Vinícius Soares (*)
A interdição do Estádio Asdrúbal Bentes coloca a segurança dos torcedores como prioridade absoluta. Baseada em laudo técnico do Corpo de Bombeiros, a decisão do prefeito Toni Cunha se justifica pelas irregularidades identificadas, como a ausência de sinalização adequada e sistemas de emergência inoperantes. Não obstante, em vez de reconhecer os problemas e colaborar para resolvê-los, o presidente do Águia de Marabá, Ferreirinha, preferiu transformar o episódio em uma questão política, atribuindo à Prefeitura uma culpa que não lhe cabe.
O Águia de Marabá é um clube com história e tradição, mas não se pode ignorar que a entrega do estádio em condições seguras deveria ter sido cobrada da gestão anterior, que teve oito anos para concluir a obra e só o fez nos 45 minutos do 2º tempo. Criticar uma administração que está em exercício há menos de um mês e esperar que ela corrija problemas acumulados é desleal e não ajuda a resolver a situação. A diretoria do clube deveria concentrar seus esforços na solução, em vez de politizar um tema que envolve a segurança de seus torcedores.
Nesse contexto, faz-se necessário destacar que, se algo acontecesse durante um jogo com grande público, as críticas seriam ainda mais severas, e os mesmos — pouquíssimos — que hoje atacam a interdição estariam exigindo respostas da Prefeitura, como oportunistas políticos que são. A alegação de que a responsabilidade é do clube, conforme disciplina a Lei Geral do Esporte, não elimina a obrigação moral e administrativa do poder público de proteger a população. Ninguém quer ver a paixão pelo futebol se transformar em risco de vida.
O apoio expressivo à decisão do prefeito, manifestado por muitos torcedores nas redes sociais, mostra que a população entende a gravidade da situação melhor do que o próprio clube. A insatisfação com a postura do Águia, que tenta transformar uma questão técnica em embate político, deixa claro que a maioria prefere um estádio seguro, mesmo que isso signifique adiar a realização de grandes jogos em Marabá. A segurança não pode ser tratada como um mero detalhe, como Ferreirinha tenta fazer parecer.
O momento exige responsabilidade e bom senso. Prefeitura e Águia precisam superar esse momento e agir juntos para resolver os problemas estruturais do estádio, assegurando que ele seja um ambiente seguro para todos. O esporte deve ser uma fonte de união e orgulho, mas isso só será possível se todas as partes compreenderem que a vida e o bem-estar das pessoas estão acima de qualquer outro interesse. Afinal, nenhum gol vale mais do que a vida de um torcedor.
(*) Vinícius Soares é jornalista, colunista de Política e editor-chefe do Portal Debate há sete anos.