Prefeitura vira máquina de “moer reputação” de políticos em Marabá

Diversos candidatos que já concorreram à eleição para o cargo de prefeito de Marabá, caíram em desgraça ou desapareceram do cenário político da Região de Carajás.
Foto: Reprodução

MARABÁ (PA) – Desde a eleição do candidato a presidente do Brasil, Tancredo Neves, em 1986, e o fim da ditadura militar instalada no Brasil no ano de 1964, a maioria dos políticos que ocuparam a cadeira de prefeito da cidade de Marabá, no sudeste do Pará, tiveram um final de carreira política melancólico, caíram no ostracismo ou foram esquecidos pelos eleitores da Terra de Francisco Coelho.

Ao centro, ex-prefeito Hamilton Bezerra – Foto: Reprodução

1. Hamilton Bezerra

O professor Hamilton de Brito Bezerra (PMDB) foi eleito no dia 1º de janeiro de 1986 e terminou o mandato no dia 31 de dezembro de 1988. Naquela época, não havia eleição e “Hamilton Bezerra”, como o político era conhecido, teve um mandato “tampão de 3 anos, pois Marabá pertencia a chamada Área de Segurança Nacional.

Com o fim do mandato, “Hamilton Bezerra” lutou durante décadas junto ao Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJPA), onde foi absolvido, somente em 2015,  acusado  de falhas nas prestações de contas de sua gestão. Na época, o ex-prefeito chegou a ir embora do Brasil e só retornou a Marabá décadas depois.

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Ex-prefeito Nagib Mutran – Foto: Reprodução

2. Nagib Mutran (Nagibinho)

O médico Nagib Mutran Neto (PDC) foi prefeito no período 1º de janeiro de 1989 a 16 de novembro de 1992. “Nagibinho” teve o mandato cassado sob suspeita de corrupção e briga com a Câmara Municipal de Marabá (CMM).

Anos depois, o “Galego”, como ele era chamado pelo amigos, conseguiu se eleger vereador, porém sua carreira política foi encerrada com sua morte provocada pela covid-19 no dia 22 de abril de 2020, aos 62 anos, sem conseguir o protagonismo do passado na política de Marabá.

Divulgação
Haroldo Bezerra, o último à direita da foto – Foto: Reprodução

3. Haroldo Bezerra

O ex-prefeito Haroldo da Costa Bezerra Pinheiro (PMDB) assumiu o cargo de prefeito de Marabá no dia 1º de janeiro de 1993. Ele comandou a Prefeitura Municipal de Marabá (PMM) até o dia 31 de dezembro de 1996. O político foi deputado estadual por dois mandatos (1983 a 1986) e (1987 a 1991).

Depois desta época, ele mudou-se para Belém, onde exerceu diversos cargos nos governos Almir Gabriel (PSDB) e Simão Jatene  (PSDB). No entanto, Haroldo Bezerra nunca mais assumiu nenhum protagonismo político em Marabá. O ex-prefeito pouca anda por aqui e não possui mais nenhuma influência política na cidade.

Dr. Veloso tinha grande carisma popular e fez uma gestão de grandes obras em Marabá na virada do século / Fotos: Acervo da família Veloso
Doutor Veloso – Foto: Redes Sociais

4. Doutor Veloso

O médico, Geraldo Mendes de Castro Veloso (PFL/PSDB), tornou-se a primeira exceção diante da máquina de “moer reputação” de políticos em Marabá. “Doutor Veloso” foi eleito prefeito no dia 1º de janeiro de 1997 e tomou posse no 2º mandato no dia 1º de janeiro de 2001.

Entretanto, no segundo mandato, seu governo ficou manchado por casos de corrupção. O seu filho, conhecido como Dário Veloso, chegou a cumprir pena por crimes praticados durante a gestão do pai. O médico faleceu no dia 2 de fevereiro de 2002, vítima de um câncer. “Doutor Veloso” é visto no meio político como o prefeito que transformou a cidade de Marabá.

Pode ser uma imagem de 3 pessoas
“Tião Miranda” – Foto: Redes Sociais

5. Tião Miranda

O atual prefeito de Marabá, Sebastião Miranda Filho (PSD), o “Tião Miranda”, foge a esta regra. Ele assumiu a Prefeitura de Marabá no dia 6 de fevereiro de 2002 com a morte do médico e prefeito “Doutor Veloso”. Como fez uma boa gestão, o político foi reconduzido ao cargo em 1º de janeiro de 2005.

