 2022.

Durante a ação, o pecuarista Ricardo Guimarães de Queiroz, atual presidente do Sindicato Rural de Marabá, foi conduzido e prestou depoimento na sede da PF em Marabá. Contra Ricardo Guimarães, havia um mandado de busca e apreensão. Na época do acampamento em frente ao 52º BIS, o pecuarista gravou vídeos, onde indicava que ele era um dos organizadores do protesto em Marabá.

A investigação diz respeito aos eventos ocorridos nos dias 2 e 8 de dezembro de 2022, quando um grupo de pessoas invadiu a área de acesso restrito e adjacências do Aeroporto Internacional JK, causando sérios transtornos à segurança aérea e ao funcionamento do aeroporto de Brasília.

Presidente Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL) – Foto: Ricardo Stuckert

Pesquisa

Uma pesquisa realizada pela Genial/Quaest mostra que, um ano depois, 89% dos entrevistados condenam os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. O levantamento foi realizado entre os dias 14 e 18 de dezembro de 2023, com 2.012 entrevistas presenciais —com brasileiros de 16 anos ou mais— em todos os estados. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.  (Portal Debate)

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