Nesta quinta-feira (4), o Ministério da Justiça decidiu dispensar definitivamente Humberto Gleydson Fontinele do cargo de diretor do presídio federal de Mossoró (RN). Ele comandava a prisão no dia da fuga dos dois detentos da unidade, em 14 de fevereiro passado. A informação foi confirmada ao UOL.
A decisão do ministério saiu no mesmo dia em que os fugitivos foram recapturados pelas autoridades. Rogério da Silva Mendonça, 33 anos, e Deibson Cabral Nascimento, 35 anos, foram encontrados após 50 dias de buscas.
O diretor Humberto Fontinele foi afastado do cargo no dia 14 de março, um mês após a fuga. Ele foi substituído interinamente pelo ex-diretor da Penitenciária Federal de Catanduvas (PR) Carlos Luis Veira Pires. Não foi informado, porém, se ele assumirá o presídio de Mossoró definitivamente.
Humberto Gleydson Fontinele havia sido nomeado para a direção da unidade prisional em abril de 2023. A nomeação foi feita por Ricardo Capelli, então secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública. A dispensa dele deve ser oficializada na edição do Diário Oficial da União desta sexta-feira (5).
O diretor Humberto Gleydson Fontinele é formado em direito em 2016. Segundo currículo disponível no site da Secretaria Nacional de Políticas Penais, ele fez a graduação na Faculdade de Ciências e Tecnologia Mater Christi, em Mossoró (RN).
Em 2023, Fontinele cursava duas pós-graduações. Uma era de Gestão do Sistema Prisional, com previsão para conclusão em maio de 2023, e outra de Direito Penal e Processo Penal, com término previsto para dezembro do mesmo ano. Não há informações se o agora ex-diretor concluiu os cursos.
Ex-diretor atuou como chefe da área de tecnologia e informação do presídio federal de Mossoró. Ele também trabalhou como chefe da divisão de inteligência e, em 2017, foi diretor substituto, ambas as funções foram realizadas na penitenciária federal de Mossoró.
Fuga em fevereiro deste ano
Após 50 dias de buscas, os dois detentos foram encontrados em Marabá, no sudeste do Pará. Os fugitivos e outros quatro homens estavam na capital Belém e foram capturados quando se deslocavam em três carros.
Rogério e Deibson estavam em veículos diferentes e eram escoltados. Os carros com os membros da facção Comando Vermelho do Acre eram conduzidos por comparsas dos fugitivos, segundo a PF.
PF apreendeu um fuzil com os fugitivos, que planejavam deixar o Pará quando foram capturados. Segundo o ministro Ricardo Lewandowski, em entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira, a dupla pretendia fugir para o exterior.
Foragidos são ligados ao Comando Vermelho
Fugitivos são “matadores do CV”, diz a polícia. Fontes ouvidas pela reportagem indicam que os fugitivos não integram o alto escalão da facção e que são conhecidos por serem encarregados por assassinatos de pessoas no “tribunal do crime”.
Os dois detentos estiveram em rebelião em presídio do Acre em 2023. Deibson e Rogério foram então transferidos para a unidade federal de Mossoró em julho do ano passado.
Deibson cumpria pena de 81 anos de prisão. Conhecido como Tatu, ele tem o nome ligado a mais de 30 processos e responde por crimes como tráfico de drogas, organização criminosa e roubo por assalto a mão armada. (Com Oliberal)