Policiais militares de Marabá são condenados por morte de advogado

Julgamento durou dois dias e condenou Rony Macedo Alves Paiva e Wanderson Silva de Sousa pela execução do crime que aconteceu em 2017 em Araguaína
Foto: Reprodução

A Justiça condenou a mais de 25 anos de prisão os policiais militares Rony Macedo Alves Paiva e Wanderson Silva de Sousa — que são lotados no 4º Batalhão de Polícia Militar, em Marabá, no sudeste do Pará — pela morte do advogado Danillo Sandes. Eles eram acusados como executores do crime e a sentença saiu no final da tarde desta quarta-feira (21), após dois dias de julgamento em Araguaína, norte do estado.

Conforme a sentença, Rony foi condenado a 25 anos, dois meses e 14 dias de prisão. A pena de Wanderson, que também é apontado como integrante de suposto grupo de extermínio, é de 26 anos, cinco meses e 14 dias, e ainda o pagamento de multa.

A defesa de Rony informou que já interpôs a apelação e agora vai esperar a decisão do TJ sobre o caso. Ele está solto por meio de um habeas corpus do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que deu o direito de começar a cumprir a pena somente após o trânsito em julgado.

A defesa de Wanderson disse que irá recorrer da decisão nas instâncias superiores para tentar anular o julgamento. Também ressaltou que o julgamento foi parcial, devido ao apelo emocional que o caso gerou na população de Araguaína, e que tentou transferir o Júri para Palmas dias antes. O recurso também vai pedir que um novo júri ocorra em outro município.

O advogado foi morto no final de julho de 2017 por causa da disputa por uma herança de R$ 7 milhões. A morte da vítima teria sido encomendada pelo farmacêutico Robson Barbosa da Costa, de 32 anos, segundo apontaram as investigações da polícia na época. Ele era cliente do advogado e parte em uma ação de inventário. Também é acusado pelo crime João Oliveira Santos Júnior.

A investigação sobre a morte do advogado apontou que o crime foi executado pelo ex-PM Wanderson Silva de Sousa e o PM João Oliveira Santos Júnior, além de Rony Macedo, que seria um suposto pistoleiro.

Todos vão responder por crime de homicídio triplamente qualificado, ocultação de cadáver e associação criminosa.

Em 2018, a Justiça determinou que os acusados fossem a Júri Popular. Na época, Rony Macedo chegou a ser absolvido falta de provas, mas o Ministério Público Estadual (MPTO) recorreu. Em 2020, a 1ª Turma Julgadora da 2º Câmara Criminal reformou a sentença de primeiro grau e decidiu levar todos a júri popular. O Tribunal também entendeu que o crime foi praticado por milícia privada ou grupo de extermínio.

O julgamento de dois dos acusados começou na terça-feira (20) no Fórum de Araguaína e durou todo o dia, mas não foi finalizado. Nesta quarta-feira (21), ocorreu o pronunciamento da defesa, a réplica e tréplica. O veredito saiu no final da tarde.

Segundo o Tribunal de Justiça (TJ), Robson Barbosa da Costa e João Oliveira Santos Júnior recorreram e aguardam decisões de recursos.

Relembre o caso

Robson Barbosa da Costa, Wanderson Silva de Souza, Rony Macedo Alves Paiva e João Oliveira Santos Júnior foram indiciados pela Polícia Civil em novembro de 2017. O farmacêutico é apontado como mandante e os militares como executores.

Os investigadores apontaram que Robson tenha decidido matar Danilo após ele se recusar a participar de uma fraude. Danilo representava Robson na disputa por uma herança de R$ 7 milhões e não quis ajudar o farmacêutico a esconder parte do dinheiro dos outros herdeiros.

Conforme o MPE, o descontentamento de Robson ocorreu durante o acerto dos honorários advocatícios. Danilo ingressou com ação judicial cobrando a dívida e obteve decisão que o obrigou o farmacêutico a vender um caminhão para quitar a dívida.

A partir daí, Robson teria passado a arquitetar a morte de Danilo. Segundo o MPE, Rony Macedo Alves Paiva foi o intermediário que contratou os dois pistoleiros, Wanderson Silva da Sousa e João Oliveira Santos Júnior, para executarem o advogado. Pelo crime, os policiais receberiam R$ 40 mil.

O advogado teria sido atraído com o pretexto de que queriam fazer um inventário no valor de R$ 800 mil, além de imóveis e gado na região de Filadélfia. No dia 25 de julho de 2017, Danilo Sandes marcou encontro com militares entrou no veículo deles para que pudessem ir até Filadélfia.

No percurso, os pistoleiros deram dois tiros na nuca de Danilo e esconderam o corpo em um matagal. A vítima só foi localizada dias depois pelo morador de uma fazenda. (Portal Debate, com informações de g1 Tocantins)

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