Perda de apoio e medo de prisão fazem Bolsonaro tentar reatar com STF

Ministro da Economia e presidente da Caixa Econômica Federal estão entrando em contato com integrantes da Suprema Corte
Há o temor de que o presidente seja preso em caso de derrota nas urnas; na imagem, Bolsonaro durante reunião com embaixadores em 18 de julho de 2022.

BRASÍLIA (DF) – O presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição, e seus emissários no Planalto, estão tentando se aproximar do Supremo Tribunal Federal (STF ) às vésperas da disputa do pleito eleitoral de 2022. São 2 os motivos para isso: o medo de o chefe do Executivo ser preso e a percepção de que o governo está perdendo apoio do eleitorado.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, e a presidente da Caixa Econômica Federal, Daniella Marques, estão entrando em contato com integrantes da Suprema Corte. Acham que o clima se deteriorou muito, nos últimos dias devido a ataques de Bolsonaro ao STF.

O manifesto em defesa da democracia, que já conta com 73.000 assinaturas, foi um dos sinais de alerta. Banqueiros, empresários, 11 ex-ministros do Supremo e personalidades em geral aderiram ao movimento organizado pela Faculdade de Direito da USP (Universidade de São Paulo). Os organizadores buscam o apoio de todos os magistrados que já estiveram no Supremo.

Até Joaquim Barbosa, ex-ministro do STF e algoz do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Mensalão, assinou o documento nesta 4ª (27.jul.2022).

Celso de Mello, 76 anos, assumiu o protagonismo. Na 3ª (26.jul), enviou dura mensagem contra Bolsonaro ao ex-secretário da Casa Civil de São Paulo Luiz Marrey. Não faltaram adjetivos: chamou o chefe do Executivo de “medíocre”, “desprezível”, e disse que o presidente tem “aversão” à democracia.

Eis os 11 ex-ministros do STF que assinaram o documento:

● Carlos Ayres Britto;

● Carlos Velloso;

● Celso de Mello;

● Cezar Peluso;

● Ellen Gracie;

● Eros Grau;

● Marco Aurélio Mello;

● Nelson Jobim;

● Sepúlveda Pertence;

● Sydney Sanches; e

● Joaquim Barbosa.

O ex-presidente Lula disse nesta 4ª feira (27.jul) que assistiu à leitura da 1ª versão da carta, em 1977, ainda na ditadura militar. Na ocasião, o professor Goffredo da Silva Telles Junior (1915-2009) também leu um manifesto pela democracia a partir da Faculdade de Direito da USP, em São Paulo. O petista disse apoiar a iniciativa de agora, mas que não deve assinar por ser candidato à Presidência da República.

O MANIFESTO

O manifesto recebeu o nome de “Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito”. Será lido em evento realizado em 11 de agosto, no Pátio das Arcadas do largo de São Francisco.

O texto critica o que considera “ataques infundados e desacompanhados de provas” que questionam “o Estado Democrático de Direito” e a lisura do processo eleitoral.

“Assistimos recentemente a desvarios autoritários que puseram em risco a secular democracia norte-americana. Lá as tentativas de desestabilizar a democracia e a confiança do povo na lisura das eleições não tiveram êxito, aqui também não terão”, diz o documento.

Nos últimos dias, houve 398 tentativas de ataque hacker ao site da Faculdade de Direito da USP, que hospeda o formulário de adesão ao manifesto. Por causa disso, foi necessário reforçar a segurança para que o portal seguisse no ar. (Portal Debate, com Poder 360)

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