No ano de 2010, “Tião Miranda” foi eleito deputado estadual pelo Pará por dois mandatos e ficou no cargo no período de 1º de janeiro de 2011 a 31 de dezembro de 2016. No dia 1º de janeiro de 22017, Sebastião Miranda voltou a assumir o cargo de prefeito de Marabá e foi reeleito no mês de outubro de 2020 para o mandato que se encerrará no dia 31 de dezembro de 2024, com uma aceitação popular que beira os 80%. “Tião Miranda” é o político com o maior número de mandatos eletivos na história de Marabá.

O deputado Asdrubal Bentes com a carta de renúncia nas mãos (Foto: Gabriela Korossy / Câmara dos Deputados)

6. Asdrubal Bentes

O ex-deputado federal Asdrubal Mendes Bentes (MDB) é considerado o parlamentar mais atuante da história de Marabá. O político foi deputado federal por 5 mandatos. Ele chegou a concorrer à Prefeitura de Marabá, porém foi derrotado por “Tião Miranda”. No dia 26 de março de 2014. O eemedebista foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por esterilização cirúrgica irregular de mulheres em 2011.

Asdrubal foi  sentenciado a 3 anos, 1 mês e 10 dias de prisão domiciliar. Candidato a vereador pelo MDB , Asdrubal Bentes obteve 798 votos, mas não foi eleito em Marabá nas Eleições 2016. O ex-deputado Asdrubal Mendes Bentes morreu, no dia 27 de abril de 2020, aos 80 anos, vítima de complicações da Covid-19, sem consegui realizar o sonho de ser gestor da cidade que amava. Para seus correligionários, ele foi um injustiçado na política de Marabá, onde merecia ser prefeito.

Ex-prefeito Maurino Magalhães – Foto: Reprodução

7. Maurino Magalhães

O ex-prefeito Maurino Magalhães de Lima (PP) assumiu a Prefeitura de Marabá, como Presidente da Câmara Municipal de Marabá (CMM), em 21 de janeiro de 2005; 20 de abril de 2005 e 1º de janeiro de 2009 devido a afastamento de prefeitos eleitos pela Justiça do Pará. No ano de 2008, o ex-vereador foi eleito Prefeito de Marabá, mas fez uma péssima gestão aos olhos da população e não conseguiu a reeleição.

Maurino Magalhães saiu da gestão com cerca de 100 processos na Justiça. O político continua inelegível, nunca teve as contas aprovadas pela Câmara Municipal (CMM), embora tenha exercido diversos mandatos, nem conseguiu eleger o filho a vereador por duas tentativas. Maurino é mais uma vítima da chamada “maldição de ex-prefeitos” de Marabá.

Pelo “andar da carruagem”, a vida política dele chegou ao fim, pois a imagem do político se acaba com o tempo. O nome de Maurino Magalhães virou chacota e “memes” nas redes sociais. Ele é visto por boa parte dos eleitores como incapaz de gerenciar com eficiência a Prefeitura de Marabá.

Reprodução/Facebook
Ex-prefeito João Salame – Foto: Reprodução

8. João Salame

O jornalista João Salame (PPS) derrotou o atual Prefeito Sebastião Miranda (PTB) em um disputa acirrada, em outubro de 2011, com 56.392 dos votos válidos (56,71%). Salame foi eleito prefeito no auge do “lavajatismo” na política do Brasil. Nesta época, o Poder Judiciário e o Ministério Público, “turbinados” pela ações persecutórias do procurador Deltan Dallagnol e pelo juiz Sérgio Moro, massacravam os políticos no Brasil.

Ele foi afastado do cargo duas vezes, foi preso, porém foi inocentado no processo. João Salame foi candidato a deputado estadual em 2022, porém não conseguiu se eleger. Ele disputou a eleição pelo PSB e alcançou apenas 2.962 votos (2,20%) em Marabá. A votação dele no Pará chegou a 20.674 votos.

Para boa parte da população, Salame trabalhou bastante, entretanto algumas decisões equivocadas na gestão e a briga com o judiciário e Ministério Público atrapalharam seu governo que ficou mal avaliado pela população de Marabá. Hoje ele mora em Brasília e articula apoios para uma disputar uma nova eleição para deputado estadual em 2026 por Marabá, sua terra natal.

Dr Veloso (2)
Dr. Manoel Veloso – Foto: Reprodução

9. Manoel Veloso

O medico cardiologista, Dr. Manoel Veloso, disputou várias vezes a eleição para Prefeito de Marabá, mas nunca andou nem perto de vencer o certame. O Político é filho do saudoso Prefeito “Doutor Veloso” e sempre buscou alcançar o prestígio e carisma do conceituado pai, todavia nunca logrou êxito.

