MP investiga prestação de contas de vereadora em Parauapebas

Eliene Soares e Darci Lermen (MDB) - Crédito: Redes sociais

Que a maioria das prestações de contas eleitorais são peças de ficção, todos já sabem. Não é segredo para ninguém que o esquema de “caixa 2” corre solto nas campanhas e a cada eleição os partidos inventam maneiras mais sofisticadas de modo a ludibriar os agentes da lei. A prestação de contas da campanha de 2020 de Eliene Soares (MDB) pode ser um exemplo do que é narrado.

A vereadora reeleita em Parauapebas, no sudeste do Pará, junto com sua equipe, também pode ter lançado mão da matemática ilusória com a fé no desleixo das instituições, só que o Ministério Público Eleitoral está “de olho” nos números apresentados.

Aos fatos. A vereadora Eliene declarou ter gasto em toda a sua campanha a bagatela de R$ 53.930,31 (cinquenta e três mil, novecentos e trinta reais e trinta e um centavos), mas basta dar um clique nas fotos publicadas nas redes sociais da candidata para verificar que foi uma campanha de orçamento claramente mais robusto que o declarado, feita por profissionais caros e com fartura de materiais.

Não foi à toa que a parlamentar saltou de 1.600 votos conquistados em 2016 para 2.990 no último pleito, o equivalente a 2,41% do eleitorado local. Saiu da 12ª posição para a segunda em 2020, uma escalada deveras interessante.

Crédito: Redes sociais

Nesta esteira, um membro do seu comitê, que pediu reserva do nome à Redação do Portal Debate Carajás, afirmou que só na festa de lançamento da campanha, que ocorreu no dia 5 de outubro de 2020, foi gasto mais dinheiro do que o montante declarado na totalidade da campanha pela parlamentar do MDB.

Além disso, estranha o fato de que grande parte dos assessores da Secretaria Municipal de Educação (Semed) de Parauapebas consta na relação de patrocinadores da campanha (patrocinadores, ressalte-se, do irrisório montante declarado de quase R$ 54 mil). Apenas um nome não tem vínculo com a pasta na lista do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que pode ser conferida neste link: https://divulgacandcontas.tse.jus.br/divulga/#/candidato/2020/2030402020/05835/140000928214.

As imagens de divulgação da vereadora nas mídias sociais mostram uma campanha cara, muito diferente da relatada ao TSE. Conforme apurado pelo Portal junto a colaboradores da campanha, que pediram sigilo de fonte, no seu comitê trabalharam, desde setembro de 2020, dezenas de pessoas que recebiam um salário-mínimo, excetuando-se a equipe de comando que recebia valores mais altos pela função. Segundo a fonte, só com a despesa de pessoal, com toda certeza, o gasto ultrapassaria o total constante da prestação de contas.

A fonte informou, ainda, que em todas as reuniões e comícios havia uma megaestrutura de veículos para transportar eleitores, lanche, água mineral e material de campanha. Rola nos bastidores que candidata teria adesivado mais de 700 veículos e todos os carros, supostamente, recebiam uma quota de combustível semanal. Isso é ilegal, sem dúvida, mas até a devida apuração dos agentes da lei, não passa de uma mera declaração.

Crédito: Redes sociais

Todos sabem que em Parauapebas as campanhas são absurdamente caras. Não existe mais a política do voluntariado. Eliene, com base apenas no que esta Reportagem ouviu de quem colaborou com a sua campanha, utilizou-se do expediente de prometer cargos na Secretaria de Educação (Semed). Tanto que foi a única candidata a receber apoio de três ex-vereadores: Devanir (o mais votado de 2012), Irmã Luzinete e José Arenes.

Quanto à promessa de cargos, a vereadora, que é da base de governo do prefeito Darci Lermen (MDB), está cumprindo com rigor. Prova que tem palavra. Com o controle absoluto (ou quase absoluto) da gigantesca Semed, está usando a máquina para empregar “os seus”. Apesar de possuir um amplo cabide de empregos à disposição, a parlamentar ainda ordenou ao novo secretário, “Prof. Leal”, a criação de mais departamentos e ampliação dos já existentes para dar conta dos seus compromissos eleitorais.

Algumas questões seguem sem resposta. De onde veio tanto dinheiro para a campanha, levando em consideração que o declarado é incompatível com o praticado (os relatos e os registros apresentados falam por si)? Por que a vereadora não declarou o real valor? Qual é o problema de se declarar o montante real gasto na campanha ao TSE? Estas e outras questões Eliene Soares terá de responder ao Ministério Público Eleitoral que está atento à prestação de contas da eleita. Com a palavra, Eliene Soares e o Ministério Público Eleitoral.

Fonte: Portal Debate Carajás – Parauapebas

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