‘Dia do Fogo’ completa um ano com apenas 5% dos responsáveis punidos, aponta Greenpeace

Dia do Fogo completa um ano com apenas 5% dos responsáveis punidos, aponta Greenpeace — Foto: Christian Braga/Greenpeace

Um dia marcado pelo aumento elevado dos focos de incêndio na Amazônia, completa um ano nesta segunda-feira (10), com apenas 5% dos responsáveis punidos, segundo a ONG Greenpeace. O “Dia do Fogo” foi promovido por fazendeiros no Pará para gerar queimadas ilegais em diversos pontos da região, em agosto de 2019.

Na época, a mobilização foi denunciada por um jornalista de Novo Progresso, sudoeste do Estado. A Polícia Federal começou a investigar o caso após determinação do Ministério da Justiça e Segurança Pública. A investigação apontou que ação foi planejada em grupos de mensagens com fazendeiros, empresários e produtores rurais que teriam promovido as queimadas em áreas de unidades de conservação.

Em dois dias, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) detectou 1.457 focos de calor no estado, um aumento de 1.923% no mesmo período do ano anterior. O crescimento elevado também foi registrado de um dia para o outro. Equanto no dia 9 de agosto, 101 focos foram detectados na região, no dia 10 o número pulou para 715, o que representa um aumento de 707% no número de queimadas.

“Mesmo com o Dia do Fogo sendo amplamente noticiado na imprensa do mundo inteiro, pouco foi feito para punir os culpados. Das 207 propriedades que registraram queima em floresta nesses dois dias, apenas 5,7% foram autuadas”, revela Rômulo Batista, porta-voz da campanha de Amazônia do Greenpeace Brasil.

G1 solicitou informações sobre as ações promovidas para punir os responsáveis e para evitar novas queimadas criminosas para o Ministério do Meio Ambiente e para o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e aguarda posicionamento.

Propriedades identificadas

O Greenpeace Brasil fez um levantamento com os Cadastros Ambientais Rurais (CAR) dos municípios de Novo Progresso, São Félix do Xingu Itaituba, Altamira, Jacareacanga e Trairão – atualizados pela última vez em fevereiro de 2020 – e identificou que quase metade dos focos de calor ocorridos no Dia do Fogo aconteceram dentro de propriedades rurais cadastradas no sistema fundiário do Pará.

A partir do cadastro, é possível identificar os proprietários dos 478 imóveis que tiveram focos de calor no dia da ação. As informações podem ser consultadas pelo sistema público da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (Semas/PA).

Pelo menos 66 deles já possuíam embargos por crimes ambientais anteriores ao Dia do Fogo, e reincidiram no delito. Destes imóveis, 99,37% já apresentava traços de pastagem mapeados e classificados pelo MapBiomas em 2018.

Áreas devastadas

Levantamento do Greenpeace identifica áreas devastadas pelo Dia do Fogo, que completa um ano. — Foto: Christian Braga/Greenpeace
Levantamento do Greenpeace identifica áreas devastadas pelo Dia do Fogo, que completa um ano. — Foto: Christian Braga/Greenpeace

No final do último mês de julho, uma equipe do Greenpeace sobrevoou a região afetada pelas queimadas do Dia do Fogo. As imagens feitas registram áreas já completamente desmatadas, outras ainda em fase de desmatamento e umas já convertidas em pasto, com atividade pecuária dentro.

Em agosto de 2019 foi registrado o maio índice de focos de calor na Amazônia para o mês desde 2010. Somente os municípios de Novo Progresso, Itaituba, Altamira, São Félix do Xingu, Jacareacanga e Trairão foram responsáveis por 79% dos focos detectados no Pará em todo o mês de agosto. O recorde de queimadas foi sentido, inclusive, em São Paulo, quando o dia escureceu completamente às 15hs, no dia 19 de agosto.

De acordo com o levantamento do Greenpeace, as ações do Dia do Fogo resultaram em 53 focos de calor dentro de Terras Indígenas e 534 em Unidades de Conservação. Além disso, 580 focos de calor, o que representa 39,8% do total, foram registrados em área de floresta e cerca de 32,8% em áreas desmatadas.

Fonte: G 1 – Pará

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