Greve de produtores de açaí chega ao quarto dia seguido

Vendedores temem que o movimento atinja os preços do mercado interno paraense
Foto: Ilustração

A greve dos produtores de açaí do município de Igarapé-Miri, deflagrada na última segunda-feira (23), já começa a ter efeitos sobre o mercado do produto no Pará. A Associação dos Vendedores Artesanais de Açaí de Belém (Avabel) afirma que a paralisação, que já entra no quarto dia seguido hoje, já fez aumentar o número de caminhões na doca do Ver-o-Peso, em busca da produção de açaí vinda da região das ilhas de Belém. Os vendedores da capital temem que a continuidade do movimento provoque nova escassez do produto na cidade, como ocorreu durante o primeiro semestre do ano, na entressafra do fruto, e faça com que o preço precise ser elevado.

O presidente da Avabel, Carlos Noronha, afirma que o movimento da compra de açaí no Ver-o-Peso na madrugada entre terça-feira e ontem já deu sinais de que a paralisação dos produtores de Igarapé-Miri está surtindo efeitos. “Já ocorreu o que chamamos de virada de preço, que significa o aumento de preço durante a venda. Por exemplo, quando em torno de uma hora da manhã os produtores começam a venda oferecendo um preço e depois, lá pelas cinco horas da manhã, quando eles observam que a procura está maior, aumentam o preço. Eu pensei até em chamar outros vendedores para impedirmos a entrada de caminhões”, relata o representante da categoria.

Com o impedimento da chegada da produção oriunda de Igarapé-Miri, os vendedores de Belém temem que indústrias de exportação tentem garantir a compra do produto de outros locais, não apenas da região das ilhas de Belém, mas também dos municípios de Abaetetuba e Cametá. “Infelizmente, um aumento da procura dessa forma acabará prejudicando o consumidor, pois teremos que aumentar os preços”, destaca.

A reivindicação dos agricultores de Igarapé-Miri é contra o preço cobrado pelos donos de fábricas que compram o açaí produzido no município. O protesto envolve também os chamados ‘atravessadores’, categoria que faz a mediação na comercialização entre os produtores e os empresários. Segundo os produtores, a classe é a menos remunerada no comércio do fruto, pois o preço de venda estipulado não compensaria o custo que eles têm para produção, manutenção dos açaizais e colheita do fruto, que é terceirizada.

O agricultor e presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Igarapé-Miri, Elivelton Miranda, afirma que no início de mês de julho, o preço de 28 quilos de açaí pago aos produtores pelos “atravessadores” ou pelas indústrias era R$ 100. “Mas, no início de agosto, o valor passou para, no máximo, R$ 55. Não há condições de que a situação continue assim. A situação está complicada desde a semana passada, mas paralisamos apenas a partir da segunda-feira. Estamos chamando de Greve da Peconha. A gente só firmou o compromisso de que vamos manter a venda para o mercado interno de Igarapé-Miri. Mas se afetar o mercado de Belém, é que queremos, para chamar atenção para o nosso problema”, anuncia.

Segundo Elivelton Miranda, durante a manhã de ontem, os produtores reuniram com empresários da indústria do açaí, mas não foi possível chegar em um entendimento entre as duas partes. “Eles estão irredutíveis. Nós tínhamos uma reunião marcada para a próxima sexta-feira com um sindicato da indústria de frutas, mas estamos considerando desmarcar, já que o setor não parece querer negociar”, conclui. (O Liberal)

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