MARABÁ, SUDESTE DO PARÁ — César Aldrighi, presidente nacional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), esteve em Marabá nesta quinta (29) e sexta-feira (1º) para uma série de compromissos na região sudeste do Pará. Durante sua estada, concedeu uma entrevista ao Portal Debate na sede do órgão, localizada no núcleo Cidade Nova. O engenheiro agrônomo foi confrontado pelo jornalista Vinícius Soares sobre o escândalo de assédio sexual envolvendo o ex-superintendente Reginaldo Negreiros, o motivo da nomeação de um sulista para gerir o instituto na região e as invasões de propriedades rurais promovidas pelo MST no país.
Durante a entrevista, Aldrighi causou controvérsia ao minimizar as invasões de propriedades rurais promovidas pelo Movimento Sem Terra (MST) durante o governo Lula, preferindo usar o eufemismo “ocupações” para descrever tais ações. O presidente do Incra alegou que os membros do MST demonstram “interesse” em ter acesso à terra, ignorando o contexto de ilegalidade e conflito que muitas vezes acompanha as ocupações do movimento.
Além disso, ao ser questionado sobre o escândalo de assédio sexual envolvendo o ex-superintendente regional do Incra, Reginaldo Negreiros, Aldrighi optou por uma resposta evasiva, afirmando que aguardará o relatório para entender a denúncia.
Aldrighi ressaltou ainda que a exoneração de Negreiros foi solicitada pelo próprio ex-superintendente, mas circula nos bastidores que ele teria sido pressionado por familiares e políticos a deixar a função após a repercussão do caso, noticiado com exclusividade pelo site Curupira Marabá.
Superintendente “tampão”?
A nomeação temporária do novo superintendente do Incra em Marabá, Claudinei Chalito, também foi alvo de questionamentos, posto que Chalito (que é paranaense) desconhece a realidade do sul e sudeste do Pará. Aldrighi admitiu que Chalito é temporário, mas não deu prazo para a escolha de um superintendente definitivo, deixando uma lacuna de incerteza na gestão do órgão na região.
O que se espera, porém, é que a nomeação do superintendente definitivo para ocupar a maior unidade do Incra no país seja feita em consenso com os anseios dos movimentos sociais envolvidos na luta pela reforma agrária e dos partidos políticos da base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Marabá.
Historicamente, nas gestões petistas, a escolha do superintendente do órgão na região tem passado pelo crivo da família Ten Caten. Bernadete ten Caten, ex-deputada estadual, foi superintendente regional no primeiro governo de Lula (sob inúmeros protestos) e chegou a ser condenada por improbidade administrativa pela Justiça Federal por sua gestão no órgão.
Reforma agrária
O presidente do Incra, César Aldrighi, também foi questionado sobre como anda a reforma agrária, cujo conceito definido por lei é a desapropriação de imóveis rurais que não cumprem a função social, reconhecendo que esse trabalho demanda orçamento, que ainda está reduzido em razão da “falta de investimentos nos últimos oito anos”.
Ele criticou os governos federais passados e chamou a política do ex-presidente Jair Bolsonaro de “ato deliberado para não fazer reforma agrária”.
Confrontado por Vinícius Soares sobre as invasões de propriedades rurais promovidas pelo MST em todo o país sob o governo Lula, César Aldrighi relativizou as ações do movimento, chamando invasão de “ocupação”, que na visão dele é fruto do processo histórico de concentração de terras no Brasil e prova da necessidade da reforma agrária. Ele garantiu que esse tema está na agenda do planejamento do Incra para Marabá e região. (Portal Debate)
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