Desastre na educação e obras inacabadas marcam governo Helder no Pará

Helder Barbalho, que tomou posse para um segundo mandato, deixou um equipamento de 6 milhões de reais parado e que poderia ter salvado vidas nos primeiros quatro anos de seu primeiro mandato.
Helder Barbalho - Foto: Reprodução

DIÓGENES BRANDÃO (BELÉM)- Se tem uma coisa que o governo de Helder Barbalho (MDB) até agora não deixou marcas foi nas áreas referentes a execução de obras e na educação pública. O que existe são reformas. Algumas, por força de motivos que ultrapassaram a vontade do governador, outras, de pequeno porte, mas as obras de grande envergadura, isso não há, pelos menos até a essa “altura do campeonato”. Já na educação, as “coisas” vão de mal a pior.

Diferente de seu pai, o ex-governador e hoje senador Jader Barbalho (MDB), que construiu obras que até hoje ele discursa orgulhoso de ter sido o idealizador, o governo de Helder além de não oferecer obras de relevância ao seu eleitor, vem se notabilizando por grandes escândalos, que sumiram do noticiário jornalístico, devido ao grande volume de recursos utilizados para silenciar o jornalismo mais crítico e realista do Pará.

Só de operações da Polícia Federal (PF) em sua residência e gabinetes do governo, que levaram equipamentos eletrônicos dele, de sua esposa, filhos e assessores, foram três, só no primeiro mandato, devido a tramoias com o recurso destinado a combater a pandemia da covid-19 e ao funcionamento das Organizações de Saúde (OS) para gerenciamento dos hospitais regionais.

Helder Barbalho viu assessores sendo presos, um com R$ 750 mil reais, em dinheiro vivo em uma térmica, outro com uma máquina de contar dinheiro e alguns estão desaparecidos da vida pública, como seu fiel chefe da Casa Civil, Parsifal Pontes, apontado como membro da Organização Criminosa que desviou milhões de reais, durante a pandemia da COVID-19.

Na ocasião, centenas de paraenses morreram por falta de respiradores, pois a maioria dos que foram comprados de forma suspeita e supostamente ilegal, não funcionaram. Outros respiradores foram encontrados escondidos dentro de uma parede falsa, no Hospital Abelardo Santos, no Distrito de Icoaraci.

Antes que venham apontar as Usinas da Paz como obras do governo estadual, cabe alertar aos desavisados de que elas foram construídas pela mineradora VALE, que lucra bilhões de dólares com a extração de minério e nos deixa um passivo ambiental enorme e depois de ser ameaçada por uma CPI promovida por deputados “barbalhistas” na Assembleia Legislativa do Estado do Pará (ALEPA), acabou se comprometendo e está entregando diversas estruturas para ações sociais do governo do Pará.

Hospital Regional do Sudeste do Pará – Créditos: Reprodução

Por sua vez, a reforma do Estádio Mangueirão, que se estende por meses, e diversos aditivos financeiros que surgiram no decorrer das obras deveriam ser alvo de fiscalização pelo Ministério Público (MPPA), assim como as obras do BRT Metropolitano e da reforma da Ponte do Outeiro, que até hoje não foi explicada como perdeu um pilar e ficou inutilizada por mais de um ano, causando transtornos e prejuízos para quem precisa entrar e sair da ilha. Um trabalho sério resolveria o problema em um mês.

Nesta lista macabra, poderíamos elencar a precariedade de diversas Seccionais Urbanas de Polícia Civil, quartéis da PM sucateados, escolas estaduais caindo aos pedaços e sem servidores, Unidades Básicas de Saúde (UPA) da Sespa sem insumos. Além disso, piorou o sucateamento da COSANPA, a ADEPARÁ se tornou acéfala e tantos outros problemas existentes nas secretarias estaduais e autarquias, mas isso não caberia em um texto, ou em apenas uma matéria jornalística.

Com a postura de um líder político autoritário e melindroso, que não aceita críticas e por isso aciona seu poder e influência em outros poderes, para onde indicou amigos e parentes, Helder Barbalho age como um déspota em sua autocracia particular, impedindo a liberdade de expressão e de imprensa, quando não na marra, através de processos judiciais e operações policiais arbitrárias.

Quando faziam oposição, em busca de “ganhar” o governo do Estado do Pará, os veículos de imprensa da família Barbalho foram implacáveis e diariamente denunciavam e criticavam as gestões anteriores. As vítimas foram os governadores Almir Gabriel, Ana Júlia e Simão Jatene. Eles ainda rivalizavam com outra família detentora de outro império de comunicação: a família Maiorana, hoje comprada a peso de ouro com verbas publicitárias abundantes e contando com uma “cota” no governo do Pará.

