MARABÁ (PA) – Há dois dias do final do prazo estabelecido pela Lei Nº 9.504, de 30 de setembro de 1997, conhecida como “Lei Eleitoral”, para filiação dos pré-candidatos que pretendem concorrer ao cargo de vereador e prefeito, em Marabá, no sudeste do Pará, o atual governador Helder Barbalho (MDB) está com um “abacaxi” enorme para descascá-lo na campanha para sucessão do atual Prefeito e aliado político Sebastião Miranda (PSD).
Nos bastidores, os correligionários afirmam com bastante segurança que Helder irá apoiar o deputado “Chamozinho” (MDB), porque o mandatário da política do Pará já teria externado esta decisão para as pessoas de seu circulo pessoal. No entanto, o Barbalho não anunciou publicamente essa sua suposta preferência política. Motivos não faltam para o governador adiar, ao máximo, seu anúncio ou mesmo ficar “em cima do muro” na campanha para prefeito de Marabá.
O “porco-espinho” ouriçado mais complicado para Helder Barbalho digerir, goela abaixo, chama-se Tião Miranda. O peso pesado da política de Marabá não está gostando nem um pouquinho da postura “escorregadia” e “lisa” do governador nos últimos meses. Comenta-se que na campanha de reeleição de Helder, como existia um relacionamento republicano entre os dois, houve um acordo entre as partes para que o filho de Tião Miranda, Thiago Miranda (MDB), saísse candidato a deputado estadual pelo MDB e, em contrapartida, o governador apoiaria o candidato de Sebastião Miranda para prefeito de Marabá em 2024, mas não é isso que vem ocorrendo.
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Segundo os “macaco velho” da política, Helder Barbalho estaria pressionando Tião Miranda a indicar o candidato a vice-prefeito na chapa com “Chamozinho” e “dominar a área”. No entanto, o atual prefeito estaria irritado com essa postura do governador e já admite não apoiar nenhum nome para sucedê-lo. De olho no aumento de seu leque de possibilidades, Tião desincompatibilizou da função de secretário de Viação e Obras Públicas (Sevop), o engenheiro civil Fábio Moreira. Pessoas próximas ao atual gestor de Marabá dizem que um rompimento com Helder está no retrovisor de Sebastião Miranda.
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O outro “pepino” para o Barbalho descascar atende pelo nome de Dirceu Ten Caten (PT). O deputado pertence à base de apoio do atual governador, é pré-candidato a prefeito e espera contar com o apoio de Helder Barbalho. Dirceu faz parte de um plano nacional de lançamento de candidatos a prefeito do Partido dos Trabalhadores (PT) de quem Helder trabalha para ser candidato a vice-presidente na chapa do Presidente Lula (PT) na eleição de 2026. Se Helder “queimar a largada” e não apoiar Dirceu, corre o risco de contar com a antipatia dos “companheiros” do PT daqui para frente. Dirceu não quer nem ouvir falar em abrir mão de sua campanha para apoiar outro candidato.
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Caso decida pelo não apoio explícito a “Chamozinho” ou fique “em cima do muro” , Helder Barbalho estaria jogando contra a estratégia de seu próprio partido, o MDB, de eleger cerca de 100 prefeitos no dia 6 de outubro de 2024. Se não apoiar o candidato de Tião Miranda, Helder perderá, nas próximas eleições em que ele vier a disputar, o apoio de um prefeito que possui uma aceitação popular acima de 80% em Marabá, ou seja, enfrentará uma oposição ferrenha de Miranda. A “carrada de abacaxi” está na ribalta à espera de uma definição de Helder Barbalho.
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Daqui para frente, o prato mais temido pelos candidatos ligados ao governador é uma moqueca de “traíra”. Por outro lado, o deputado bolsonarista Toni Cunha (PL), à maneira de um “bom mineiro”, vem se articulando nos bastidores e já é visto como um fortíssimo candidato para ganhar a eleição para prefeito de Marabá. Toni conta com os votos da direita, agronegócio, evangélicos, empresários, parte dos católicos e terá o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), nos próximos dias, em Marabá, para o lançamento de sua pré-candidatura ao lado do “capitão”. Se Helder bobear, como se diz na linguagem popular usada aqui pelas bandas da Região do Carajás, Toni Cunha “tora a paca”. (Pedro Souza)