Pai narra aventuras em motos acompanhado dos filhos entre Pará e Maranhão

Família saiu de Parauapebas, passou por Belém, Bragança, Salinas e São Luís, entre diversas outras cidades, durante o trajeto de ida e volta.
João Felipe, Caio Samuel e Antonino Brito - Crédito: Arquivo pessoal

O servidor público, Antonino Brito, 47 anos, acompanhado dos filhos Caio Samuel Brito, 23 anos, e João Felipe Brito, 21 anos, saíram da cidade de Parauapebas, no sudeste do Pará, a bordo de três motocicletas, no dia 23/12/2020, com destino a cidade de Bragança, já no nordeste do Pará, para conhecer a famosa praia de Ajuruteua.

O trio passou por Belém, visitou as Docas e o Mercado Ver-o-Peso. Depois, a aventura sobre duas rodas entre pai e filhos chegou a Praia de Salinas. De lá, os três seguiram viagem rumo à Ilha do Amor, a linda São Luís, capital do Estado do Maranhão, descrevendo a beleza dos lugares por onde passaram.

Na volta para casa, o trio chegou a Parauapebas, por volta de 23h,  do dia 28/12/2020, cheio de histórias para contar. Leia uma espécie de diário de bordo de pai e filhos.

Crédito: Arquivo pessoal

VIAGEM DOS SONHOS

Já no terceiro dia da viagem, por volta de 11h30, o sol estava brilhante, eram uns 20 km para chegar a Salinas, porém nos deparamos com uma blitz da Policia Militar. Um policial fez sinal para eu parar, liguei a seta, reduzi a velocidade E já me encontrava quase parando, mas recebi ordem para seguir em frente.

De imediato, vi outra ordem de parada. Agora ela era para os dois motociclistas que estavam atrás de mim. Estacionei, suspendi a viseira e cumprimentei o agente da lei: “Bom dia tudo bem?” Ele olhou para mim e exclamou:

_ Estão todos juntos? Respondi.

_ Sim, eu e meus filhos. Logo em seguida o policial bradou:

_ Podem ir, boa viagem a vocês.

Ali, me reforçou o sentimento, a certeza da força e poder da família, de andar juntos, construir e realizar sonhos e abrir novos espaços por onde passávamos. Baixei a viseira e, emocionado, curti o momento de alegria, felicidade e prazer, no “lombo da trezentona”, como chamamos carinhosamente a minha moto Honda XRE, 300 cilindradas.

A Praia de Salinas foi uma parada obrigatória para um especial banho de mar e uma suculenta tábua de carnes e mariscos. No balneário, tínhamos uma agenda especial, pois iríamos tomar o café da manhã com o amigo Ferreira. Ele estava curtindo, durante o recesso do trabalho, as belas praias da região de Salinópolis.

Chegamos no horário do almoço e nos encontramos já na Praia do Atalaia. Boa comida, bom papo, cerveja gelada e água de mar sob nossos pés. Que grande agenda. Nos despedimos, marcando as próximas bagunças em nossa querida Parauapebas.

Valeu “Fererron”, obrigado pelo carinho de sempre. Logo depois, conversamos também com uma família. Um rapaz se apresentou como motociclista. Aí o papo fluiu. Entre uma troca de informação e outra nos disse: Depois da fronteira, ao atravessar a ponte do Rio Gurupi, já perto de Cujupe,  verás os campos alagados do Maranhão.

Viajar de moto é uma das minhas paixões. Realizei a primeira aventura no ano de 2013. Três anos depois, já em em 2016, percorremos outros trechos desse imenso país.

Quem me conhece, sabe do desejo que eu tinha de viajar com meus filhos Caio Samuel e João Felipe, cada um em uma magrela. Antes, depois de duas grandes aventuras, eu fiz uma rota sozinho pelas regiões Centro-Oeste e Norte. Na outra viagem, estive acompanhado de Maria, minha esposa, pelo belo e forte Nordeste do Brasil.

A primeira etapa da viajem, foi um tiro. Percorremos 870 km em 11h30. A adrenalina do primeiro dia ,a alegria de colocar no asfalto um projeto de 7 anos, a vontade de curtir cada palmo do caminho, cada paisagem, nos fez entrar em um estágio de concentração que, ao percebermos, já estávamos em Bragança, cidade histórica da costa do Pará, banhada pelo mar da linda Praia de Ajuruteua.

Praia de Salinas – Crédito: Arquivo pessoal

Conhecer o maior mangue preservado do mundo, seus bosques, especialmente o Furo Grande e Furo do Meio, fez nossos olhos brilharem e, parados em cima da ponte, apreciamos as belezas naturais em silêncio.

