PF prende secretário de Obras em terra indígena com madeira ilegal

Capotamento de caminhão em ponte foi crucial para o resultado de prisão em flagrante | Foto: Divulgação

Ponte caída, caminhão com adesivo de prefeitura tombado, toras de madeira entulhadas e viatura da Polícia Federal de Marabá estacionada. Estes elementos figuram na imagem que abre esta matéria e são o motivo pelo qual um secretário municipal de Obras e um motorista foram presos no sudeste do Pará na quinta-feira (1º).

Erinaldo Pimentel Matos foi preso em flagrante por policiais federais tentando retirar um caminhão do PAC 2, que transportava madeira ilegal em toras, de uma grota. Ele é secretário de Obras no município de Palestina do Pará, distante 110 quilômetros de Marabá via BR-230.

Junto com o executivo, foi preso o motorista Welbes Silva Nascimento, que conduzia o caminhão carregado de madeira nativa no capotamento. No interrogatório, ele alegou seguir ordens de Erinaldo. Ambos foram conduzidos à Delegacia de Polícia Federal em Marabá.

De acordo com o auto de prisão em flagrante que já tramita na 2ª Vara Federal Cível e Criminal da SSJ de Marabá, o secretário Erinaldo havia adquirido 24 toras de madeira por R$ 8.400 para reformar uma ponte em Palestina do Pará. O detalhe é que a madeira foi extraída ilegalmente da Terra Indígena Sororó, Aldeia Suruí, o que constitui crime contra a flora.

Caminhão do PAC 2 tombou com a queda da ponte de madeira

Erinaldo e Welbes foram pegos no ato pelas autoridades tentando remover o caminhão tombado com madeira ilegal, inclusive com o uso de um trator. Eles comunicaram que a compra das toras foi feita com um madeireiro chamado Gilberto, conhecido como “Didiu”.

O caminhão capotado possuía um adesivo com a logomarca da Prefeitura Municipal de Palestina do Pará. Cada tora de madeira ilegal media 6 metros de comprimento e 50 centímetros de diâmetro e custou aos cofres públicos R$ 350. Havia ainda outro caminhão no local da ocorrência, também carregando madeira. Este era emprestado da Prefeitura Municipal de Brejo Grande do Araguaia.

No boletim policial de vida pregressa, consta que o secretário Erinaldo já foi preso anteriormente por conta de uma briga em bar. Ele também informou ser casado com uma técnica de enfermagem há 24 anos. Durante a condução, conforme escreveu uma delegada, Erinaldo foi colaborativo e demonstrava preocupação com a possibilidade de permanecer preso. Além disso, o secretário mancava por ter pisado em um prego antes do flagrante.

Ao todo, 24 toras de madeira eram transportadas nos dois caminhões, sendo 11 neste

Colaboraram com a PF na operação o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que ficou responsável por apreender a madeira ilegal e os caminhões, e a Fundação Nacional do Índio (Funai), que denunciou a movimentação suspeita na reserva indígena.

Em regime de plantão nesta sexta-feira (2), o Ministério Público Federal (MPF) se manifestou pela legalidade das prisões em flagrante, mas requereu a liberdade de Erinaldo e Welbes com base nos “bons antecedentes” dos acusados e em uma recomendação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) pela redução de prisões provisórias em face da pandemia da covid-19.

O pedido foi acatado pelo juiz plantonista Guilherme Osório Pimentel, da 8ª Vara Federal de Belém, no início da noite. Como condicionantes, Erinaldo e Welbes devem comparecer em juízo sempre que intimados e ficam proibidos de se ausentar das residências por mais de oito dias sem comunicar às autoridades o lugar em que podem ser encontrados.

Procurada pela Reportagem, a Prefeitura de Brejo Grande do Araguaia não comentou sobre o uso do caminhão no transporte ilegal de madeira pelo município ao qual cedeu o veículo. (Vinícius Soares/Debate Carajás)

Este caminhão pertence à Prefeitura de Brejo Grande do Araguaia, que silenciou sobre o assunto

Relacionados

Postagens Relacionadas

Nenhum encontrado

Cadastre-se e receba notificações de novas postagens!