Mulher morre à espera de leito de UTI no Pará

Uma das cenas mais tristes nessa pandemia da covid-19 foi vista por diversas pessoas em frente à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Sacramenta, na avenida Doutor Freitas, em Belém, capital do Pará. Logo que foi informada sobre a morte da irmã pela covid-19, que aguardava transferência para um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), uma mulher entrou em total desespero.

Desamparada, ela chorava, gritava, se jogava e se batia pelo chão. Cerca de 30 minutos depois, outra mulher da família chegou e tentou consolá-la, mas foi quase em vão. Os familiares preferiram não falar com a imprensa.

Ainda do lado de fora da UPA, a cena de desalento da mulher sensibilizava e também gerava medo, insegurança e crítica aos familiares e parentes de pessoas internadas na UPA da Sacramenta, como o comerciante Sandro Heleno Fialho, 48 anos.

“Logo que cheguei aqui com minha filha, 23 anos, por volta das 10h20, falei com essa senhora que acabou de perder a irmã. A irmã dela estava em estado grave de covid-19 e esperando para ser transferida para um leito, mas acabou morrendo aqui na UPA. Cadê os leitos? Eu preciso saber se tem leito, porque aí tento dar meu jeito, ir atrás, sei lá… Estou aqui fora e minha esposa está lá dentro, então fico muito preocupado com isso, porque pode acontecer com minha filha ou com outra pessoa também. Por que não encaminharam essa senhora? Deixaram o óbito acontecer aqui? Isso é muita falta de respeito”, reclama Fialho.

Ele conta ainda que, no sábado (6), esteve com a filha na Policlínica, no bairro do Marco, onde ela fez tomografia, a qual acusou 10% do pulmão comprometido. “A médica passou remédios e soro e a levei pra casa. Mas esses dias ela não melhorou nada, pois ainda sente dores no corpo, diarreia, febre que vai e volta. Aí nesta terça (9) fomos para o Hangar e mandaram para a Policlínica. De lá, mandaram ir para uma UPA. E viemos pra UPA da Sacramenta. O ideal era a gente conseguir atendimento mais perto de casa”, critica o comerciante, que mora no distrito de Icoaraci, em Belém.

Ainda na manhã desta terça, do lado de fora, era possível observar que a UPA da Sacramenta ainda não estava lotada. Porém, nos últimos dias, o espaço hospitalar tem enfrentado problemas com a alta demanda por atendimento à covid-19. Inclusive devido à grande procura, em menos de 24 horas, os servidores suspenderam o atendimento duas vezes.

Ainda no local, na porta da unidade, um cartaz indicava que estava sem respiradores. Eles são colocados para estabilizar pacientes mais graves. Na Direção da Unidade ninguém quis se manifestar sobre o caso. A reportagem aguarda esclarecimentos da Prefeitura de Belém.

Tenda da UPA da Sacramenta está com 80% da estrutura montada

Para o atendimento dos casos de covid-19, a triagem dos pacientes é fundamental para ajudar a agilizar o fluxo de atendimento. Por isso, a Prefeitura de Belém instala tendas em unidades de saúde do município. Foi o que anunciou o prefeito Edmilson Rodrigues (Psol), na noite de segunda-feira (8). Ainda segundo a prefeitura, tendas serão montadas nos distritos de Mosqueiro, Icoaraci e em vários bairros de Belém.

Uma das tendas está sendo montada na área de estacionamento, bem ao lado da UPA da Sacramenta. Também pela manhã, a tenda já estava com 80% da montagem de sua estrutura pronta.

Por volta das 10h30 desta terça (9), havia três homens trabalhando na montagem do espaço, que tem 10 metros de largura e 10 metros de comprimento, tendo uma sala de atendimento e 12 salas para consultórios.

Segundo informação de um dos trabalhadores, a estrutura da tenda da UPA da Sacramenta começou a ser montada na última quinta (4) e deve ser concluída até o próximo sábado (13).

A reportagem aguarda mais informações da Prefeitura de Belém quanto aos espaços que todas as tendas serão montadas, previsão para o início do atendimento e tipos de serviços oferecidos à população.

Fonte: O Liberal

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