O governo brigando com todo mundo, onde o Brasil vai parar?

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Desde o início de 2019, ao assumir a presidência da República, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), os filhos e a chamada ala radical do governo veem colecionando brigas com diversos países mundo afora por questões meramente ideológicas. Nunca a imagem do Brasil esteve tão em baixa no mundo. O país do futebol passou a ser chamado de o país de loucos.

O primeiro ‘arranca rabo’ foi protagonizado com a China, simplesmente o maior parceiro comercial do Brasil. No primeiro semestre de 2020, o Brasil exportou mais de USD 34 bilhões para o país. No mesmo período, a importação da China de produtos brasileiros foi de USD 16,7 bilhões, fazendo com que o país seja um dos principais investidores.

A embaixada da China fez, nesta terça-feira (24/11/2020), uma reclamação formal ao governo brasileiro contra uma publicação do presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP). Em mais uma briga com Pequim, o deputado acusou o Partido Comunista Chinês de espionagem, ao falar sobre a adesão do Brasil à chamada Clean Network (Rede Limpa), articulada pelos Estados Unidos junto a outros países e cujo objetivo é banir a Huawei dos serviços de tecnologia 5G, sem nenhuma prova.

Depois, foi a vez da Noruega e Alemanha suspenderam a maior transferência de recursos do mundo, entre países, para preservação de florestas, o chamado Fundo Amazônia, criado há mais de 10 anos. Os dois países respondem por mais de 99% dos recursos doados, mais de R$ 3 bilhões que já financiaram projetos de pesquisa, geração de emprego e renda na floresta com redução do desmatamento nas áreas beneficiadas.

Os países acusaram Bolsonaro de implementar uma política ambiental genocida, através de seu ministro Ricardo Salles. Em seguida, eles notaram a intenção do clã de usar parte dos recursos do Fundo Amazônia para indenizar proprietários rurais em unidades de conservação e perceberam também a intenção de aumentar a participação do governo nas decisões sobre como se aplicar o dinheiro recebido.

Recorde em número de queimadas, desmatamento gigantesco, incêndio no Pantanal do Mato Grosso e desemprego puxam a lista de prejuízos causados ao meio ambiente por falta de fiscalização devido a escassez de recursos. Nunca mais o Brasil recebeu o recurso bloqueado.

Em agosto de 2019, a manifestação do presidente da França, Emmanuel Macrón, pelo Twitter, convocando os países do G7 a discutirem as queimadas na Amazônia, provocou a ira de Jair Bolsonaro. Na época, o presidente virou notícia internacional ao fazer uma piada em rede social com Brigitte, mulher de Macron, e Michelle Bolsonaro.

Bolsonaro e sua turma utilizaram palavras como “Cretino”, “Idiota”, “Colonialista”, “ladrão” ao se reportarem ao presidente francês, iniciando uma crise diplomática entre os dois chefes de estado que nunca mais foi superada. Quem saiu perdendo? O Brasil, claro, pois a corda só arrebenta do lado mais fraco.

A briga com a Argentina, 4º maior parceiro comercial do Brasil no mundo e 1º na América Latina, não poderia ficar de fora, lógico. Bastou o peronista Alberto Fernández derrotar nas urnas o conservador Mauricio Macri, para Bolsonaro destilar uma série de ataques ao presidente do país vizinho, por nada.

Bolsonaro alegou que o presidente eleito da Argentina afrontou o Brasil e seu sistema judiciário ao aderir ao “Lula Livre”. Nem na posse do presidente eleito, Jair compareceu. Vale a pena lembrar que, além de ser um país vizinho, a Argentina tem um papel importante para o mercado brasileiro. Com um desempenho de USD 3,7 bilhões tanto em importação, quanto em exportação no primeiro semestre de 2020, isso demonstra que essa é uma parceria fundamental para o mercado.

A política externa do Brasil já estava um fracasso devido ao governo priorizar o viés ideológico em detrimento do fortalecimento da balança comercial, desrespeitar aos direitos humanos e implementar uma política ambiental destruidora do bioma. A derrota na eleição americana do republicano Donald Trump para o democrata Joe Biden jogou um balde de água fria na política entregacionista de Bolsonaro em relação aos americanos.

E agora? Biden será o próximo “inimigo”? Para os aliados de Bolsonaro, o presidente deverá moderar o discurso, pois uma briga com a maior potência econômica e militar do mundo agravaria ainda mais a queda de popularidade do capitão. Muitos pagam para ver se Bolsonaro tem coragem de peitar os Estados Unidos.

Por sua vez, a embaixada da China chamou os ataques de “infames” e disse que o Brasil poderá se arrepender, caso insista nesta postura belicosa. Utilizando o mesmo modus operandi, Eduardo Bolsonaro apagou a postagem, mas o estrago diplomático e econômico já estava feito. Daqui a 1 ano e 11 meses, nas eleições de 2022, o eleitor vai avaliar o governo Bolsonaro. O chefe do clã necessita corrigir rotas, pois as pesquisas indicam que, se as eleições fossem hoje, ele teria menos de 1/3 da preferência dos votantes.

Fonte: Pedro Souza

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