Marabá descarta lockdown para endurecer restrições

A sede da Prefeitura Municipal de Marabá, na Folha 30 | Foto: Vinícius Soares/Debate Carajás

Ao contrário do que era especulado, Marabá não deve entrar em lockdown (confinamento, na tradução do inglês) por enquanto. Em reunião do Comitê Municipal de Gestão da Covid-19 no prédio da Secretaria Municipal de Educação (Semed) nesta quinta-feira (25), ficou acertado que o município deve endurecer as restrições por meio de decreto a ser publicado pelo prefeito Tião Miranda entre hoje e amanhã, mas com validade somente a partir de segunda-feira (29).

A informação foi transmitida a este Portal Debate Carajás pelo vice-presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Marabá (Sindicom), Raimundo Alves da Costa Neto. Conforme ele, o prefeito Tião Miranda deve editar decreto prevendo apenas o fechamento de supermercados às 18h. Tudo deve depender das taxas de ocupação de leitos no sistema de saúde.

Por enquanto, lockdown está descartado, por ser medida mais radical. Entretanto, é possível que haja, a partir de abril, confinamento total pelo menos aos fins de semana. Uma possibilidade discutida durante a reunião de hoje também é convocar os prefeitos da região, por meio do Ministério Público Estadual, para alinhar ações conjuntas de modo a segurar o avanço da pandemia.

Em Marabá, o argumento é de que a situação está controlada, visto que metade dos pacientes internados em leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) exclusivos para covid-19 são de municípios vizinhos, em que teoricamente a população não cumpre à risca as orientações sanitárias de higiene – uso de máscaras de proteção facial e álcool e gel – e o devido distanciamento, qual seja de no mínimo 1,5 metro entre as pessoas.

Sem que sejam determinadas restrições nos municípios vizinhos, de nada adiantaria confinar uma população de mais de 280 mil habitantes, no caso de Marabá, conforme o Censo de 2020, e bloquear as atividades econômicas, que estão seguindo todas as orientações das autoridades sanitárias.

Lenny Cavalcante é garçonete em um bar na frente da prefeitura

Para a garçonete Lenny Cavalcante, de 27 anos, a imposição de medidas mais rígidas no município neste momento de prenúncio de colapso do sistema público de saúde pode resolver um pouco as coisas. Ela estava trabalhando em um bar na Praça da Prefeitura, na Folha 31, Núcleo Nova Marabá, enquanto as autoridades sanitárias decidiam os rumos da cidade.

Ao tomar conhecimento por repórter do Portal de que a decisão do momento é por restrições, ao invés de lockdown, a flamenguista respirou aliviada. Outros empresários também demonstraram alívio com a notícia e se comprometeram em ajudar as autoridades a frear o avanço da covid-19.

Covid-19 em Marabá

Marabá já contabiliza 304 óbitos e 16.038 casos confirmados da doença do novo coronavírus no total, com 15.606 recuperados (97,3% de recuperação). A taxa de letalidade, apesar das seis mortes registradas nesta quarta-feira (24), permanece em 1,8%. 93 pessoas estão em isolamento domiciliar.

A última vez em que seis óbitos foram confirmados em um único dia foi em 14 de agosto passado. Já neste ano, a data mais lamentada até então era 28 de janeiro, com cinco mortes. O recorde da pandemia mesmo foi em 7 de maio de 2020, com dez mortes cadastradas.

Nos hospitais, a taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) exclusivos para covid-19 diminuiu para 91% nos hospitais públicos. Isto significa que, das 59 vagas disponíveis, 54 estão ocupadas. Já na enfermaria, a ocupação é de 66% (31 pacientes internados e capacidade para 42).

Nas UTIs exclusivas para covid-19, 27 pacientes são de Marabá e 27 são de outras cidades. Nos leitos de enfermaria, essa comparação muda bastante: 23 de Marabá e oito de outros lugares.

A quantidade de pessoas contempladas na primeira fase do Plano de Imunização (profissionais de saúde e idosos em abrigos) chega a 3.209. Na segunda fase, dedicada a vacinar idosos a partir dos 73 anos, houve 3.983 aplicações. Os dados se referem à primeira dose.

Como revelado pelo Portal ontem, o governo estadual enviou minguadas 1.060 doses de vacina nos últimos dez dias para uma demanda crescente de idosos acima dos 73 anos. Nesse ritmo, a totalidade da população de Marabá só deve ser vacinada em dois anos, no mínimo. (Vinícius Soares/Debate Carajás)

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