Autoridades anunciaram na madrugada deste sábado, 25, a morte de mais dois alpinistas, um britânico e um irlandês, nas últimas 48 horas no Everest, elevando para dez o número de mortos na maior montanha do planeta nesta temporada.
Na sexta, 24, as autoridades locais já haviam divulgado a morte de outros quatro alpinistas na montanha. O grande fluxo, resultado do número recorde de permissões de escalada entre o fim de abril e o mês de maio (em que as condições no local são menos extremas), cria perigosos “engarrafamentos humanos” na chamada “zona da morte”.
Cerca de 550 alpinistas já alcançaram o topo do Everest nesta temporada. Dois indianos, um austríaco e um nepalês morreram na montanha nas últimas 48 horas. A indiana Kalpana Das, de 52 anos, que chegou ao ponto mais alto, morreu ontem à tarde durante a descida. Outro indiano, Nihal Bagwan, de 27 anos, também morreu ao retornar do cume.
“Ele ficou bloqueado no engarrafamento durante mais de 12 horas e estava esgotado. Os guias sherpa trouxeram-no para o campo 4 e ele morreu no local”, relatou Keshav Paudel, da agência Peak Promotion. No lado tibetano da montanha, menos movimentado do que o lado nepalês, um alpinista austríaco de 65 anos não resisitiu. Um guia nepalês de 33 anos morreu em um acampamento-base depois de ficar doente no campo 3, a 7.158 metros de altitude.
Engarrafamento humano
Fotos impressionantes divulgadas nos últimos dias mostram uma longa fila de alpinistas, muito próximos uns dos outros, arrastando suas botas de escalada na área entre o cume e o desfiladeiro sul, onde fica o último acampamento na encosta do Nepal. Analistas afirmam que o engarrafamento é provocado pela proliferação de permissões de escalada, assim como pelo reduzido número de “janelas” meteorológicas adequadas para chegar ao topo. Assim, todas as expedições iniciam o ataque final ao Everest nos mesmos dias.
Naquela altura extrema, o oxigênio é mais escasso na atmosfera, e os alpinistas precisam recorrer a garrafas de oxigênio para alcançar o topo. Uma altitude de 8.000 metros acima do nível do mar é considerada a “zona da morte”.
“Permanecer muito tempo na zona da morte aumenta os riscos de congelamento, de sofrer o mal da altitude, ou mesmo de morte”, explica Ang Tsering, ex-presidente da Associação de Alpinistas do Nepal.
Nos dias anteriores, outros dois alpinistas indianos e um americano morreram no Everest. Um montanhista irlandês também morreu depois de escorregar e cair de uma área a 8.300 metros de altitude. O corpo não foi encontrado.
Everest no radar
No ano passado, foram registradas cinco mortes na temporada de escalada do Everest. Desde que as autoridades nepalesas liberaram a escalada no Monte Everest nos anos 90, as expedições comerciais aumentaram, assim como o número de alpinistas. Este ano, o Nepal concedeu para a temporada de primavera (hemisfério norte) o recorde de 381 permissões, ao preço de US$ 11.000 por pessoa, de acordo com os últimos dados disponíveis.
Cada titular de uma permissão é acompanhado por um guia, o que significa que mais de 750 pessoas estão na rota para a escalada. Ao menos 140 receberam permissões para escalar o Everest a partir do flanco norte, no Tibete. O topo do Everest foi alcançado pela primeira vez em 1953 pelo neozelandês Edmund Hillary e pelo nepalês Tenzing Norgay.
AFP/Estadão