Morte de testemunha de chacina desonra o Pará

Fernando foi executado no quintal de casa.

O assassinato de Fernando dos Santos Araújo, no dia 26/1/2021, testemunha chave do massacre de 10 trabalhadores rurais, em 24 de maio de 2017, pela Polícia Militar, coloca o estado do Pará no “olho do furacão”, porque não conseguiu salvar a vida de um sobrevivente da chamada “Chacina de Pau D’Arco”, no sul do Pará.

O crime aconteceu na Fazenda Santa Lúcia. Na época, 16 agentes foram indiciados, mas aguardam o júri popular em liberdade. Fernando Araújo esteve no programa de proteção a testemunhas, mas acabou retornando para zona rural de Pau D’Arco, local onde foi morto a tiros. Nos últimos meses, a vítima trabalhava em um bar na área de acampamento, porém, segundo ele, vinha recebendo ameaças de policiais para mudar o depoimento.

A desastrada operação policial foi ao local dos crimes para cumprir mandados de busca e apreensão por suspeita da morte de uma vigia da Fazenda Santa Lúcia. Para o delegado responsável pelo caso, Antônio Mororó, existem outras linhas de investigação a respeito da morte de Fernando Araújo, mas ele não pode se pronunciar sobre o caso sob pena de atrapalhar as investigações.

Ivanildo Alves, advogado de três réus, afirma que os policiais se defenderam de uma agressão, mas a versão foi contestada pelo Ministério Público e Polícia Federal. Já o advogado, Adilson Vitorino, defensor de sete indiciados, disse que o caso é complicado e o júri popular deverá demorar de 4 a anos para acontecer devido a complexidade do caso.

A Chacina de Pau D’Arco, um marco na história da reforma agrária no Brasil, expõe o frágil sistema de segurança pública do Pará. O episódio expõe o “cambaleante” governo de Helder Barbalho e sua péssima cúpula de segurança pública para os olhos do Brasil e do Mundo. Fernando era homossexual e o companheiro dele estava no meio das vítimas mortas a tiros pelos policiais militares.

No dia da execução, a vítima contou para a jornalista Ana Aranha, da ONG Repórter Brasil, produtora de um documentário sobre a Chacina de Pau D’arco,  que estava com muito medo, por isso estava indo embora para a cidade de Redenção, no sul do Pará, todavia não houve tempo, pois ele foi assassinado horas depois.

Depois do homicídio de Fernando, até Helder justificar que “varizes não dá em perna de mesa”, o Pará e o Brasil estão sendo vistos como terra sem lei, onde a PM pode matar trabalhador rural a mando do estado. A morte da principal testemunha da Chacina de Pau D’Arco é uma grande perda para a família e uma vergonha aos olhos do mundo.

Crédito: Reprodução

Fonte: Portal Debate Carajás

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