Desmatamento ilegal é detectado na Terra Indígena Koatinemo

Agentes do Ibama encontram área de 72 hectares de devastação em terra indígena Koatinemo, no sudoeste do Pará. — Foto: Ibama

Equipes de fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) flagraram nova área de desmatamento em terras indígenas no sudeste do Pará. Sobrevoos feitos nesta segunda-feira (27) comprovaram, ao menos, 76 hectares de floresta derrubada somente neste mês, na Terra Indígena (TI) Koatinemo. A área desmatada equivale a aproximadamente 106 campos de futebol.

A TI fica localizada entre os municípios de Altamira e Senador José Porfírio e foi regularizada para ocupação tradicional de indígenas isolados do povo Assurini do Xingu, com área de quase 388 hectares e população de 182 pessoas, segundo o Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena (Siasi).

De acordo com o Ibama, a área estaria sendo preparada para plantio de pastagens. Os invasores seriam grileiros que teriam chegado à área por meio de estradas clandestinas abertas na TI Ituna Itatá, que faz limites com a Koatinemo.

Na última quarta (22), os fiscais do Ibama constataram que a TI Ituna Itatá teve mais de mil hectares de devastação somente em janeiro deste ano. A TI é a mais desmatada do país, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Terra Indígena Ituna-Itatá, no PA, é a mais desmatada da Amazônia, segundo INPE. — Foto: Reprodução / Jornal Nacional

Combate ao desmatamento em terras indígenas

A operação do Ibama de combate ao desmatamento já dura quase duas semanas. Cinco mil litros de combustíveis foram apreendidos em postos clandestinos em Vila Mocotó, na região Assurini. O combustível, segundo as investigações, abasteceriam maquinários utilizados para desmatamento ilegal na região sudoeste.

Moradores de Vila Mocotó bloquearam os agentes ambientais, que estavam acompanhados de policiais militares e bombeiros. Os agentes conseguiram sair da região e levar o material apreendido até Altamira. Em seguida, as ações fiscalização ambiental chegaram à TI Ituna Itatá, onde os agentes encontraram áreas de desmatamento ilegal.

A operação recebeu críticas do senador Zequinha Marinho (PSC-PA), que xingou os agentes de “servidores bandidos e malandros” e os acusou de queimar casas e carros em propriedades irregulares dentro da terra indígena, protegida por lei. Para o Ibama, as declarações do senador “acabam legitimando os crimes ambientais” e prejudicam as ações de fiscalização ambiental.

Ainda segundo o Ibama, a operação tenta frear os altos índices de devastação na Amazônia. O Pará chegou a liderar o ranking do desmatamento com 58% da área total desmatada, em novembro de 2019, em seguida vem Mato Grosso (16%), Rondônia (9%), Amazonas (8%), Acre (4%), Roraima (3%), Amapá (1%) e Tocantins (1%).

Os principais alvos de desmatamento no Pará são as terras indígenas, de acordo com o Greenpeace. Um levantamento da organização mostra que a TI Ituna Itatá teve 94% do território autodeclarado por produtores a partir de Cadastros Ambientais. Para a organização, os mais de 200 registros mostram que o território estaria sendo ocupado por grileiros que se autodenominam donos de cada pedaço de terra.

G1 Pará

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