Execução de interno escancara problemas antigos no Ciam de Marabá

O Centro de Internação estaria sofrendo interferência política e apresenta sérios problemas de gestão. O caso foi exposto com a execução do adolescente Eduardo Lima, de 14 anos
Crédito: Reprodução

A execução do interno Eduardo Ferreira Lima, 14 anos, no Quarto Cela Nº 4, na Ala B, por volta de 19h30, desta quinta-feira (23), no Centro de Internação do Adolescente Masculino (Ciam), atingiu o ápice de uma sequência de problemas existentes na unidade de ressocialização de adolescentes em conflito com a lei, em Marabá, no sudeste do Pará.

O Portal Debate Carajás conversou com vários ex-monitores, monitores e servidores que elegeram a interferência política como o principal problema do Centro de Internação de Marabá. Segundo eles, o constante rodízio de servidores, monitores e disputas políticas pelo controle do Ciam interferem, há anos, no bom andamento das atividades de ressocialização.

Durante as investigações, sobrou até para o Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), pois diversas denúncias teriam sido protocoladas, expondo a existência de problemas de gestão, mas nenhuma medida efetiva para saná-los foi tomada pela Fundação de Atendimento Socioeducativo do Pará (Fasepa), com sede em Belém, responsável pela gestão do Ciam de Marabá.

A reportagem recebeu cópia de uma denúncia protocolada no MPPA, no dia 25/8/2021, relatando perseguição política contra servidores, namoro entre monitoras e internos, assédio moral, acúmulo de função por parte da gestão, negociações espúrias com internos, “plantão do amor”, nepotismo, uso de celular e outros sérios entraves que estariam interferindo no cotidiano do Centro de Internação.

A unidade de ressocialização estaria cheia de mato, iluminação interna deficiente e, apenas recentemente, foi resolvida a questão da péssima qualidade da refeição servida aos internos e servidores. Essa bagunça, uma hora, iria “explodir”. Infelizmente, ela veio à tona com o assassinato de Eduardo Lima, após ele sofrer um “mata leão” e ser arrastado para o banheiro.

O jovem ainda teria sido esgorjado e teve os pulsos cortados, conforme relatos contidos no boletim de ocorrência, registrado na 21ª Seccional Urbana, na manhã desta sexta-feira (24). Os monitores reclamam que a culpa pela morte do interno estaria sendo jogada nas costas deles, de maneira proposital, mas o assassinato teria ocorrido durante uma atividade religiosa, não na madrugada de sexta-feira, conforme vem sendo divulgado.

Eduardo Lima era um adolescente em conflito com a lei, oriundo da cidade de Xinguara, no sul do Pará. O corpo foi periciado no Instituto Médico Legal (IML) de Marabá e liberado para velório e sepultamento. A Delegacia de Homicídios da 21ª Seccional Urbana investiga o caso. “Muita água ainda vai passar embaixo dessa ponte”. (Portal Debate Carajás)

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