Gari analfabeto do Pará se torna delegado de Polícia Civil em Goiás

Jiovane Freitas é o delegado da cidade de Campos Belos, nordeste do Estado de Goiás, mas cresceu em Redenção.
Delegado Jiovane Freitas - Crédito: Reprodução

CAMPOS BELOS, NORDESTE DE GOIÁS – O delegado, Jiovane Policena de Freitas, assumiu recentemente o cargo de Delegado da Polícia Civil, na cidade de Campos Belos, nordeste do Estado de Goiás, teve uma vida dura em Redenção, no sul do Pará, onde viveu por muitos anos com sua família, na época da chamada “vacas magras”.

De origem muito pobre, praticamente analfabeto até os 23 anos, Jiovane Freitas venceu todos os obstáculos e se tornou Delegado de Polícia do Estado de Goiás em 2021. Ele nasceu em uma fazenda, localizada na zona rural de Pirenópolis (GO), porém, aos três anos de idade, se mudou com a família para Redenção, onde tudo começou.

Na vida dura do Pará, o jovem ajudava seu pai na lida com uma carroça e, criança, capinava lotes para particulares em troca de um pouco de dinheiro. Na labuta diária, por anos a fio, o pequeno Jiovane Freitas passou a maior parte de sua adolescência ajudando os pais e seus irmãos com o sustento da família.

O jovem precisava trabalhar para colocar comida na mesa. Essa era a realidade. Aos 17 anos, passou a ocupar a função de coletor de lixo, o popular “gari” em Redenção.

“Minha realidade era trabalhar para ajudar com as despesas de casa. Isso ocupava todo o meu tempo e disposição. Faltavam recursos às vezes e não tínhamos o que comer em casa. Mas vivíamos acobertados pela boa estrutura familiar”, relembra o agora policial civil.

Jiovane Freitas conta que sempre teve vontade de estudar e se destacar profissionalmente, mas o trabalho era até mais importante do que os estudos, devido às condições financeiras da família pobre.

No entanto, ao completar, 23 anos, o jovem tomou uma decisão. Era hora de quebrar aquele ciclo de pobreza e de ilimitadas necessidades básicas. Era hora de trilhar seu futuro em outros campos.

Praticamente analfabeto, sem nem contar nem mesmo com o ensino fundamental, teve a iniciativa de começar os estudos de forma independente, em sua própria casa, durante o pouco tempo de descanso que lhe sobrava.

“Fiz a prova de supletivo do MEC; fui aprovado e recebi meu diploma do ensino fundamental. Continuei os estudos em casa e também fui aprovado para o ensino médio. Às vezes, virava noites estudando, mesmo sabendo que precisaria acordar cedo para o trabalho”, conta.

Depois de receber o diploma do ensino médio, Jiovane Freitas foi aprovado no vestibular da Universidade Federal de Tocantins (UFT), para o curso de engenharia de alimentos, porém a alegria durou pouco, pois o curso exigia presença em período integral, o que acabou acarretando em sua desistência, já que precisava continuar trabalhando para prover seu próprio sustento.

Após desistir da engenharia de alimentos, Jiovane prestou vestibular para o curso de Direito, também na UFT, onde concluiu com êxito a faculdade enquanto morava com seu irmão, em Palmas, no Estado do Tocantins.

“Com cerca de três meses após o início do curso de Direito, passei em um concurso de nível médio e, então, as finanças começaram a melhorar. Quase me acomodei com a situação de estabilidade, mas logo retomei meus objetivos e continuei a estudar”, lembra o Delegado.

Ao longo de quase dez anos, Jiovane continuou trabalhando e estudando com o objetivo de tornar-se delegado de polícia. Fixou essa ideia na cabeça e correu atrás do seu sonho. Em 2018, foi aprovado e começou a atuar em 2021. Hoje é a autoridade policial máxima da Polícia Civil de Campos Belos.

Para Jiovane Freitas, a família foi sempre o principal incentivo para seu desenvolvimento, por ter crescido em um ambiente amoroso, com cuidados e responsabilidades.

“Apesar de pobre, minha família sempre foi bem estruturada. Eu e meus irmãos tivemos um amparo familiar muito importante. Meu pai e minha mãe nunca tiveram vícios, eram receptivos, responsáveis e cuidadosos, sempre fomos uma família saudável. O apoio da família foi indispensável para o meu crescimento”, reconhece. (Portal Debate Carajás, com Blog Otávio Araújo e Blog Dinomar Miranda).

Crédito: Reprodução

Relacionados

Postagens Relacionadas

Nenhum encontrado

Cadastre-se e receba notificações de novas postagens!