Segundo diversas lideranças políticas, Dr. Manoel Veloso sempre pecou nas articulações na hora de fechar apoios para sua candidatura. Ele também carrega a fama de só aparecer para a população em época de eleição e possui dificuldades em honrar alguns acordos fechados depois da corrida eleitoral. De acordo com as “más línguas”, o político teria decidido se a8fastar da vida pública para cuidar de seus negócios. O médico seria mais uma vítima da chamada “maldição da eleição” para prefeito de Marabá.

Irismar Melo – Foto: Reprodução

10. Irismar Melo

A advogada e professora, Irismar Melo (PP), já foi vereadora durante 3 mandatos em Marabá. Na eleição para prefeito, em 2020, ela alcançou 6. 806 votos válidos. Nas eleição de 2022, a ex-vereadora concorreu a vaga de deputada federal pelo (PP), não conseguiu ser eleita, porém alcançou uma visibilidade e prestígio maiores junto ao eleitor de Marabá.

A sua pré-candidatura articula a viabilidade de um companheiro de chapa “de peso” para se contrapor aos grupos políticos do deputado “Chamozinho” (MDB), líder nas pesquisas, e Luciano Dias, candidato do atual Prefeito Tião Miranda, que já começa a aparecer muito bem nas chamadas pesquisas para “consumo interno”. Para Irismar Melo, existe espaço para uma 3ª via se consolidar na eleição de 2024. Irismar “rema” bastante para fugir da “sina ruim” de quem se candidatou a prefeito de Marabá.

Luís Carlos e Bernadete Ten Caten – Fotos: Reprodução

11. Luís Carlos Pies e Bernadete Ten Caten

O casal Luís Carlos Pie (PT) Bernadete Ten Caten (PT) possui uma das maiores rejeições dos bastidores da política em Marabá. Eles já ocuparam cargos de vereador, vice-prefeito e deputada estadual. Bernadete já foi candidata a prefeita em uma chapa com o ex-vereador “Ferreirinha” que também nunca mais conseguiu se eleger a vereador. Luís Carlos foi o companheiro de João Salame na eleição de 2011. O político assumiu o cargo interino de prefeito por duas vezes e sempre fez as suas “lambanças” na gestão.

Durante o afastamento de Salame, iniciado no mês de agosto de 2016, Luís Carlos brigou com “todo mundo”, demitiu diversos secretários, pagou a quem não devia, deixou o pagamento de salários e fornecedores atrasados e veio à tona um certo desequilíbrio emocional do político petista.

Já a ex-deputada Bernadete Ten Caten teve os seus direitos políticos cassados pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE/PA), acusada pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) de compra de votos na campanha eleitoral de 2010. De lá para cá, ela brigou nos tribunais pelo retorno do mandato, porém desapareceu da vida pública de Marabá. “Será que existe uma maldição? Não sei, mas muita gente se deu mal na luta pela cobiçada Prefeitura de Marabá”.

Toni Cunha – Foto: Ascom/Alepa

12. Toni Cunha

O deputado estadual Toni Cunha (PL) escapou por pouco desta “maldição”. O parlamentar foi eleito junto com “Tião Miranda” em 2016 e resolveu lançar “carreira solo” na política. Com o apoio de Sebastião Miranda, o delegado da Polícia Federal foi eleito deputado estadual em 2018 com 26.958 votos em Marabá. No ano de 2020, ele rompeu com “Tião Miranda” resolveu se candidatar a prefeito, mas só fez 8.817 votos (6,79%) na Terra de Francisco Coelho.

Na onda do bolsonarismo radical, Toni Cunha voltou a se reeleger a deputado estadual em 2022, mas só obteve 9.157 votos (6,79%) em Marabá e quase foi alcançado pela “maldição” dos ex-candidatos a prefeito. Nos últimos meses, Toni Cunha avalia se vale a pena ser candidato a prefeito de Marabá, pois a votação dele foi muita baixa nos dois últimos pleitos (8.817 votos) e (9.157 votos) em Marabá.

Marabá recebe audiência pública do PPA nesta sexta-feira | Agência Pará
Orla de Marabá – Foto: Reprodução

Análise

O político que estiver em pleno exercício de seu mandato, seja ele onde for, precisa avaliar muito bem seus passos rumo a candidatura a prefeito de Marabá na eleições do dia 6 de outubro de 20224. As histórias acima demonstram que a maioria absoluta caiu no ostracismo político e desapareceu da vida pública. Como diz o ditado popular: “Cautela e caldo de galinha nunca fizeram mal a ninguém”. Afinal, em política, “caititu fora do bando vira comida de onça”(Pedro Souza)

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