Uma denúncia grave, envolvendo crime de injúria, discriminação social e ataques contra a honra, ocorrido na segunda-feira (15), chegou a Redação do Portal Debate Carajás, tendo como vítima, a operadora de caixa, Cristiane Gomes de Souza (a vítima autorizou a citação de seu nome na reportagem), casada, funcionária de um Hipermercado, às margens da BR-230, em Marabá, no sudeste do Pará.
De acordo com a narrativa constante no boletim de ocorrência, registrado pela jovem, na 21ª Seccional de Polícia Civil, por volta de 16 horas, um cliente chegou ao caixa, passou os produtos, mas na hora de efetuar o pagamento, apresentou apenas a CNH e disse: “Bota na minha conta!”. Segundo Cristiane, ela disse que era necessário o cliente apresentar o ‘Cartão da Loja’, localizada no bairro Nova Marabá.
Consta no BO que a partir desse momento, a operadora de caixa passou a ser agredida com palavras de baixo calão. “Bosta, ridícula, sua feia!”, teriam sido os primeiros impropérios destilados contra a vítima pelo agressor. Como o sistema operacional estava lento, o suspeito pegou as compras e se dirigiu a outro caixa. O nome do cliente agressor não foi divulgado.
No enredo criminal, o ‘valentão’, após finalizar o pagamento das compras, começou a descer a escada e continuou a vomitar palavras que atingiram a honra e a posição social de Cristiane: “Rapariga, prostituta, bosta, empregadinha de merda!”, teria dito o suspeito.
Segundo a jovem, ela estava muito nervosa e se dirigiu a um bebedouro para tomar água e tentar se acalmar. Não satisfeito, o indivíduo a atacou novamente com uma nova saraivada de insultos: “Empregadinha de merda, bosta!”. Como se não bastasse, conforme o boletim de ocorrência, o indivíduo partiu para cima da funcionária, insinuando puxar um canivete, tentado agredi-la fisicamente.
Conselho da Mulher
No final da tarde de ontem (17), o Portal Debate Carajás entrou em contato com a Profª Claudia Araujo, presidente do Conselho de Defesa dos Direitos da Mulher de Marabá (Comdim), ela afirmou que a entidade ainda não havia sido notificada, porém diante da gravidade da denúncia, o Conselho da Mulher vai acompanhar o caso ‘de perto’, inclusive com visita à empresa e a Delegacia Especializada de Apoio a Mulher (Deam) para acompanhar o andamento das investigações.
Empresa
Às 12h30, a Redação estabeleceu contato com a gerência do Hipermercado, em Belém, e a Assessoria de Comunicação informou que o caso ‘está sendo apurado internamente’ e enviou a nota a seguir: “A situação está sendo apurada pela autoridade policial e os procedimentos internos da empresa não são objeto de divulgação para nenhum meio de comunicação, de forma inclusive para não constranger as partes envolvidas neste fato”.
No entanto, o Portal Debate Carajás conseguiu apurar que em vez de apoiar a funcionária, a direção do Hipermercado ainda teria advertido Cristiane de forma verbal. De acordo com colegas de trabalho, a vítima vem sofrendo assédio moral para não prosseguir com o processo contra o cliente agressor.
Vale ressaltar que para a Polícia Civil identificar o suspeito, basta acessar a máquina onde ele passou o cartão e verificar as imagens gravadas pelo sistema de monitoramento interno. Se realmente ainda estiver ocorrendo assédio moral, “é o fim da picada”.
Câmara Municipal
A presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, da Câmara Municipal de Marabá (CMM), vereadora Priscila Veloso (PSD), esclareceu que a CMM vai acompanhar o desenrolar das investigações, no intuito de ajudar a Polícia Civil a identificar e responsabilizar o agressor de Cristiane Souza, pois nenhum ser humano pode ser tratado dessa maneira, muito menos uma mulher casada.
Polícia Civil
O delegado Thiago Carneiro, Superintendente de Polícia Civil do Sudeste do Pará, afirmou que ainda não tinha se inteirado do caso, mas disse que a vítima poderá procurá-lo na sede da 10ª Região Integrada de Segurança Pública (RISP), ao lado do prédio da Cosanpa, no bairro Nova Marabá, porém o registro do boletim de ocorrência torna-se o início de um inquérito policial.
Sindicato dos Comerciários
O Sindicato dos Empregados no Comércio do Município de Marabá e Sul do Pará (Sindecomar) está ‘morto’, pois desde novembro de 2019, nunca houve a eleição de uma nova diretoria, os trabalhadores estão abandonados e o processo se arrasta nos corredores da 2ª Vara do Trabalho de Marabá, vinculada ao Tribunal do Trabalho da 8ª Região, deixando os comerciários sem representatividade na complicada relação trabalhista entre patrão e empregados.
Debate Carajás
