Grupos políticos começam a mover as ‘peças do xadrez’ rumo à Prefeitura de Marabá

A pouco mais de um ano para se iniciar a corrida eleitoral para escolha do próximo ocupante da cadeira de prefeito, vários candidatos já deram sinais de que estarão no páreo em 2020, naquela que promete ser uma das campanhas mais acirradas dos últimos anos, conforme conversas ouvidas em vários bairros de Marabá.

Manoel Veloso é visto como principal adversário de Tião Miranda

Manoel Veloso (PSL)

Na campanha de 2016, o médico Manoel Cláudio Furtado Veloso (PSL), então filiado ao Democratas, obteve 41,41% dos votos válidos para prefeito de Marabá, atingindo 47.640 votos. Na visão dos críticos, o médico cardiologista teria uma eleição garantida em 2018 para deputado estadual, mas preferiu dar um ‘passo maior que a perna’, concorrendo a uma cadeira de deputado federal. Mesmo obtendo 35.069 votos em Marabá, não foi eleito, e ainda inviabilizou a reeleição do então deputado federal Beto Salame (PP), de quem deverá sofrer ferrenha oposição durante a campanha.

Filho do saudoso médico e ex-prefeito Geraldo Mendes de Castro Veloso, o cardiologista é considerado, nos bastidores, o nome mais forte para vencer o atual mandatário, Sebastião Miranda Filho (PTB). No entanto, Manoel Veloso é visto, no meio político, como não possuidor de habilidades políticas para agregar novas lideranças. O pré-candidato precisaria mudar o ‘rumo do barco’ para aumentar a musculatura política.

“Sozinho não se ganha uma eleição, mesmo sendo um nome muito forte”, dizem os mais experientes. Grande parte dos eleitores de Manoel Veloso entende que o pré-candidato necessita buscar ‘novos ares’, arregimentar novas lideranças e construir uma aliança política mais ampla para ter chances de vencer Tião Miranda.

Toni Cunha fazia parte do governo Tião Miranda, mas já lançou voo solo na política

Toni Cunha (PTB)

Eleito vice-prefeito da cidade em 2016 ao lado do atual chefe do Executivo, o delegado de Polícia Federal Antônio Carlos Cunha Sá (PTB) conseguiu 26.958 votos em Marabá nas eleições de 2018, elegendo-se deputado estadual. Toni Cunha adotou um discurso ‘polido’ durante o pleito, ora agradando, ora aborrecendo o antigo “amigo político”.

Mostrando-se atuante na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa) e vigilante em relação aos problemas existentes em Marabá, Cunha vem fazendo duras críticas, de forma velada ou explícita, ao atual gestor. Essa postura desagrada boa parte dos simpatizantes do deputado estadual, pois, há pouco tempo, a dupla era aliada de ‘primeira hora’. Para piorar a situação, ele é filiado ao mesmo partido de Miranda, o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), e precisa resolver essa pendência para ser candidato ano que vem no mesmo partido, visto que o atual mandatário possui muito mais prestígio político.

Nos últimos meses, um mamógrafo causou grande ‘rebuliço’ nas redes sociais entre os antigos parceiros. Críticos atribuem a Cunha a falta de experiência para lidar com a própria base de apoio, pois as ‘brigas internas’ do grupo que o elegeu sempre terminam nas redes sociais, expondo as vísceras do mundo político. Boa parte dos eleitores vê no delegado um nome forte para prefeito de Marabá em 2020, não obstante, ele poderá se ‘queimar’ devido à falta de arguição no campo partidário.

Pádua possui prestígio político em Marabá, mas encontra-se ‘apagado’ no governo Helder Barbalho

Pádua Andrade (MDB)

Engenheiro responsável pela duplicação da BR-230 no trecho entre o Km 6 e o Aeroporto de Marabá, ex-ministro do governo Michel Temer, ex-secretário de Viação e Obras Públicas do governo João Salame e atual secretário estadual de Transportes, o nome de Antônio de Pádua de Deus Andrade (MDB) ‘vira e mexe’ aparece nas rodas de conversa e nas redes sociais sobre uma possível candidatura a prefeito de Marabá no próximo ano.

Pesa contra ele o vasto currículo e a proximidade com Helder Barbalho, porém sem conseguir indicar nenhum ocupante para os cargos públicos mais importantes na administração estadual em Marabá. Apesar de ser bastante conhecido e respeitado na cidade entre as associações de bairro e no meio evangélico, grande parte dos eleitores não vê em Pádua Andrade um adversário com força política para vencer Tião.

O ex-ministro estaria sem prestígio com o governador? Os adversários políticos entendem que sim, mas Pádua Andrade é um nome forte. Se vier a ser candidato, apoiado pelo grupo político de Helder Barbalho, será um nome respeitado. Poderia ser o caminho a ser construído pós-gestão Tião Miranda.

Nagibinho e João Chamon ainda não definiram o caminho político a ser seguido pelos grupos

Mutran e Chamon (MDB)

A candidatura de Helder Barbalho em 2018 uniu, sob o guarda-chuva do MDB, duas famílias tradicionais da política em Marabá. Ainda não se sabe se os dois grupos políticos pretendem lançar candidatura unificada para ‘marcar terreno’ em 2020 ou aguardarão as orientações do governador do Pará. Cabe salientar que as duas famílias possuem o maior prestígio político com Helder na região de Carajás.