Logo na chegada, fomos recepcionados por um banhista que veio em nossa direção e nos cumprimentou. Ele exibia a tatuagem de uma fênix no peito, e claro, nos reconhecemos de imediato, mesmo sem ter jamais nos encontrado. Como irmãos motociclistas, curtimos o papo e as dicas de Bruno.

“Saborear”, à meia noite, o mar em Ajuruteua, depois de um ótimo dia na companhia de dois bragantinos, músicos, cantores que nos brindaram com um repertório brasileiríssimo, indo de Zeca Baleiro a Roupa Nova, passando por Gilberto Gil, Nilson Chaves, João Mineiro e Marciano. Foi um dos pontos altos da aventura.

Já em Belém, apreciamos a bela Estação das Docas e o Mercado Ver-o-Peso. Sentimos no rosto a brisa da Baía do Guajará, alguns dos muitos encantos da capital da Belle Époque, no estado do Pará.

Sair de Belém, rumo a São Luís, andar pelo Norte e Nordeste de moto, me trazia a alegria de um menino desbravador, acompanhado e protegido por dois “cavaleiros”, ou melhor, dois motociclistas, meus filhos Caio e João. Foi uma sensação indescritível.

Havia uma preocupação com o João Felipe, debutante em longas viagens, em uma moto de menor cilindrada, uma Honda Bros 160, que exigiria dele um esforço maior. Essa preocupação logo deu lugar ao orgulho de ver o desempenho, a garra e a felicidade com que o caçula acelerou em cada trecho do caminho percorrido.

O Caio, já traquejado em longas viagens de moto, teve uma tarefa interessante e ao mesmo tempo entediante, pois numa Honda CB 500 (valeu Célio, a “quinhentona” garantiu a agenda), foi nosso guia e escudeiro mantendo a velocidade média de 100 km/h. Nos trechos de pista segura e tranquila, a viagem era feita em uma velocidade maior.

Quando se tem uma rodovia segura, você aprende que a chuva é um importante componente da viagem e você não deve interromper a jornada para para esperá-la passar.

No sábado (26/12), às 14h, em terras maranhenses, a chuva chegou. Ela era forte, linda e molhadeira. Trazia consigo rajadas de vento assobiadoras. Olhei pelo retrovisor e vi meus filhos firmes, pilotando, e me veio a memória de quando banhávamos na chuva. Eles criança e eu um jovem pai, sob o olhar de preocupação da mãe deles que dizia: “Esses meninos vão ficar gripados”.

Olho o velocímetro e, de repente, me vejo novamente banhando na chuva com meus filhos, em cima das “motocas” a 100 km/h. Lágrimas se misturaram às gotas de chuva, embaixo do capacete e, por alguns bons km, me diverti, agradeci a Deus, e continuei trafegando rumo ao estado do Maranhão.

A poucas aceleradas do Porto de Cujupe, na famosa Alcântara, onde faríamos a travessia no ferryboat, vislumbramos a baixada maranhense, o maior conjunto de bacias lacustres do Nordeste do Brasil.

Pronto. La estavam eles. Lindos campos verdes, alagados, desnudando a riqueza da flora, natureza, búfalos pastando, araras, garças e canoas cortando a paisagem por seus canais estreitos, lindas palafitas cercadas por água e vegetação, pessoas pescando das varandas. Um pequeno paraíso diante de nossos olhos.

Chegamos à noite na “Ilha do Amor”. Hotel, chuveiro, meia hora de cama e depois orla beira mar. Numa daquelas agradáveis coincidências da vida, o músico da noite era um conterrâneo, nascido em Parauapebas.

O artista estava ali, em plena São Luís, em um quiosque da Avenida Litorânea. O bar estava lotado e o músico mostrava seu talento em uma linda noite de voz e violão. O Caio Samuel deu uma “palhinha” enquanto o João Felipe bateu um bom papo com o cantor.

Ao retornar para o hotel, saudamos o conterrâneo: “valeu Renan, parabéns pelo belo trabalho e obrigado pelo carinho e respeito demonstrados”. Já o domingo, reservamos para visitar as belas praias e admirar o azul do mar da capital do Maranhão.

Em exatos seis dias, cruzamos o Norte e Nordeste, um pedaço, claro, mas o suficiente para conhecer e revisitar lugares maravilhosos do nosso belo e gigante Brasil. Percorremos 3.031 km em duas regiões, cruzamos dois estados, 41 cidades, duas baías, a Baia do Guajará apreciamos enquanto jantávamos e a Baia de São Marcos atravessamos no ferryboat.

No final, as dores por todo o corpo eram sinais de conquistas, pois estávamos de volta onde tudo começou, a nossa “Cidade de Ferro”, a querida Parauapebas. Continuar caminhando… (Texto: Antonino Brito) 

Antonino Brito – Crédito: Arquivo pessoal

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