BELO HORIZONTE (MG) – Um estudo da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mostrou que a infecção pelo coronavírus pode afetar os testículos. De acordo com a pesquisa liderada pelo Instituto de Ciências Biológicas (ICB), o vírus é capaz de se replicar e permanecer ativo nas glândulas sexuais masculinas, mesmo muito tempo depois da infecção covid-19.
Para chegar aos resultados, os pesquisadores estudaram testículos de 11 pessoas que morreram pelas complicações da Covid-19 sem receber a vacina. O estudo foi coordenado pelos professores Guilherme Mattos Jardim Costa e Samyra Lacerda, do Departamento de Morfologia do ICB-UFMG, com participação do urologista Marcelo Horta Furtado.
“Conseguimos ainda mostrar que o Sars-CoV-2 tem preferência pelas células que produzem os espermatozoides e promove inflamação dos tecidos, provocando hemorragia e fibroses como as que acontecem no pulmão”, afirma o biólogo Guilherme Costa, mestre e doutor em Ciências Biológicas.
Dentre as modificações no ambiente alterado pela infecção, está a perda massiva das células que geram os espermatozoides, além da inibição daquelas que produzem a testosterona, cujos níveis foram reduzidos em cerca de 30 vezes.
Embora seja um teste inicial e não ter condições de diagnosticar fertilidade ou infertilidade, o espermograma de vários pacientes tem indicado, por exemplo, que a motilidade espermática – a capacidade de os espermatozoides se moverem e fertilizarem o óvulo, cujo índice normal é acima de 50% – caiu para entre 8% e 12% e permaneceu nesse patamar quase um ano após terem sido infectados pelo coronavírus.
Já os testes hormonais apontam que os níveis de testosterona de muitos pacientes também despencaram após a doença. Enquanto o nível normal desse hormônio é de 300 a 500 nanogramas por decilitro de sangue (ng/dL), em pacientes que tiveram Covid-19 esse índice chegou a variar abaixo de 200 e, muitas vezes, ficou entre 70 e 80 ng/dL. (Portal Debate)