Os grupos de Toni Cunha, Chamon e Mutran ocupam todos os cargos públicos “de  peso” político-administrativo em Marabá. As ações do governo do Pará sempre passam por um desses grupos na terra de Francisco Coelho. Ninguém cria asas políticas sem a bênção de um deles. No entanto, essa concentração de poder deixou a maioria da base de apoio do governador bastante irritada e disposta a procurar ‘novos ares’ políticos. “Saco vazio não se segura em pé”, diz um ex-vereador.

Helder Barbalho não anda muito bem das pernas na cidade. Visto como um governador que prestigia somente a família, o partido MDB e os deputados com mandato, o filho do senador Jader Barbalho precisa decidir se lançará candidato a prefeito para enfrentar Tião Miranda, ou se ‘ajoelha’ diante do prefeito de Marabá ‘de olho’ em 2022, quando deverá enfrentar Simão Jatene ou outro candidato representando o tucanato do Pará.

João e Beto Salame possuem força política em Marabá e estão movimentando as ‘peças do xadrez’

Irmãos Salame (PP)

“Besta é quem acha que João Salame e Beto Salame estão mortos politicamente”. O grupo comandado pelo ex-prefeito de Marabá iniciou, nas últimas semanas, uma ofensiva, mostrando os avanços e problemas da gestão Salame em Marabá. O grupo, sentindo-se excluído dos acordos políticos, trabalha para eleger quatro vereadores em 2020. Sentindo-se traído, Salame deverá ser um ‘calo no sapato’ de Manoel Veloso e do candidato a prefeito de Helder Barbalho.

Construção e reforma de escolas, pavimentação de ruas, reformas de postos de saúde, transporte escolar, valorização da cultura, recuperação de estradas vicinais e diálogo com as comunidades, entre outras realizações, fazem parte do ‘pacote’ materializado em vídeos da retomada de diálogo com os antigos eleitores e lideranças políticas pelo ex-prefeito.

A largada do enfrentamento aos radicais das redes sociais aconteceu no início do mês de agosto. De passagem por Marabá, em poucas horas, Salame demonstrou força política, reunindo mais de 150 lideranças em um bate-papo em sua residência. “Vamos mostrar aquilo que deu certo e os erros de nossa gestão”, afirmou o ex-prefeito. Salame fez questão de abordar as acusações de corrupção em seu governo, negando tudo e criticando o ‘ativismo político’ de parte do Ministério Público e do Poder Judiciário.

Voando em ‘céu de brigadeiro’, Tião Miranda ainda não se mexeu politicamente, mas possui grande popularidade

Tião Miranda (PTB)

Próximo ao fim do terceiro mandato como prefeito de Marabá, Sebastião Miranda Filho (PTB) voa em ‘céu de brigadeiro’. Ancorado em uma aceitação popular de mais de 80% de aprovação, segundo pesquisas para consumo interno, Tião Miranda mantém uma rotina de pouca conversa e de controle rígido das finanças públicas. O discurso de austeridade sempre permeia o cotidiano do prefeito de Marabá.

“Um excelente administrador, mas um péssimo político”. Essa pecha já fez Tião ver João Salame, de quem era aliado político, ser derrotado pelo então presidente da Câmara Municipal Maurino Magalhães em 2008 — quando apoiou o nome do então amigo para sucedê-lo — e pelo próprio João Salame na campanha de 2012. De acordo com os críticos, Miranda só perde para ele mesmo, mas se não for hábil nas articulações, como nunca foi, será derrotado novamente, mesmo com uma aceitação popular gigantesca. “A política não é uma sentença matemática exata”, dizem os críticos.

Tião Miranda consegue algo inédito atualmente. O prefeito de Marabá se mantém praticamente ileso aos olhos dos “cientistas políticos”, “sociólogos”, “analistas de desempenho”, “economistas”, “críticos de mesa de bar”, “antropólogos” e “justiceiros de redes sociais”. O baixo prestígio da classe política no Brasil não estaria afetando a imagem dele em Marabá. “Ele só ouve elogios, vindo de todos os lados, e isso pode significar sua derrota nas urnas, como já aconteceu”, reclama um eterno aliado do prefeito de Marabá.

Ditado popular

Jargões populares como “já vi boi voar em política”, “candidato dormiu eleito e acordou suplente”, “aparecia em 5º lugar nas pesquisas, mas foi eleito” e “o mais besta em política voa” dominarão os debates políticos no dia 4 de outubro de 2020, após o escrutínio dos votos. A escolha do melhor candidato está sob a responsabilidade do povo de Marabá. O chamado ‘viés ideológico’ deverá sempre estar a serviço dos mais necessitados, o resto vai se ajustando de acordo com o perfil do prefeito eleito  e a realidade econômica de Marabá.

Editorial

O Portal Debate Carajás acompanhará a movimentação e evolução política dos candidatos a prefeito de Marabá, adotando a imparcialidade e a independência editorial como instrumentos de análise de cada postulante ao cargo de gestor municipal. Uma visão sobre o andamento do processo político será exposta através de artigos de opinião a serem publicados mensalmente, com o objetivo de ajudar o eleitor a escolher, de forma democrática, o melhor para Marabá.

Pedro Souza

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