Maria Soares, de 49 anos, que sofria de epidermólise bolhosa, morreu após aguardar por quatro meses a liberação de um leito em um hospital de alta complexidade, onde poderia receber o tratamento adequado para a condição de saúde, que se agravou nas últimas semanas. O caso aconteceu na cidade de Altamira, no sudoeste do Pará.
“A justiça conseguiu com que pudéssemos levar ela para uma clínica particular, mas aí do nada arranjaram o leito no Hospital Regional sendo que falaram que não tinha tratamento para a mãe no regional, mas mesmo assim, com mais ou menos 4 dias minha mãe veio a óbito.”, lamentou o filho Adelino Miranda.
Maria Soares era portadora de epidermólise bolhosa, uma doença rara e genética, sem cura, que provoca a formação de bolhas na pele devido a simples atritos. Essas bolhas podem se romper, gerando feridas dolorosas e profundas, que exigem cuidados médicos especializados. A doença não é transmissível, mas o tratamento exige acompanhamento de uma equipe multidisciplinar, algo que, segundo a família, não foi oferecido adequadamente no Hospital Geral de Altamira, onde a paciente estava internada.
“As enfermeiras não iam fazer os curativos, quem estava fazendo era nós, minha mãe estava morrendo, eles estavam dando apenas remédio para dor, tanto que o médico do regional disse que não poderia dar muita medicação sem saber o grau da doença.”, disse.
Com a saúde se deteriorando, a família de Maria Soares se viu em uma luta incessante por atendimento. Os filhos, visivelmente abalados, mostraram uma pilha de papéis que representam as tentativas frustradas de conseguir o tratamento necessário para a mãe. A paciente estava sofrendo com dores intensas pelo corpo e dependia da assistência de seus familiares para cuidados básicos.
“O médico disse para a gente que a causa da morte foi renal devido à alta medicação, além da doença, já que ela estava muito debilitada. A indignação que eu fico é do próprio hospital porque eu acho que foi erro deles, porque a minha mãe foi parar na cova.”, desabafou.
Segundo a família, Dona Maria foi internada no Hospital Geral de Altamira em um quadro de extrema vulnerabilidade, mas a falta de um leito em um hospital de alta complexidade impediu que ela recebesse os cuidados necessários para a condição rara. O tempo de espera foi uma das causas apontadas pela família para o agravamento do estado de saúde de Maria.
Por meio de nota, a Prefeitura de Altamira, através do Hospital Geral de Altamira (HGA), informou que lamenta o falecimento da paciente e se solidariza com a família enlutada. E ainda esclarece que: Todos os medicamentos disponibilizados na unidade hospitalar são administrados exclusivamente mediante prescrição médica. O HGA reforça que a decisão sobre o uso de medicamentos é de responsabilidade do profissional médico, que atua com autonomia técnica e ética para avaliar cada caso e indicar o tratamento mais adequado aos pacientes. E comunica ainda que prestou toda a assistência médica necessária para a paciente, no período em que esteve internada na unidade, inclusive, com solicitações diárias de encaminhamento para o Hospital Regional Público da Transamazônica (HRPT), unidade que atende casos de alta complexidade no município. A Unidade Hospitalar também nega veementemente qualquer ocorrência de erro médico e reafirma seu compromisso em oferecer
atendimentos de qualidade, garantindo a saúde e o bem-estar a todos os altamirenses.
Já a Secretaria de Estado de Saúde Pública informou que a paciente Maria Soares Miranda recebeu todos os cuidados médicos e de equipe multiprofissional no Hospital Regional Público da Transamazônica (HRPT), durante os seis dias em que esteve sob responsabilidade do Estado. A Sespa destaca que o governo estadual tem trabalhado na implantação de serviços hospitalares e ambulatoriais especializados em todas as regiões do Pará e ressalta que é fundamental as ações de caráter de promoção da saúde, prevenção e diagnóstico precoce de doenças pela rede primária e secundária de saúde. (Com Confirma Notícia)