Jovem denuncia empresa de Marabá por estelionato

Preços baixos praticados por loja virtual que não aceita cartão de crédito atraíram a jovem revendedora | Foto: Reprodução/Instagram

A estudante e empreendedora Alice Juliana Gonçalves dos Santos, de 22 anos, entrou em contato com o Portal Debate Carajás nesta segunda-feira (15) para denunciar um golpe que sofreu por parte de uma empresa com Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) aberto em Marabá, mas que teria sede em Altamira, distante 500 quilômetros via BR-230 (Rodovia Transamazônica).

A jovem, que reside no município de Campos do Jordão, em São Paulo, comprova com notas fiscais e capturas de tela a compra de dois celulares de uma desejada marca na loja virtual Altacenter Eletrônicos (no Instagram), mas que, efetuado o pagamento de R$ 4.310, nunca os recebeu. O nome da loja faz menção ao município em que se estabelece.

O caso de Alice Juliana já se arrasta por mais de quatro meses sem solução. A compra foi efetuada no último dia 9 de novembro, mas a empresa, pertencente a quatro irmãos (que seriam de Altamira), até hoje não entregou os celulares para a jovem, que tratou de registrar boletim de ocorrência na Polícia Civil de São Paulo pelo crime de estelionato (artigo 171 do Código Penal).

Ela fez a negociação por aplicativo de mensagens instantâneas e coleciona 50 páginas de capturas de tela, entregues à polícia. Conforme Alice, as notas fiscais emitidas pela empresa e que constam nos registros eram frias (crime seguido do estelionato, tipificado no artigo 172). Além disso, o código de rastreamento do produto fornecido ainda hoje aguarda postagem pelo remetente.

De lá para cá, a loja virtual no Instagram com sede em Altamira até de razão social mudou. E nada dos portáteis encomendados de São Paulo. Agora a Altacenter Eletrônicos (que baixou o cadastro na Receita Federal em 12 de dezembro último) se chama Alvorada Utilidades, que estaria localizada na Folha 28, Quadra 32, Lote 28, Núcleo Nova Marabá. Para Alice, uma estratégia adotada pelos supostos estelionatários para continuar aplicando golpes Brasil adentro.

Mesmo que o CNPJ seja de Marabá e esteja em nome de pessoas até desconhecidas a Alice quando da aquisição dos smartphones, a empresa ainda continuaria com a sede em Altamira, na Avenida Presidente Tancredo Neves, nº 2340. No local funciona um supermercado.

Na avaliação de Alice — que está tentando chegar aos possíveis responsáveis pelo suposto crime por meio da divulgação na imprensa, com o fito de alertar compradores de produtos eletrônicos pela internet —, não foi ela a primeira nem a última vítima da agora Alvorada Utilidades, depois de pagar R$ 4.310 por dois celulares e nada receber, sendo enganada com notas fiscais falsas e código de rastreamento inexistente.

Alice, aliás, é proprietária de uma revenda de celulares em Campos do Jordão (SP) e encontrou na então Altacenter Eletrônicos (agora Alvorada Utilidades, com CNPJ de Marabá e sede ainda em Altamira) o melhor preço para a aquisição, que garantiria boa margem de lucro. E, de fato, os preços praticados pela loja via Instagram são convidativos. Celulares que custam, em média, R$ 3.500, estão sendo vendidos por R$ 1.780 na versão com maior capacidade de armazenamento.

Procurada tanto no perfil do Instagram quanto no número de celular fornecido na seção de biografia, a Alvorada Utilidades não se manifestou. Na rede social, a empresa publica diariamente relatos de consumidores satisfeitos com os produtos. Mostra a emoção de pessoas abrindo caixas de celulares famosos e tenta convencer os clientes pela garantia do cadastro na Receita Federal.

Em um dos stories publicados, a Alvorada relata ter nascido do “sonho de crescer e dar oportunidade a pessoas com o interesse de interagir no mundo tecnológico. Uma empresa idônea, que respeita o seu cliente e garante total satisfação nos produtos vendidos”.

Sobre os valores praticados no e-commerce, a empresa responde à retórica da seguinte forma: “Garantimos os preços justos por pegar todos os produtos em lotes de grandes quantidades com um grupo de compra, que possui 65 investidores pegando cerca de 350 aparelhos todo mês, possibilitando assim um preço justo ao cliente final”.

A Alvorada também alega não aceitar cartão de crédito, o que evidencia ainda mais a possibilidade de golpe denunciada por Alice Juliana. “Hoje, para quem não tem ideia, algo que eleva muito os valores no Brasil é a aceitação de cartão de crédito e parcelamento do mesmo. Nosso grupo de investidores possui um prazo para vender todos os aparelhos, ou pelo menos fazer com que o dinheiro gire, e possamos obter ao menos o valor do lote. Por esse motivo, os valores são à vista, meios imediatos, qualquer aceitação de qualquer plataforma de cartão de crédito nos retardaria cerca de 15 dias para o recebimento, retardando assim a reposição de estoque”, justifica a empresa suspeita.

Alguns perfis mencionados pela Alvorada Utilidades como sendo de clientes satisfeitos são falsos, como exibe Alice em vídeo que gravou para o Debate Carajás e que o leitor acompanha abaixo. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil de São Paulo. (Vinícius Soares/Debate Carajás)

Relacionados

Postagens Relacionadas

Nenhum encontrado

Cadastre-se e receba notificações de novas postagens!