Bolsonaro sobre alta dos combustíveis: “Paciência do povo se esgotou”

Litro da gasolina teve alta de 7,04% nas refinarias; diesel sobiu 9,15%. Consumidores reclamam dos constantes ajustes nos preços do combustível
Foto: Carla Carniel

ALTA DOS COMBUSTÍVEIS – Nesta terça-feira (26), a Petrobras vai reajustar mais uma vez os preços da gasolina e do diesel para as distribuidoras. Segundo comunicado divulgado ontem (25) pela petroleira, os novos valores passam a vigorar a partir de hoje.

De acordo com a estatal, a alta já havia sido antecipada no domingo pelo presidente Jair Bolsonaro. Durante um evento em Brasília, ele afirmou que “infelizmente, pelos números do preço do petróleo lá fora e do dólar aqui dentro nos próximos dias, a partir de amanhã, infelizmente teremos reajuste do combustível”, argumentou.

Bolsonaro disse, na manhã desta segunda-feira, durante entrevista à Rádio Caçula FM, de Três Lagoas, Mato Grosso do Sul, que a paciência do povo se esgotou em relação aos preços dos combustíveis.

“São problemas que não se resolvem em três anos. Agora, o povo tá com a paciência lá em baixo, a paciência dele praticamente se esgotou e vai para as críticas, das mais absurdas possíveis. Lamento, peço a Deus que preservemos nosso maior bem, que ainda é a liberdade”, disse o mandatário da República.

O preço médio de venda da gasolina passará de R$ 2,98 para R$ 3,19 por litro, um reajuste médio de R$ 0,21 por litro (alta de 7,04%). É o segundo reajuste no preço do combustível este mês. No último dia 9, a gasolina já havia subido 7,2%. As reclamações pela subida de preços é ocorrem de norte a sul do Brasil.

Por sua vez, o litro do diesel passará de R$ 3,06 para R$ 3,34 por litro, refletindo reajuste médio de R$ 0,28 por litro (alta de 9,15%). A última alta do combustível havia sido em 28 de setembro, de 8,89%. No ano, o diesel já acumula alta de 65,3% nas refinarias. Já a gasolina subiu 73,4% no mesmo período. Os caminhoneiros anunciaram greve geral a partir de 1 de novembro de 2021.

Na bomba, o valor médio da gasolina ficou em R$ 6,36 o litro na semana passada, com o valor máximo chegando a R$ 7,46, de acordo com levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O óleo diesel, por sua vez, registrou preço médio de R$ 5,04 e máximo de R$ 6,42 o litro.

Em nota, a Petrobras justifica o aumento de preço: “Esses ajustes são importantes para garantir que o mercado siga sendo suprido em bases econômicas e sem riscos de desabastecimento pelos diferentes atores responsáveis pelo atendimento às diversas regiões brasileiras: distribuidores, importadores e outros produtores, além da Petrobras”.

Críticos da paridade internacional alegam que ela aumenta o lucro dos acionistas às custas do consumidor, que no fim paga pela alta do dólar e do petróleo. Com o combustível caro e lucro recorde, a política de preço da Petrobras faz 5 anos, assaltando o consumidor.

Petróleo e dólar em patamares mais elevados

A explicação para o aumentos dos preços dos combustíveis está em vários fatores, mas, principalmente, no valor do petróleo e no câmbio. A política de atrelar o preço dos combustíveis ao dólar é bastante criticada pela oposição de Bolsonaro.

O preço do dólar e a cotação do petróleo vêm tendo mais influência sobre os preços de combustíveis no Brasil desde 2016, quando a Petrobras passou a praticar o Preço de Paridade Internacional (PPI), que se orienta pelas flutuações do mercado internacional.

A paciência do brasileiro já se esgotou porque a subida do preço dos combustíveis termina refletindo em todos os outros produtos.

Na semana passada, o preço do barril de petróleo Brent – referência internacional – fechou acima em US$ 85,53, perto das máximas desde o final de 2018. No começo do ano, o preço médio estava abaixo de US$ 65, mas vem subindo bastante. Já o dólar atingiu R$ 5,6282, acumulando alta de mais de 3% na semana.

De acordo com a Petrobras, o alinhamento de preços ao mercado internacional “se mostra especialmente relevante no momento que vivenciamos, com a demanda atípica recebida pela Petrobras para o mês de novembro de 2021”. Já para os consumidores, a Petrobras é auto suficiente na produção de petróleo, logo não precisaria alinhar o preço do consumo interno ao dólar.

Parcela da Petrobras

Com os novos preços, a parcela da Petrobras no valor do litro de gasolina pago pelos consumidores nos postos passará a ser de R$ 2,33, em média. Já no caso do diesel, a parcela da estatal será de R$ 3,34. Estão assaltando o bolso do povo do Brasil.

No governo de Michel Temer (MDB), em outubro de 2016, a Petrobras passou a calcular o preço dos combustíveis com base no mercado internacional e a repassar variações com maior frequência aos consumidores.

Cinco anos depois, os combustíveis no Brasil acumulam alta real (acima da inflação) de mais de 30%, enquanto a empresa reverteu anos de prejuízo em uma sequência de lucros que são distribuídos aos seus acionistas —dentre eles o governo federal. (Portal Debate Carajás, com G1 e UOL)

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