O comando da “OS Pará 2000”, responsável pela administração do Hangar Centro de Convenções; Estação das Docas; Mangal das Garças; Arena multiuso Guilherme Paraense (Mangueirinho); Carajás – Centro de Convenções (Marabá) e o Parque Estadual do Utinga possui os tentáculos dos Maiorana.

Muito dinheiro público e pouco retorno para o povo

Sob ordens de um aperto fiscal rigoroso, cobrando impostos e não abrindo mão de fazer com que os órgãos arrecadadores, como o DETRAN e a SEFA, atuem na busca de recursos tributários e multas, o Pará foi o estado brasileiro que mais arrecadou, com alta de 11,08%. Eu nunca vi tanta fiscalização e “Blitzkrieg” na minha vida no Pará.

Mesmo assim, servidores públicos reclamam do governo estadual pela falta de reajustes salarias, principalmente pela falta de um Plano de Cargos e Carreira e o pagamento (mínimo) do Piso Salarial de diversas categorias, ser um dos mais baixos do país.

Os servidores da educação já anunciaram uma paralisação para o dia 2 de março de 2023 por falta da lotação 2023; implantação de jornada de trabalho; ausência de progressões; implantação do PCCR unificado, existência de sábados letivos; falta de concurso público e reforma das escolas paralisadas.

PET Scan: o que é e sua importância no linfoma - Revista Online ABRALE
Aparelho “Pet-Scan” ou “Pet-CT” – Foto: Reprodução

Equipamento encaixotado por falta de uma sala hospitalar

Ao ser eleito governador, Helder Barbalho recebeu um equipamento que, na época custava cerca de 6 milhões de reais, e seu uso era reivindicado por médicos especialistas no tratamento de pacientes de câncer, oriundos de várias cidades do Pará.

O equipamento possibilita a realização do exame conhecido como “Pet-Scan” ou “Pet-CT”. Trata-se de um exame de diagnóstico por imagem (PET e CT) que quando realizados em conjunto são muito eficientes na detecção de cânceres, doenças do coração e problemas neurológicos.​

Pois mesmo com tamanha importância e já comprado pelo governo, através de uma emenda parlamentar, o equipamento passou os quatro anos do primeiro governo de Helder Barbalho encaixotado. Em uma matéria publicada no mês de Julho de 2022, o Sindicato dos Médicos cobrou o governo com a seguinte posição. LEIA:

O Sindmepa informa que consultou autoridades de saúde do estado sendo informado que a instalação do equipamento depende de realização de uma obra de adaptação no setor de medicina nuclear para abrigar o equipamento. E que a realização da obra depende de verba a ser repassada pela Secretaria de Obras do Pará (Sedop).

Apesar de anos de insistência dos profissionais e fiscais da unidade para a instalação do aparelho, até agora não se tem notícias de efetiva instalação do equipamento. O pet-Scan é considerado uma das tecnologias mais modernas para diagnosticar e acompanhar a presença e a progressão do câncer. Foi adquirido pelo Hospital Ophir Loyola em 2019 pelo valor de R$ 6 milhões, segundo o blog.

O Sindmepa reafirma sua preocupação com o bom uso do dinheiro público e vai continuar cobrando das autoridades competentes responsabilidade e transparência nas ações. O equipamento encaixotado no Hospital Ophir Loyola é o único Pet-Scan de propriedade de um hospital público no estado e precisa ser instalado o quanto antes para cumprir sua missão de ajudar a salvar vidas. É uma irresponsabilidade a demora na instalação de equipamento tão caro e importante para a saúde da população”.

Sindicato dos Médicos do Pará – Sindmepa

A justificativa da Secretaria de Obras do Estado (SEOP) é de que para ser colocado em funcionamento nas dependências do Hospital Ophir Loyola, seria necessário a construção de uma sala, mas mesmo com as denúncias e sob protestos do jornalista Lúcio Flávio Pinto, que mobilizou o Sindicato dos Médicos do Pará, o governador foi capaz de se sensibilizar e tomar uma postura digna de um administrador público e colocar seus assessores para trabalhar, colocando o equipamento para funcionar, o qual já deveria estar salvando vidas, mas encontra-se em um almoxarifado empoeirado.

Por fim, vale ressaltar que o valor gasto com o “Pet-Scan” foi o mesmo que o governo do Pará destinou para a compra de um “equipamento de espionagem”, no valor de 6 milhões de reais, apreendido pela Polícia Federal (PF), em uma de suas “batidas” realizada no primeiro mandato do governador Helder Barbalho que se auto intitulou o “rei do norte”. Enquanto isso, o Índice de Desenvolvimento da Educação Brasileira (Ideb) de 2021 do continuou fazendo parte do grupo que compõe o final do ranking do IDEB. (Portal Debate, com Blog Diógenes Brandão)

Quadra da Escola Liberdade em Marabá – Foto: Reprodução

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