Número de animais resgatados cresce 200% em um ano no Pará

Neste ano de 2024, conforme o órgão, no primeiro trimestre foram recebidos 83 animais, sendo 29 aves, 26 répteis e 28 mamíferos.

O número de animais resgatados no Pará aumentou mais de 200% em um ano, conforme dados da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas). O órgão aponta que em 2022 foram recebidos 607 animais silvestres e no ano passado essa quantidade subiu para 1.822. Além do recebimento voluntário, a Semas atua no resgate de várias espécies durante ações conjuntas com órgãos de segurança pública. O Batalhão de Polícia Ambiental (BPA), da Polícia Militar, orienta sobre cuidados e como proceder ao se deparar com um animal silvestre.

Após o resgate, dependendo do estado em que os animais são recebidos, a equipe técnica da Semas avalia se serão destinados para atendimento veterinário nos hospitais, se irão para mantenedores de fauna ou se serão soltos. No levantamento da secretaria consta que no primeiro trimestre de 2022, foram recebidos 210 animais, sendo 79 aves, 112 répteis e 19 mamíferos. Já no mesmo período de 2023, foram recebidos 99 animais, são eles: 42 aves, 35 répteis e 22 mamíferos. Neste ano de 2024, conforme o órgão, no primeiro trimestre foram recebidos 83 animais, sendo 29 aves, 26 répteis e 28 mamíferos. A Semas ainda participou de duas ações de fiscalização para apreensão de animais silvestres em conjunto com a Polícia Federal (PF) e uma com a Polícia Civil este ano. As operações realizadas em março e abril resultaram na apreensão de 85 animais.

Acolhimento

Pela lei brasileira, há penalidades para quem comercializa, mantém ou guarda animais silvestres ou exóticos sem autorização ambiental. Em Belém, o Parque Zoobotânico Museu Paraense Emílio Goeldi é um dos locais onde vivem diversos animais silvestres, que são cuidados conforme as necessidades específicas. Segundo Tatiana Figueiredo, bióloga que atua no Museu, alguns animais resgatados pela Semas podem ser encaminhados para o local.

“Os animais devem dar entrada no Emílio Goeldi sempre através do órgão ambiental. Esses animais são recepcionados, resgatados pela SEMAS, que é responsável dentro do nosso Estado para receber qualquer animal selvagem, através de entregas voluntárias, de resgates, de até capturas ou criações ilegais. Eles recebem e direcionam para os diversos locais autorizados à manutenção de animais selvagens, tanto em Belém como em outras regiões dentro do nosso estado. São criatórios autorizados e legalizados para essa criação”, explica.

A bióloga explica que, no passado, o parque recebia os animais trazidos pela população. Mas, pelos novos procedimentos, isso mudou. “O Parque Zoobotânico, tradicionalmente, sempre foi uma referência da população para recebimento de animais selvagens. Antes recebíamos, com muita frequência, filhotes de passarinhos, animais machucados que eram encontrados nas vias. Mas hoje, com a atuação próxima do órgão ambiental, os animais dão entrada sempre através da Semas. Esclarecemos que quem deve ser procurado é a Semas estadual. Eles, que vão nos procurar para que ocorra o acolhimento. Além da Semas, hoje existe o Batalhão Ambiental, que dá esse apoio para os resgates”, ressalta.

O Bosque Rodrigues Alves também passa pelo mesmo processo quando há o acolhimento de algum animal silvestre. Todo o processo de encaminhamento de animais para o Bosque é obrigatoriamente feito através da Semas, pois o local não adota animais silvestres de pessoas físicas. Atualmente, o Bosque mantém em cativeiro animais como jacarés, araras, quatis, tartarugas da Amazônia e jaguatirica entre outros, além dos animais que vivem soltos como as cotias, tucanos, preguiças e macacos.

Os animais são cuidados por uma equipe composta de veterinários, tratadores e biólogos, que monitoram alterações comportamentais, identificam e previnem doenças, além de serem responsáveis pela alimentação correta da fauna presente no Parque.

Atuação do BPA e orientações para a população

O Batalhão de Polícia Ambiental, da PM, que atua na Região Metropolitana de Belém, é responsável pelo resgate de animais e operações de fiscalização ambiental. O tenente-coronel Moura, comandante do BPA, conta que, quando for localizado um animal, principalmente silvestre, basta ligar para o 190. “A partir do Ciop (Centro Integrado de Operações), que por sua vez acionará o BPA e, em seguida, uma equipe especializada é enviada até o local”, conta.

O militar conta que há dois tipos de procedimentos que o BPA adota quando um animal é encontrado. Tudo depende da situação em que for localizado o animal. “Quando o animal é encontrado em boas condições, ele passa por uma avaliação e depois é colocado na natureza. Se o animal for encontrado com algum ferimento, ele é encaminhado para Semas, que dará o tratamento adequado”, informa.
 
O importante, como alerta o tenente-coronel Moura, é que a população sempre acione o BPA quando um animal for localizado, independente da espécie. “A gente pede que a população nunca tente conter animais, principalmente ofídios. Na maioria das vezes, a população tenta fazer a contenção do animal com corda ou pedaço de pau. Quando a equipe do BPA chega ao local, o animal acaba morrendo porque a contenção foi feita de forma inadequada. A maneira correta de agir é para o 190, que o BPA faz a contenção adequada”, conclui.

Novo lar

Em fevereiro duas lontras irmãs e ainda bebês foram resgatadas de situação de tráfico animal no município de Marapanim, no nordeste do Pará, pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Macho e fêmea, os animais foram chamados de ‘Juno’ e ‘Jade’ e ficaram aos cuidados da  equipe do Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Selvagens (Cetras), da Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), em Belém.

Após receberem os cuidados adequados, as lontras, atualmente com dois meses,  serão encaminhadas para o zoológico Selva Viva, localizado em Taubaté, interior de São Paulo. A escolha de um local adequado para que os animais pudessem viver de maneira satisfatória, durante todo o ciclo de vida, respeitando as características naturais, foi um fator determinante na decisão. Por conta de trâmites documentais relacionados às autoridades federais, ainda não foi definida a data em que as lontras serão levadas para SP.  (Com Oliberal)

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