Um estudo pioneiro no Pará apresentou os primeiros resultados esta semana: ipês amarelo e roxo se regeneram após explorações florestais com manejo. Isso aponta o baixo risco de extinção da espécie em locais onde a exploração florestal é feita dentro da lei e a possibilidade de se investir nessa árvore, que tem alta durabilidade e alto valor no mercado.
De acordo com o especialista, é um passo importante para mostrar que o manejo florestal é sustentável, e que o avanço da pesquisa sobre essa espécie é fundamental para apoiar a legislação e as políticas públicas.
“É a primeira vez que a pesquisa em parceria com a iniciativa privada estuda em larga escala a ocorrência, a distribuição e o ciclo de crescimento do ipê-amarelo e ipê-roxo na região”‘, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) que realizou o projeto Ipê com o apoio da Associação das Indústrias Exportadoras de Madeira do Estado do Pará (Aimex).
O estudo foi realizado nas áreas de manejo da empresa Amazônia Florestal, que tem sede em Itaituba, no Pará. Desde 2012, a empresa tem 85 mil hectares disponíveis para o manejo por meio de concessão na floresta estadual Mamuru-Arapiuns, no oeste paraense.
“Verificamos que as estruturas das populações de ipê na área estudada são mantidas mesmo após a exploração com as técnicas de manejo florestal”, informou Lucas Mazzei.
A equipe técnica realizou inventário diagnóstico para as espécies de ipê-amarelo e ipê-roxo em parcelas dentro de três Unidades de Produção Anuais (Upas) de manejo florestal. A partir do processamento dos dados, os resultados indicaram a coleta de 15 indivíduos de ipês (10 amarelos e 5 roxos) com diâmetro (DAP) acima de 10 cm.
O manejo florestal sustentável (MFS) tem base científica e corresponde ao uso da floresta que mantém a cobertura do solo, resguardando a biodiversidade e os serviços ambientais da floresta. Na sua essência, é a retirada de árvores de forma planejada em parcelas inventariadas e respeitando o ciclo de crescimento da floresta.
O aumento do interesse internacional pelo ipê, levou à indicação do gênero handroanthus para compor a lista da Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (Cites). A convenção, assinada pelo Brasil, controla a exportação de produtos da flora e fauna.
Para Deryck Martins, da Aimex, a entrada da espécie na listagem é uma preocupação equivocada, pois as informações técnicas e científicas demonstram que não há risco de extinção. Para ele, o manejo é fundamental em fortalecer a sustentabilidade da atividade madeireira na Amazônia.
Ipê tem madeira de alta durabilidade e alto valor no mercado
O ipê é uma árvore que ocorre naturalmente em todo o Brasil e nome origina-se da língua indígena tupi e significa casca dura. Existem mais de 100 espécies dos gêneros, com flores amarelas, roxas, rosas, brancas e verdes.
Além da floração que chama atenção, algumas espécies dessa árvore, como o ipê-amarelo (handroanthus serratifolius) e o ipê-roxo (handroanthus impetiginosus), têm uma madeira de alta durabilidade, resistência e beleza.
O Pará é o maior produtor e exportador nacional de madeira nativa da região amazônica, segundo o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC). Isso considera a exportação legalizada.
Segundo o diretor técnico da Aimex, Deryck Martins, o ipê representa em torno de 4% do volume de madeira exportado pelo estado do Pará. Porém, quando se observa o valor dessa espécie no mercado internacional, o impacto é outro: “o metro cúbico de ipê serrado já chegou a R$ 15 e 17 mil reais, enquanto que a maçaranduba ou o freijó ficaram em torno de R$ 7 mil”, conta Martins.
“O ipê viabiliza financeiramente o manejo. Nós precisamos valorizar esse produto, que é a vantagem competitiva do Brasil em relação a outros países”, afirma Bruno Sato, sócio-diretor da Amazônia Florestal.